Parte 2

5 0 0
                                    

6h, 6:30h, 12h, 12:0h5, 15h, 15:05h, 18h...

Antes, ela nunca se questionara o porquê de o alarme tocar sempre no mesmo horário para despertá-la, para que começasse a trabalhar e para ir para a cama, e o porquê daqueles intervalos de 5 minutos de duração sempre às 12 e às 15 para tomar café com pão de queijo enquanto olhava para o nada. Por que sempre aqueles horários e aquela comida? Como estava sempre em frente ao computador e não sentia dor nas costas nem nos olhos? Não via nem ouvia ninguém, onde estariam todos? E a que se referiam aqueles números que calculava incessantemente? E aquela bolha?

Agitá-la nos primeiros dias lhe trouxe um frenesi, ouvir o som daquele sorriso tão familiar, e tão... não identificado! Ela tinha imagens de outros locais, outras consciências, outras situações, outros sabores, mas... Será que de fato lembrava ou seria um defeito na programação? As imagens e sensações que a fizeram chorar de alegria agora lhe inspiravam desespero por não saber o que era real ou não.

Era 14:55, trabalhava angustiada quando lembrou que costumava relaxar atirando uma esfera macia contra a parede, esta rolava de volta e ela a atirava de novo. A bolha era esférica, devia funcionar. Atirou-a displicentemente contra um dos cantos da unidade. Ela voltou sorrindo. Funcionava! Continuou trabalhando e atirando a bolha, até que o alarme soou.

Ela levantou-se, pegou a xícara com café e pôs a bolha sobre a pia. A esfera deslizou sorridente até o canto, houve um brilho, o canto deformou-se ligeiramente e, em seguida, voltou ao normal. Foi tudo muito sutil, mas ela notou. Intrigada, pegou a esfera e a lançou levemente contra aquele canto: o efeito se repetiu. Maravilhada, soltou uma risada forte e o canto deformou-se inteiro por um instante. Espantoso! Enquanto a bolha fazia o trajeto novamente, o alarme de 15:05 soou. Nada aconteceu desta vez.

Seja lá de onde veio, esta bolha é muito resistente pois passei a tarde inteira atirando-a contra aquele canto e ela não está danificada. Por três vezes, a geometria daquele ponto foi perturbada, mas depois não se repetiu mais. Este item parece ser a chave para sair daqui. Só preciso compreender como utilizá-lo.

A BolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora