Flip-Flop - Day 6

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Aviso: Os gêneros de todos foram trocados


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Quando Hinata olhava para o passado — para o dia perdido no tempo entre alguns poucos anos atrás, mas que na verdade pareciam se tratar de uma vida desde aquele momento — ele nunca podia se impedir de se perguntar como exatamente era que sua vida havia virado a bagunça que virou entre ter que continuar sendo um bom filho, um bom aluno, um bom amigo, e por mais surpreendente que seja, um bom gangster, apesar dele não estar oficialmente intitulado como membro de nenhuma gangue.

Era uma daquelas perguntas retóricas, ele sabia, como perguntar para alguém que está chorando se ele está bem, ou pedir para uma pessoa repetir o que disse mesmo com você tendo entendido bem, mas mesmo assim querendo ter apenas a certeza: você saberia a resposta. Não, a pessoa que está chorando não estava bem. Não, a pessoa não precisava ter repetido o que ela disse. E não, Hinata Tachibana não era tão alheio ao ponto de não poder dizer exatamente nomes, lugares, e datas para quando sua vida começou a virar a roda-gigante de emoções que ele estava agora.

Foi no dia que aquela garota o salvou, aquela menina com cabelos pretos fofos que deveria ter mais ou menos a sua idade, mas uma infinidade a mais de determinação queimando naqueles olhos azuis brilhantes enquanto se colocava protetoramente em frente a ele mesmo e a Kisaki ao defende-los de um grupo de delinquentes mais velhos.

Certo, no final não havia mudado muita coisa, visto que poucos minutos depois da chegada da garota, as duas irmãs mais velhas dela chegaram, derrubando o grupo de delinquentes pelo chão com uma facilidade que era quase como se eles fossem simples bonecas de pano ao invés de pessoas de verdade. O que tecnicamente transformava mais as duas em suas salvadoras do que a garota em si.

Mas, mesmo assim, Hinata achava que ele nunca deixaria de considerar aquela garota como sua verdadeira salvadora. Havia algo apenas tão... Etéreo nela, seus braços estendidos para tentar bloquear o máximo possível a passagem, seus cabelos rebeldes como se não vissem uma escova a dias, seus olhos endurecidos em uma careta destinada a ser intimidante — para Hinata parecia apenas adorável, mas ele não sabia para os delinquentes — até mesmo a toalha vermelha brilhante presa como uma capa em suas costas, tudo devidamente posicionado em uma situação que fazia com que Hinata olhasse para a garota como se ela fosse o epítome da coragem no mundo.

Se ele fosse honesto consigo mesmo, foi naquele dia em que ele descobriu duas coisas: a primeira, que ele não poderia se acovardar diante do menor dos obstáculos. Já a segunda, bem, era que ele precisava fazer amizade com aquela garota, independente do fato de que as duas irmãs mais velhas dela pareciam ter recém saído de uma aula particular de artes marciais com a porra do Chuck Norris como professor.

- Qual é o seu nome? – Ele se lembrava de ter perguntado quando a garota veio verificar se ele e Kisaki, sua amiga de infância, estavam bem. A garota sorriu um sorriso cegante, seus dentinhos ligeiramente tortos brilhando entre seus lábios – Haitani Takemichi.

E então, depois de duas palavrinhas tão simples quanto um nome, sua amizade havia começado. Como um bônus não tão desejável, mas mesmo assim presente, é claro, com a amizade da garota, também veio o mundo da gangue que suas duas irmãs mais velhas faziam parte, a famigerada Yokohama Tenjiku.

Certo, talvez não tenha sido apenas Tenjiku quem ele atraiu fazendo amizade com Takemichi, afinal, a garota também era amiga das líderes tanto da Tokyo Manji, quanto também da Black Dragons — mesmo que ele não entendesse direito como foi que três irmãs acabaram ganhando os títulos de líderes de três das maiores, se não as maiores, gangues de Tokyo — mas, afinal, ele não podia dizer que estava infeliz com aquele pequeno efeito colateral.

Do Me MaitakeOnde histórias criam vida. Descubra agora