3 - "Espaço Infinito"

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Na primeira semana estava sendo difícil fingir não me sentir afetada pela minha jovem aluna. Allyson me provocava sempre que podia e eu passei a questionar a sua sexualidade. Mas me convenci que era apenas a maneira que ela achou para chamar a minha atenção.

Na manhã de quarta-feira, assistimos uma missa, como sempre, e como sempre Dinah, ria, mas dessa vez ela tinha a companhia de Allyson. Elas eram do mesmo dormitório, juntamente de Jane, uma excelente aluna, que apesar de ser muito tímida, está sempre participando de minhas aulas.

Confesso que no sermão de quarta, até eu ri, com as escolhas de palavras usadas pelo padre.

Hoje era a última aula da semana e eu poderia ir passar o fim de semana na casa de praia que tenho aqui por perto. São os únicos dias que tenho para ficar só e relaxar.

Enquanto ajeito minhas coisas na mesa, vejo as meninas começarem a entrar na sala de aula.

- Bom dia meninas. - Cumprimento recebendo algumas respostas e algumas até perguntam se eu estou bem.

Depois de um rápido diálogo, estou pronta para começar a dar a minha aula. Ajeito meu óculos de grau no rosto e pego o meu livro de poesias.

- Agora você sente como se não apega a nada. Sua grande concha alcança o espaço infinito e lá os fluídos espessos sobem e fluem. - Caminho pelos corredores. - Iluminados em uma paz infinita, um bilhão de estrelas giram na noite. Brilhando, no alto, sobre a sua cabeça. Mas em você esta a presença que será, quando todas as estrelas estiverem morta. - Assim que finalizo o poema, volto para a minha mesa. A sala está um completo silêncio, o que raramente acontece. - Quando Rilke diz: "Sua grande concha alcança o espaço infinito e lá os fluídos espessos sobem e fluem", sobre o que ele está falando? - Silêncio. Cruzo as mãos em cima da mesa e observo todas. Alguns rostos não demostram nenhuma reação e para a minha surpresa, Allyson levanta seu lápis, pedindo para falar. - Diga, Brooke.

- Acho que está falando sobre sexo. - Diz a loira, fazendo as amigas rirem.

- O que a faz pensar assim?

- "Sua grande concha..." Parece uma metáfora para o corpo com um orgasmo. "Espaço infinito" poderia representar infinitas possibilidades do clímax. - E mais risadas são ouvidas diante de sua explicação. - E "fluidos espessos", bem, isso é meio óbvio. - Não sei porquê, mas eu não estou nem um pouco surpresa com a sua explicação... Retiro o meu óculos e esfrego os meus olhos, sem um pingo de maquiagem. - Acho que Rilke está querendo dizer que sexo e amor podem fundir-se. - Brooke morde a ponta de seu lápis de uma maneira muito sexy, após finalizar a sua conclusão.

O sinal toca logo em seguida, as meninas começam a sair e antes que Allyson saia, peço que a mesma fique para uma conversa.

Essa garota só pode estar querendo atenção, pois não há outra explicação para tal ato.

- Srta. Brooke, eu respeito a opinião de minhas alunas, mas você está fazendo isso para me tirar do sério.

Me levanto e caminho até a frente de minha mesa, onde me encosto. Allyson fica de frente comigo e me observa em silêncio.

- E por quê eu faria isso? - Suas sobrancelhas se levantam.

- Para chamar a atenção. - Digo. Sinto-me perder o ar quando a loira se aproxima ainda mais, o seu cheiro invade minhas narinas.

- Talvez eu só esteja intrigada.

- Intrigada com o quê? - Cruzo os braços.

Meu corpo fica tenso, mas tento não demonstrar reação alguma.

- Com você!

- Gostaria que você fizesse comentários mais apropriados em minha sala. - Digo firme.

Com um sorriso maroto no rosto, Allyson Brooke sai de minha sala e eu finalmente posso voltar a respirar.

Loving Allyson | Alren VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora