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Fernanda

Fico ouvindo ela me contar mais casos que já aconteceram aqui no bar e me surpreendo com a maioria dos acontecimentos. Minha realidade é totalmente diferente da que eles vivem aqui, muito briga, traição, discórdia que quem vive de fora até vê mas não com a naturalidade que eles enxergam aqui. Para eles é normal o cara ter mais de uma mulher e não aceitar ser traído. Um universo bem machista e injusto no meu ponto de vista, mas as mulheres aqui parecem não se importar muito, já se acostumaram com isso e a maioria delas pelo que me parece aceitar por conta de status e vida boa que a maioria dos bandidos proporcionam. Tem as que amam de verdade mas tem mais interesseira como a Isa disse que fazem discórdia, causa tormenta na vida das fiéis tudo pra tomar o posto delas. Olho na porta e vejo o cara que me deu carona, neto da dona Nena, vestindo uma camisa do Flamengo entrando de mãos dadas com uma loira muito bonita do lado, caminha com olhar de altivo, usando correntes grossas, relógio e pulseira de ouro. Ele vem até o balcão me encarando, de uma forma intimidadora, para de frente o balcão passa a mão na aba do boné e desvia sua atenção pra Isa.  

Xx- vê uma lata de Brama pra mim Isa  _ sua voz grossa faz coração erra uma batida. Suspiro lentamente o cheiro do seu perfume forte, notando a fragrância do Sauvage da Dior, o mesmo que o Vitor usa, uma delícia o cheiro _ Vai querer alguma coisa?_ pergunta seco olhando pra loira siliconada do seu lado

Loira- não tem nenhum salgado hoje?_ pergunta pra mim, balanço a cabeça negando _ então pode ser só uma cerveja mermo _ diz com desgosto, Isa pega as duas lata e coloca no balcão. 

Ele volta me encara sério, desvio atenção para mesa de bilhar, mudando meu cabelo de lado pra disfarçar meu nervosismo interno. Ele pega sua carteira, tira uma nota de vinte e coloca no balcão, pega sua cerveja e sai sem receber o troco

Isa- essa daí também e outra que eu não suporto. Antes dela ficar com ele, ela era mó de boa, humilde. Depois que virou fiel virou um cú, vive ostentando paga de bandidona que chega da nojo_ diz com desdém

Olho para a loira usando um vestido curto preto, aparentemente de marca, marcando bem suas curvas, usando salto Gucci meia pata, cheia de joias nos braços pescoço e brinco de ouro.

- ele é o que?_ pergunto olhando pra ele que senta do lado do gringo e a loira senta no seu colo

Isa- ele é o metralha dono do morro e do C.V, irmão da Tayla _ arqueio sobrancelha surpresa _ ela é chama Larissa, fiel dele _ aponta pra ela com indiferença  

- não sabia. No primeiro dia que vim pra cá, eu não sabia onde minha vó morava. A vó dele quis me dar carona até a casa dela, ele aparentou não gostar. Não converso nem um ah durante o trajeto me olhava com olhar sério meio frio até. Deve ser por conta dela ser ciumenta então! _ falo pensativa passando a unha no dente 

Isa- que nada, ele é assim sempre. Nunca vi ele sorrir pra ninguém, nem mesmo pra Tayla nem dona Nena que é vô dele. Ele vive traindo ela com as piranha daqui e do asfalto, tem várias amantes, tá nem aí pra ela não _ diz com ar de riso, nego não conformando mais nada digo _ Metralha é igual os amiguinhos dele, não vale nada, consegue ser ainda pior que eles. Vive esculachando ela na frente de geral, pega outra mesmo com ela por perto, tá nem aí pra nada. Pensa num cara frio, sem sentimento mermo, ele mata qualquer um sem ressentimento nenhum, não tem piedade nem compaixão por ninguém. Se tu vacila ele te tortura da pior forma, mata até os da sua família pra sentir o prazer em te vê sofrer. Imagina o que ele não faz com ela quando tá bolado? Ela vive com corpo roxo, toda vez que ela sai brigando no morro e perde a postura ele desce o cassete nela. Bate na frente de qualquer um se for preciso e ninguém é loko de se meter no meio. Se mete toma rajada na hora, mó sangue frio mermo _ sinto os pelos do meu braço arrepiarem imaginando a cena 

Protegida pelo dono do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora