Elevador

19 5 10
                                    

Entro no elevador e aperto o botão de número um. Apesar de todo o esforço, meus olhos passam rapidamente pelos números e a minha cabeça percebe que são muitos entre o primeiro e o décimo terceiro andar.

Por que precisavam construir prédios tão altos?!

A questão é que eu tenho medo de altura... E de elevador! Na verdade, eu nem sei se o meu medo é esse! Porque o real motivo de eu ficar tensa dentro de um elevador ou em um andar alto é o medo de cair! Sendo assim, não sei se a minha fobia é de cair, de altura, de elevador ou de tudo junto!

Enfim, sou muito sedentária para aguentar subir ou descer treze lances de escada, então aqui estou eu, vendo as portas fecharem enquanto torço para chegar logo no térreo. Mas não muito rápido, afinal, se for tão rápido assim, significa que ele estará caindo e não descendo. Sacudo a cabeça para não pensar e só peço para o elevador levar o tempo necessário para fazer o percurso dele.

Quando as portas estão quase fechando, um cara vem correndo na direção e aperta o botão que chama o elevador. As portas travam por um momento e logo começam a fazer o caminho inverso para abrirem novamente. Ele entra com a cabeça baixada e coberta pelo capuz do casaco. Aperta o botão de número um, que já estava aceso em vermelho, e encosta na lateral do elevador. Chego mais próximo ao lado oposto ao que ele estava e as portas finalmente se fecham.

Começo a olhar para o visor quando estamos passando pelo quinto andar. Vejo o quatro, o três, o dois e...

Tudo fica escuro.

Não era para estar escuro.

Era para ter o número um no visor e, em seguida, as portas se abrirem.

Endireito o meu corpo e presto atenção em um detalhe não muito bom...

O elevador está parado?!

Por que ele parou, mas a porta não abriu?

E por que está tudo escuro?

Minha cabeça está girando, talvez por eu não querer compreender e aceitar o fato que estava BEM claro: eu estava presa dentro do elevador!

- Ai, não! - Murmuro baixo.

- Falou comigo? - O cara que estava preso comigo me pergunta. Só então eu me dou conta de que não estava sozinha. Era menos pior! Ou será que não?!

- Não, não, não, não... - Continuo repetindo para ver se me acalmo.

- Ok! Não precisa repetir tanto, já entendi!

- E agora?! - Pergunto para o nada, na verdade, e sinto o elevador se mexer quando ele dá dois passos para a frente. - O que você tá fazendo? - Pergunto em um tom razoavelmente estridente.

- Chamando ajuda!

- E você precisa ficar balançando o elevador para fazer isso?! - Não escondo a irritação em minha voz.

- Eu não tô balançando o elevador!

- Está sim!

- Você tá louca? Eu só andei! - Ele também parecia estar incomodado.

- E para que você quer andar aqui dentro?!

- Porque eu preciso chegar no interfone para falar com alguém!

- Ah... - Murmuro sem graça.

- Oi, estamos presos no elevador! - Ele fala assim que um homem atende no segundo toque e a voz ecoa por todo o cubículo onde estamos presos.

Ouço o homem explicar que tinha faltado luz devido a forte ventania que estava do lado de fora e que, por algum motivo, o gerador não estava funcionando. Ele pergunta quantas pessoas tem dentro do elevador e, em seguida a resposta de que eram duas pessoas, perguntou se fazíamos ideia de qual andar o elevador estava.

E agora?!Onde histórias criam vida. Descubra agora