Conto das Almas

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Haru reagiu bem. A garota olhou pra ele com carinho e disse: tudo bem, notei como olha pra ele e como age perto dele.

Parecia que ela não tinha ficado triste, mas em seu olhos encontrou desilusão e mágoa, fato que afetou Legoshi porém que lhe deu mais determinação. Não poderia esquecer o que tinha acontecido naquele último ensaio. Ele já tinha aceitado e reafirmado em sua cabeça várias e várias vezes ao voltar para o dormitório com os pertence esquecidos de Louis. Ele o amava, sente que faria de tudo pra não perde-lo e, caso seu parceiro se distanciasse, se mataria para não faze-lo sofrer com a separação de sua alma. Pois só assim Louis viveria em paz, sem sofrimento.

Escuta o barulho da chave na porta do quarto e se ajeita afobado na cama, queria conversar com Louis a respeito do ocorrido.

-Ah... você trouxe as minhas coisas.

O moreno diz trancando a porta e andando até seu leito com os pertences em cima, se certificando que nada estava faltando. Ele tinha trocado a roupa e estava com o terno verde.

-Hum...Louis-

-Você fechou o clube, neh?

O menor interrompe sem dar-lhe atenção, apenas dando importância para sua mala cheia de papéis sobre o teatro. Infelizmente, Legoshi entendeu que não deveria tocar no assunto e que seu colega não se importava, portanto deveria ir devagar.

-Sim, peguei a sua chave na bolsa.

Retruca e o presidente assente, logo direitando a coluna e olhando fixamente pra parede, de costas pro grande amigo aflito enquanto tirava a parte verde do terno. Deveriam dialogar.

-Bem...

Diz soltando um suspiro no fim da frase e caminhando em direção do acinzentado, sentando-se lado a lado e afligindo mais ainda Legoshi, na qual não entendia aquela ação inusitada.

-Andei pensando e percebi que não te agradeci por ter me ajudado com a dança.

O mais alto cerrou os punhos e olhou fixamente pro chão a sua frente, se dependesse dele, nunca pediria nada em troca, mas muitas vezes o amor é egoísta e chantageador, tão autocentrado que se tornava assustador pra aquele estudante que começava a entender seus sentimentos carregados.

Queria algo de Louis em troca.

-M-me ensina a...beijar.

Seu presidente arregala os olhos ao ver o olhar desviado do maior e suas bochechas rosadas. Como podia ter tanta ousadia.

Mesmo assim, o moreno fecha os olhos e reflete naquele pedido, pensando e pensando se deveria ajudar Legoshi com aquilo. Ele não desejava beija-lo, horas atrás foi passado e somente uma emoção de momento, mas e se ele queria escapar da verdade? Louis odiava fugir do que temia, sempre quis encarar seus problemas de frente e mostrar a todos que ter uma Alma herbívora não o faria fraco.

Contudo, por que Legoshi queria aquilo? Obviamente ele gostava dele, não era burro o suficiente pra não ter percebido a àquela altura do campeonato, porém e se tudo o que o grisalho fazia era por conta das almas vinculadas? Não era um sentimento verdadeiro, era só o destino fazendo eles ficarem juntos e obrigando-os a terem sentimentos de amor.

Solta um suspiro e concluí que deveria provar ao maior que havia tido um erro no enredo de suas histórias. Legoshi só achava que gostava dele, mas não gostava.

-Okay.

Sem que mandasse ou permitisse, o grisalho conduz sua mão á nuca do colega e aproxima moderadamente ambas as bocas, como se não tivesse paciência mas também não quisesse assustar o moreno. Louis se surpreendeu com a audácia primeiramente, porém quando tocou os lábios frios e macios do maior, sentiu algo em sua barriga esbrasear e seu coração reverberar de paixão, queria mais e por isso abriu a boca para que Legoshi entrasse e assim foi entendido, visto que não precisavam de palavras mas somente corações compatíveis.

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