A Rumor About a Queen

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A grande porta de metal dupla se aproximava mais a cada passo dado, uma sensação de ansiedade, além da adrenalina culposa gerada simplesmente por estar em um lugar tão perigoso quanto aquele, se apossou de seu peito por um momento, e tudo que ele pôde fazer então foi seguir Pah-Chin em silêncio como se fosse um cachorrinho bonzinho.

- São duas regras fáceis de lembrar, certo? A segunda é especialmente difícil de ser quebrada, afinal, a maior parte dos membros nem chegam a conhecer a rainha, já que ela não participa dos recrutamentos – Pah-Chin sorriu por cima dos ombros ao inclinar a cabeça para observa-los – O que é uma salvação para nós, Mikey e Izana são duas merdinhas superprotetoras, mais gente conhecendo o Take só significaria mais mortos pra gente ter que se livrar.

- Heh, Takemitchy é um anjo na maior parte do tempo, ele tem todas as elites de Bonten em seus pés e não é por causa de sua posição, mas porque todos gostam muito dele – Peh-Yan murmurou ao lado de Pah-Chin, sua voz estava seca e sua expressão não denunciava emoção, mas mesmo assim Kiyomasa achou ter conseguido ver por um único segundo um brilho de afetuosidade cruzando seu olhar – Mas, ele vira um demônio completo quando está com raiva.

- Ah sim, e ele é especialmente sensível com crianças, sabe? Até me admira ele não ter vindo mais cedo com a história de adotar uma – Pah-Chin resmungou com um grunhido baixo de diversão – Algumas semanas atrás tivemos uma tentativa de aliança com o dono de uma linha de bordéis em Hokkaido, mas cara, aquilo foi um desastre completo.

- Michi descobriu que uma das fontes de dinheiro deles era tráfico infantil, e disse para os reis que ele não falaria com eles até que eles dessem um jeito naquilo – Peh-Yan continuou com orgulho – Duas horas depois Bonten tinha resgatado as crianças e as mulheres que trabalhavam lá, incendiado cada um dos bordéis e declarado guerra contra qualquer um que os apoiasse. Três horas depois o dono foi morto pelas próprias mãos de Izana, e então, não demorou para eles caírem de vez.

Kiyomasa ouviu a história com olhos arregalados, o que poderia significar, para qualquer um que observasse a situação como um todo, surpresa em relação ao poder que Bonten tinha, a facilidade com que eles podiam destruir vidas e reduzir esforços alheios a uma simples pilha de cinzas no chão. No entanto, o que de fato havia chamado sua atenção não era aquilo, não era nem mesmo perto.

E infelizmente para si, sua boca se abriu ainda antes que ele pudesse perceber:

- A rainha de Bonten é um homem? – Ele não conteve o tom de asco picando as bordas de sua voz. Já era ruim o suficiente que Bonten tivesse dois chefes que não mandavam nem na própria mulher, agora, descobrir que nem mesmo era uma mulher de verdade era simplesmente o auge.

Ele teria muito trabalho a fazer naquela gangue quando conseguisse entrar em uma posição de prestígio de no mínimo vice-comandante, e a primeira delas seria com certeza fazer com que aquela organização parasse de ser tão bagunçada; era uma pena que o homem não tinha espaço em sua utopia, não era nada pessoal, mas enquanto Mikey e Izana ainda eram úteis, a tal “rainha” simplesmente não era.

No entanto, por maiores e mais lógicos que fossem seus planos futuros, Kiyomasa tinha que confessar que ter tornado seu desagrado tão óbvio no meio de uma gangue onde ele nem mesmo fazia parte, não havia sido a melhor de suas escolhas.

O olhar  de Pah-Chin gelou ao mesmo tempo que seu passo diminuiu de velocidade até quase parar, uma veia saltada de irritação pura e crua brilhou na testa de Peh-Yan, e os outros dois homens com eles o encararam com uma mistura estranha de medo e admiração.

- É claro, o que você achou que fosse? Rainha é um apelido idiota que Sanzu deu a ele porque achou engraçado – Sua voz estava ácida, e por um único segundo Kiyomasa quase pôde sentir a atmosfera esfriando a seu redor – Porque? Algum problema?

Who Got The Power?Onde histórias criam vida. Descubra agora