02. Amigos de Infância

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CAPÍTULO DOIS:✿

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CAPÍTULO DOIS:
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Amigos de Infância

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FORKS, 2006.

ㅤㅤ A jornada de Perséfone desde seu nascimento foi marcada por uma série de desafios e desordens. Ela veio ao mundo sem ser uma criança desejada pelo seu pai, contudo, isso jamais abalou a sua determinação. Desde os primeiros passos, a ruiva agitada junto de seu irmão, preenchiam a casa com um sorriso desdentado, mas por trás da aparência frágil de uma criança, residia um vazio inquietante, uma sensação de que algo fundamental lhe faltava. Esta angústia, ainda que incompreensível para sua tenra idade, pesava sobre seus ombros como uma carga insuportável, fazendo-a questionar se não estava sendo injusta com tudo que possuía.

Perséfone não era uma criança solitária, pois contava com a presença constante de seu irmão, assim como com todas as comodidades materiais que uma infância poderia oferecer. Teve suas bonecas tão sonhadas, criou narrativas fabulosas e protagonizou romances clichês com elas. Ganhou a tão esperada bicicleta rosa, com a qual sorriu durante semanas após recebê-la na suntuosa sala decorada para o Natal. No entanto, apesar de todos esses confortos materiais, a ausência paterna era uma lacuna que nem mesmo os presentes mais luxuosos poderiam preencher.

Seu pai, imerso em suas próprias ocupações, nunca encontrou tempo para dar aos filhos a atenção que eles mereciam, deixando-os aos cuidados de tios que tentavam desempenhar o papel de figura paterna. Sua mãe, embora amorosa, também estava limitada em sua capacidade de oferecer o afeto que faltava na vida de Perséfone. Nos dias atuais, ela faz o mínimo pelos filhos, não por desleixo, mas pela confiança na força que eles têm juntos para superar as adversidades.

Na atmosfera gélida de Londres, a ruiva se encontrava mais uma vez, seus olhos piscando em busca de compreensão diante da cena que se desenrolava à sua volta. Um sentimento de melancolia envolvia seu coração, enquanto o ambiente opressivo parecia esmagá-la sob seu peso. O único som perceptível era o sussurro das folhas das árvores, agitadas pelo vento impetuoso que cortava o ar.

Diante dela, erguia-se imponente uma árvore centenária, um monumento à passagem do tempo. Permanecia firme e inabalável, como testemunha silenciosa das eras que se sucediam. A luz do sol, filtrada entre os galhos, lançava pequenos feixes de luz sobre o tronco envelhecido, revelando de forma sutil os nomes gravados ali. Entre as fissuras da casca, pode-se discernir o nome da ruiva e o de seu irmão, inscritos com delicadeza e discrição, como se fossem segredos compartilhados apenas com a natureza.

"Perséfone e Henrik" ─ murmurou ela, seus olhos capturando com destreza o contorno do coração entalhado na madeira, logo abaixo da inscrição. A caligrafia, ainda que imperfeita e infantil, revelava a simplicidade de apenas duas crianças compartilhando um momento fugaz de ternura. Um pequeno balanço, agora desgastado pelo tempo, pendia solitário do tronco da árvore. Uma criação do tio, talvez uma tentativa de preencher o vazio deixado pela ausência paterna. Impulsionado pela força do vento, o balanço oscilava silenciosamente, como se ecoasse a nostalgia de tempos passados.

𝐈𝐧𝐜𝐮𝐫𝐚𝐛𝐥𝐞 𝐒𝐜𝐚𝐫𝐬  ─  𝐉𝐚𝐜𝐨𝐛 𝐁𝐥𝐚𝐜𝐤Onde histórias criam vida. Descubra agora