Não há como escapar do destino

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Six feet under - Billie Eilish 🎶🎶🎶🎶

Pontual, como sempre tinha sido Alis abriu a porta para acordar sua senhora, a fim de chama-la para tomar o pequeno almoço ao lado de seu Grão-Senhor, que parecia um vulcão prestes a entrar em erupção. Mas dessa vez por causa de sua pressa não houve batidas na porta para avisá-la de sua chegada. Por isso não compreendeu que este tinha sido seu maior erro naquela bela manhã.

A adaga tinha sido disparada contra seu peito com uma precisão absurda, que beirava aos instintos feéricos. Tão rápido que não pôde desviar.

— O que foi que eu fiz? — Elain pulou da cama se jogando de joelhos no chão. Com as mãos trêmulas tentou pressionar a ferida no peito de Alis, mas tinha sido feita por uma adaga de freixo lançada contra seu coração. Era impossível que se curasse.

— Meus meninos. — Alis olhou para a garota em sua frente, perdida em seus próprios derradeiros momentos. Seus olhos desanuviando enquanto seu sangue manchava o carpete abaixo de seu corpo robusto.

— Perdoe-me, eu só... — Elain começou a dizer, mas parou logo em seguida olhando para o estado em que a feérica estava.

Palavras vazias não mudariam nada.

— Desculpe Alis. Eu lamento por não poder salvá-la. Mas eu prometo que seus sobrinhos ficaram em segurança enquanto eu viver. — disse Elain em um murmúrio lamentoso enquanto enfiava a adaga de freixo com mais força no coração de Alis para poupá-la de mais sofrimento.

Erguendo o rosto, começou a limpar as lágrimas salgadas que manchavam sua pele. O sangue quente tinha a entorpecido enquanto olhava para a entrada como se estivesse esperando por algo ou alguém.

Lucien ouviu o choro de Elain, e saiu correndo para entrar pela porta de seu quarto, mas a visão o fez ficar repentinamente pálido e petrificado, ao ver o cadáver de Alis estirado ao chão em uma possa de sangue, com a pequena Nádia apoiada com a cabeça em seu peito, chorando de forma estrondosa.

— Maldição! — praguejou Lucien, sentando se ao chão, ao sentir suas forças se esvaírem.

Não precisava ser um gênio para compreender a cena que se desenrolara-se em sua frente. Nádia havia matado Alis sem ser provocada, e agora se encaixava perfeitamente como a salvadora que tanto esperavam durantes as últimas quatro décadas. Graças as emaranhadas teias do destino, ela era única, e exclusivamente de seu melhor amigo e senhor, Tamlin.

Elain virou-se para Lucien com um olhar exasperado.

— Por favor, não conte para ele...

— Contar o que? — Tamlin surgiu parado no batente. Sua figura gélida fazendo sombra para Lucien e Andras.

— Foi um acidente. — Elain murmurou mais para si mesma. Agora a magia exigiria que ela fosse à quebradora da maldição.

— É claro que foi. — Ele pareceu ponderar por um instante antes de se ajoelhar ao lado dela. — Minha querida Nádia, você entende que a única forma que tenho para protegê-la é se casando comigo? Para evitar que os parentes de Alis peçam a sua cabeça em troca? — perguntou Tamlin, segurando de forma gentil as mãos cheias de sangue de sua amada.

— Sim. — disse Elain, mas por algum motivo oculto seus olhos estavam fixos em Lucien, que a olhou desamparado.

— Você está bem? — Lucien perguntou baixinho, tentando se aproximar de sua amiga, mas um rosnado baixo de Tamlin o fez parar de imediato.

Elain esboçou um fraco sorriso, cansada.

— Vou ficar. Não se preocupe comigo. Tudo agora vai seguir o caminho que sempre deveria ter seguido...

Corte das Doces Ilusões [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora