P.O.V. Maria Eduarda
A pobrezinha chora de soluçar, e meu coração fica apertado. Quem será que está tão mal assim?
Ela está tão nervosa que vejo suas mãos tremendo. Fico sem saber o que fazer, e vejo seu terço cair no chão.
Me aproximo rápido e o pego. A entrego e quando encaro seus olhos chego a prender a respiração.
Meu Deus, quanta dor! Quanto desespero! Que agonia esta mulher está sentindo!
Meu peito aperta e não sei o que me dá, mas sento ao seu lado e a abraço com força.
— Calma, Deus está contigo.
Falo baixinho e ela aperta os braços à minha volta. Não sei por quanto tempo ficamos assim, mas seu choro agora compulsivo molha um pouco minha blusa.
Quando a mulher consegue se acalmar minimamente, consigo me soltar do abraço e a encaro com carinho.
— Vamos rezar um mistério do terço juntas?
Pergunto e ela fica sem graça.
— Não acredito que estou passando essa vergonha, mas eu nem sei rezar o terço...
— Não tem problema, eu rezo e a senhora me acompanha.
— Mas você nem sabe o motivo do meu desespero.
— Não importa. Se a senhora está aqui, é porque alguém precisa de oração. Eu acredito em destino, então não cheguei aqui à toa.
— Com certeza não. Você certamente é alguém iluminado que Deus mandou para me ensinar a rezar.
Ela fala com um sorriso pequeno que não chegou aos olhos.
— Muito bem. Então me diga, sempre mentalizando a pessoa que precisa da graça.
— Minha menina.
Ela balbuciou e fiquei sem entender.
— Como?
— As orações são para minha filha. Ela precisa de doação de medula óssea e não achamos doadores dentro da família.
Nossa, a senhora me parece jovem, deve ter uma filha na minha idade ou até menos. Pobrezinha...
— Então vamos rezar por ela. Tenha fé, senhora. As coisas se ajeitarão, eu tenho certeza.
Inicio as orações e a mulher ao meu lado estava tão concentrada, que resolvi rezar o terço todo e ela nem percebeu. Eu estava com tempo mesmo.
Quando finalizo, ela parece um pouquinho mais calma e sorri em agradecimento.
— Desculpa, nem perguntei qual a graça que você deseja.
— Nada que se compare com a sua. Estou fazendo processo seletivo e vim pedir serenidade para a entrevista.
— Qual função?
— Técnica em Enfermagem.
Ela dá um sorriso simpático e diz que admira todos os profissionais da área da saúde.
O bichinho da curiosidade me cutuca e quando vejo já estou perguntando.
— O que a sua filha tem?
— Leucemia Mielóide Aguda.
Imaginei que seria algum tipo de leucemia e sei que nesse caso é transplante e quimioterapia.
— E ela está bem dentro do possível?
— Por enquanto sim, mas a gente tinha muita esperança de que o transplante daria certo, para tentar evitar a quimio mais pesada...
— A descoberta é recente?
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Angel (Degustação - disponível na AMAZON)
RomantiekDaniela sobreviveu à uma grave doença quando ainda era adolescente, período no qual conheceu Maria Eduarda. Uma amizade surgiu e planos foram feitos. Um engano as afastou, deixando apenas mágoa, pelo menos por parte de uma delas. Já adulta, Daniela...