O tempo traz grandes mudanças

25 5 0
                                    


Lucien abriu os olhos lentamente, sua consciência despertando aos poucos. Seus sentidos foram invadidos pela fragrância agradável que vinha das videiras floridas do lado de fora da janela do quarto. O outro lado da cama estava vazio, o que indicava que sua esposa já havia levantado há horas.

— Mas onde é que? — Antes que pudesse perceber seu corpo foi esmagado por um corpo pequeno e magro.

— Papai, papai, a mamãe pediu para acorda-lo. — falou o garotinho. Piscando seus olhos de forma encantadora.

Os cabelos ruivos e encaracolados caiam sobre a linha da testa do menino, não mais velho que seis ou sete anos de idade. Seus olhos se estreitaram em felicidade ao olhar para o rostinho familiar de seu primogênito
Hyacinth, e um sorriso inconsciente torceu em seus lábios.

O coração de Lucien errou uma batida ao pensar em quem seria a mãe da pequena criança em seus braços. Será que...

Durante a discussão com a pequena criança, Lucien observou que havia memórias que não pertencia à ele — esta não é a Corte Primaveril, mas a Corte Diurna. A corte de seu pai biológico Hélion, esta era uma verdade que na maior parte do tempo, Lucien sempre forçava-se a esquecer, pois o Grão-Senhor diurno o quisesse, não teria abandonado sua mãe grávida para apanhar do marido traído.

No entanto, Lucien tinha coisas mais importantes para se preocupar, por exemplo, com o fato de que a poucos passos, próximo da porta havia uma mulher parada o observando. Erguendo-se da cama, ele lançou um olhar aturdido na direção da jovem mulher que o encarava. Era impossível, e, no entanto, era Jesminda quem estava em pé em sua frente.

A figura alta, vestida com uma túnica púrpura, caminhou em direção a Lucien, sorrindo de forma agradável ao reparar na expressão ansiosa de seu marido.

— Bom dia, meu amor. Há algo errado? — perguntou Jesminda. Seus olhos vividos e bonitos se fixaram nos olhos de Lucien.

Tudo estava errado! Era o que o feérico queria gritar. Lucien estava com uma dor de cabeça absurda que embaçava sua visão, por isso estendeu a mão para tentar se apoiar na parede, mas seus pés falharam ao mudar o passo. Seu corpo foi instantaneamente segurado por Jesminda, que o fez se sentar novamente na cama.

— E-Eu vou pegar um copo de d'agua. — murmurou Jesminda, com os olhos fez um sinal silencioso para que a criança a acompanhasse.

As sobrancelhas de Lucien se ergueram ao ver por onde Jesminda havia passado, foi de repente, um brilho fosco pareceu se infiltrar, e no lugar de sua amada não-morta estava uma criatura horrenda descrita em canções cantadas na beira de fogueiras. Monstros metamorfos que tomavam a aparência de pessoas conhecidas, e se infiltravam na vida de grandes líderes, destruindo cortes inteiras por dentro.

Lucien contraiu os lábios ao olhar para a porta vazia. Não esperou pela volta de Jesminda, pois algo em seus sentidos disse-lhe para fugir o mais rápido possível daquele quarto.

— Preciso sair daqui agora mesmo. — falou Lucien, em um tom quase murmurante, assim que terminou se arrumar.

Mal sua mão trêmula havia parado no batente, quando seu corpo colidiu com outro, muito menor, e bem mais vestido que o seu. Seus braços automaticamente se enroscaram envolta da pessoa para impedi-la de cair.

Lucien sentiu a dor aguda e bruta diretamente em seu peito. Inclinando sua cabeça para baixo, seus foram em direção a figura mais baixa, era um rosto muito conhecido, que o deixou momentaneamente desconcertado.

Corte das Doces Ilusões [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora