Capítulo 2

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Estou deitada nessa cama há exatas duas horas e esses bichos insuportáveis não calam o bico, e eu juro, já tentei expulsa-los de toda forma humanamente possível. Porque mesmo eu decidi vir pra esse lugar? Ah sim pra trabalhar que nem um servo, porque é isso que fazem com os novatos, e para dormir ouvindo esse belo som de pombos. Meu estômago  começa a produzir aqueles sons familiares de quem eatá prestes a corroer a si própio por falta do que comer, me vejo obrigada a abandonar meu novos amigos barulhentos e ir em busca de uma refeição decente, fiquei tão focada em poder tomar banho que me esqueci completamente que a última coisa a ser digerida foi aquele mísero sanduíche de presunto e queijo. 

Abro minha mala exageradamente grande e a única coisa que consigo tirar dali sem que ela exploda e vire uma chuva de roupas pelo quarto é um vestido, aquele pedaço de tecido tão antigo quanto essa caixa de madeira que chamam de pousada, porém, assim como esse lugar, ele carrega histórias. Esse belo e colorido vestido foi o último presente que meu pai deu minha mãe, e ela o deu pra mim como uma espécie de relíquia. Aproveito que passei uma maquiagem leve depois do banho me visto com certa pressa porque não quero perder parte do meu estômago, pego minha bolsa e saio dali o mais rápido que posso, as economias que fiz na confeitaria vão salvar meu lindo tecido interno.

Percebo que a escuridão já começa a tomar conta lá fora, e logo do outro lado da rua avisto luzes piscando em um bar restaurante, nunca me senti tão grata na vida. Caminho até lá e me sento a beira do balcão.

- Meu Deus acho que vou morrer de fome.

-Não seja por isso - Aparece um senhor de trás do balcão segurando um cardápio enorme, eu o agradeço bastante mentalmente enquanto analiso o cardápio.

Assim que chega eu devoro tão rápido as pobres batatas que até eu me assusto, espero que seja o suficiente pra manter meu estômago intacto. Agora consigo observar com calma a rua lá fora e os comércios amontoados disputando a crientela, observo a quantidade absurda de bares e boates que existem em uma única rua, será que isso é mesmo necessário, será que apenas um não iria suprir a necessidade alcóolica dessa população? Minha pergunta é respondida quando reparo na quantidade exagerada de pessoas assentadas no bar a frente, concerteza não.

De volta a esse quarto terrível, porém quando abro a porta tenho uma surpresa, tem uma caixinha super linda da minha marca favorita, é um lançamento, e aquela senhora mal humorada deve a decência de deixar na minha cama. Eu compro todos e sempre classifico eles no meu blog, seria engraçado se o Harry meu exelentissímo padrasto de merda descobrisse que dou nota para vibradores, eu pagaria pra ver, talvez assim ele desse o fora da minha vida de uma vez. Como uma boa cliente, é claro que eu não deixaria de testar essa belezinha. Abro a caixa com cuidado e tomo um susto.

-Puta merda isso é lindo -Tiro da caixa a lingerie feita em um vermelho perfeito e coloco no corpo, ela faz você se sentir umas duzentas vezes mais confiante, como se você pudesse conquistar qualquer coisa, como se todas as pessoas da cidade estivessem caindo aos seus pés, ela veste perfeitamente por cada curva do meu corpo e desliza como se fosse sob medida, como se cada centímetro fosse calculado. Tiro a peça bonita e delicada guardando-a de volta na caixa e me deito na cama com meu pijama confortável e nada delicado. Abro meu twitter e anoto:

TheElly: Lingerie em um vermelho perfeito= nota 10/10 fica perfeita demais no corpo

Ouço meu celular vibrar, um novo capítulo publicado da minha história favorita, eu costumo ler muitas livros, mas esse autor consegue descrever as cenas como ninguém faz, é como se ele realmente vivesse cada pedaço das histórias e das noites malucas, cada sexo maravilhoso e cada passo do personagem. Eu sempre me imagino dentro de suas histórias,  eu daria tudo pra que seu personagem se tornasse real e fizesse comigo tudo aquilo que faz com as garotas de Nova York, pobres garotas, sempre tão inocentes, eu sinto falta de histórias de garotas como eu, porque homens assim merecem ser provocados na mesma altura, eu duvido que seriam tão controladores e corajosos. 

Devo confessar que sou meio obcecada por esse autor, ele nunca assina com seu própio nome, mas seus livros físicos são publicados pela editora Médice, a mesma na qual vou fazer a entrevista amanhã, tenho certeza que se o visse passando pelos corredores, mesmo sem saber sua identidade eu saberia quem ele é apenas pelo jeito de andar.







Meu escritor- EllyOnde histórias criam vida. Descubra agora