P.O.V. Maria Eduarda
Depois de tanto esperar finalmente posso ir para casa. Não sei mais o que pensar, se realmente foi uma boa decisão abrir mão do meu futuro em prol de outra pessoa.
Mentira, sei sim.
Foi a melhor coisa que eu poderia fazer, pois jamais conseguiria dormir tranquila caso tivesse escolhido outro caminho, como disse a minha própria irmã.
Junto minhas roupas na mala velha e chego a rodoviária quase em cima da hora para pegar o ônibus.
Estou voltando com misto de sensações, um alívio por saber o que fiz o que era certo e decepção por ter que adiar o meu sonho de ser alguém na vida e, principalmente, de mostrar para aquelas pessoas que me humilharam que sou capaz de ir longe.
Segundo o pessoal do hospital, terei que voltar novamente daqui a quinze dias mais ou menos para o transplante, ou seja, mais uma vez vou precisar de dinheiro emprestado da Maria e do Rogério.
Sei que estão tirando de onde não têm, ou melhor, de onde tem e não deveriam tirar. Eles fizeram uma poupança em nome das filhas para quando as meninas estiverem maiores e precisarem estudar.
Prometo para mim mesma que vai ser a primeira dívida que pagarei assim que tiver melhores condições.
— Menina, que cara é essa? Você tá péssima! Até emagreceu...
Maria fala assim que abri a porta da casa. Corro para seus braços e me sinto confortável. Ela realmente é a minha segunda mãe.
— Que nada Maria, é impressão sua. Estou ótima.
— Ótima nada, você tá péssima sim. O que aconteceu?
A conto tudo enquanto tirava as roupas da mala e levava para área de lavar.
Detalhei a minha saga em São Paulo, escondendo a parte em que quase passei fome, claro. Ela ao mesmo tempo ria e chorava, pois sabia que eu estava colocando em risco o meu futuro.
Me parabenizou pela sábia decisão e eu sorri dizendo que na verdade ela mesmo já havia dito para que eu fizesse isso.
— Eu falei, mas daí você fazer é outra história.
Quando as meninas chegam da aula vêm correndo ao meu encontro e me abraçam apertado.
Desde que elas nasceram, eu nunca fiquei mais de três dias longe delas. Às vezes sinto como se fossem minhas filhas.
— Tia finalmente você voltou! Nossa, achei que ia ficar por lá.
A caçula fala fazendo bico e tenho vontade de morder suas bochechas.
— Claro que não, meus amores. Eu jamais iria embora assim, de supetão, ainda mais sem me despedir adequadamente de vocês.
— E aí, vai trabalhar no hospital grandão e vai ter dinheiro para me dar um monte de presentes?
A pequena me pergunta e rio do seu desespero.
— Você é uma pequena interesseira, isso sim. Não, ainda não foi dessa vez, mas eu prometo que um dia eu terei muito dinheiro e vou te dar todos os presentes que você pedir... e que sua mãe deixar.
Falo de imediato ao ver a cara fechada da Maria. Seu marido chega pouco depois cansado do trabalho e também sorri satisfeito ao me ver.
— Achei que tinha abandonado essa casa, minha jovem.
— Jamais, Cunhado, jamais.
Como é bom estar em casa, como é bom sentir se em casa.
Depois do jantar me deito um pouco mais cedo devido o cansaço da viagem, e tenho um sono tranquilo, sem sonhos.
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Angel (Degustação - disponível na AMAZON)
RomantikDaniela sobreviveu à uma grave doença quando ainda era adolescente, período no qual conheceu Maria Eduarda. Uma amizade surgiu e planos foram feitos. Um engano as afastou, deixando apenas mágoa, pelo menos por parte de uma delas. Já adulta, Daniela...