𝗠𝗶𝘀𝘁𝗲𝗿𝗶𝗼𝘀𝗼

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Aquela casa sempre me dava arrepios

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Aquela casa sempre me dava arrepios.
Após o falecimento da minha mãe, meu pai teve a ideia de mudar de casa, — o que não era um problema para ele. Segundo ele, os negócios da família se expandirá ainda mais.

Contudo, eu me perguntava qual seria a família. Minha mãe veio a óbito mês passado e meu irmão nem sequer fala com meu pai. A relação entre pai e filho era algo que não existia mais, obviamente graças ao meu pai. Diante de tudo, Jean ainda fazia questão de manter o contato comigo, – embora ainda que pouco.

Lá fora, os ventos sopravam em assobios, balançando os galhos secos desfolhados, enquanto a árvore raspava contra a janela do meu quarto. O barulho repetitivo me deixava em alerta e com um frio na barriga. Aquela casa possuía uma aura misteriosa. Portas onde já haviam perdido as chaves, cantos onde a luz não alcançava.
Eu desgostava, ainda mais a noite.

E agora mais que nunca, nessa maldita cidade eu me sentia sozinha, sem minha mãe, sem meus poucos amigos e sem o Jean. Meu pai foi a única pessoa que me restou, mas ele só tem olhos para trabalhos e vadias comprometidas. Flagrar meu pai  encima de uma mulher enquanto minha mãe se entupia de remédio, passou a ser uma fato comum, e um dos que contribuiu o crescimento do ódio do Jean.

Meu pés descalços sobre a madeira gélida, não fazia barulho algum. Com os olhos eu buscava a fonte de onde viria tantos murmúrios. Cruzo os braços sobre meus seios apertando com força meu moletom, ainda andando cautelosamente.

— Droga – murmurei. — O senhor Yeager não poderia indicar uma casa melhor? – me auto questiono finalmente achando a fonte das tais vozes.

Eu reconheci a voz do Senhor Yeager, se misturando com a voz falha do meu pai por conta do cigarro. Continuei em silêncio apenas para seguir explorando aquela casa tão grande para apenas suas pessoas, mas então a voz do meu pai me fez parar:

— Por que está toda encolhida assim? – zombou. — Está fugindo por acaso?

— Estou, mas parece que não adiantou muito. – o respondo indiferente.

— Não vai cumprimentar seu padrinho? — por trás da pergunta fora uma ordem.

— Como vai senhor, Yeager? – forcei um sorriso para  o mesmo.

— Vou muito bem, e você? – um sorriso gentil curvou seus lábios e uma carícia foi deixada em meu braço.

— Bem...

— Sinto muito pela sua mãe. – o sorriso se desfez. — Caso precise de algo não evite em vir até mim, sim?

Anuí.

— Sim senhor...

— Não precisa ficar tão triste assim. – meu pai se apressou em um tom áspero. — Sua mãe era uma drogada. Uma hora ou outra isso iria acontecer.

Olho para meu pai, no entanto, permaneço em silêncio. Minha mãe não era drogada, ela se drogava, – com remédios –, por ter depressão, mas meu pai sempre ignorou todos seus problemas.

𝗙𝗲𝗮𝗿, 𝙀𝙧𝙚𝙣 𝙔𝙚𝙖𝙜𝙚𝙧Onde histórias criam vida. Descubra agora