could you help me?

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[we need to fly ourselves before someone tells us how.]

O ambiente estava tão silencioso quanto possível, Luo Binghe havia acabado de entrar no quarto novamente depois de um banho matinal e estava deitado, olhando fixamente para o teto, pensamentos de todos os tipos corriam livremente pela sua cabeça.

Há não tanto tempo atrás, ele passou pela fase de querer fugir daquele lugar a todo custo, afinal, que progresso estava fazendo? Ele cometeu muitos pecados, diziam todos, e deveria pagar por aquilo, mesmo que na sua própria visão 'aquilo' não fosse nada de mais, o sentimento de culpa e insuficiência sempre estava lá. Apenas limpando o mundo, era como se consolava. Por que não agradeciam ao invés de o trancararem naquela prisão medonha e silenciosa pelo resto de sua vida? Essas coisas não faziam o mínimo sentido na cabeça dele.

Mas essa fase de fugitivo passou, não porque era impossível escapar, mas sim porquê sua mente se clareou o suficiente da neblina do ódio para pensar melhor: se saísse, o que faria lá fora? Não havia ninguém o esperando, sua mãe já havia partido a tempos então não sobrou ninguém, simplesmente ninguém.

Esse vazio estava ficando cada vez maior, cada vez mais profundo e largo. Binghe não se aproximava de nenhum outro paciente e nenhum deles também se atrevia a fazê-lo. No início, houve um período em que ele teve um colega de quarto, um homem que mais parecia uma pilha de músculos cheio de tatuagens, um rosto feroz e bronzeado, seu nome era Lee Yutong. Mas como, possivelmente, isso poderia funcionar? Nenhum dos dois queria dividir um quarto e o outro homem só conhecia a violência, ela parecia razoável e prática. Mesmo se tentassem, seria quase impossível impedir aquele 'incidente'.

Acontece que nequele dia, o homem musculoso, vulgarmente chamado de Lee, foi tão agredido ao ponto de beirar a morte. Seu rosto estava em um estado irreconhecível, uma massa vermelha de sangue, mesmo sua mãe teria dificuldade em reconhecê-lo. Pelas câmeras de segurança só foi possível ver e não ouvir como tudo se iniciou, mas sabe-se que houve uma discussão fria onde tudo se principiou. Todos, inclusive a diretoria, sabiam que um daqueles dois iria acabar mal, mas ninguém deu importância.

Não é necessário dizer que Luo Binghe nunca mais teve companheiros de quarto, e aquele Lee que foi transferido para um hospital especializado em reconstrução facial nunca mais retornou ou foi visto também. Havia muitos arrependimentos, mas a ocasião do colega de quarto não foi um deles, e Binghe repetia para si mesmo que foi muito necessário.

Uma leve batida na porta o tirou de todo o seu devaneio distorcido e ele logo ficou alerta. "Posso entrar?", era a voz do doutor Shen. Não houve resposta e depois de um tempo uma cabeça apareceu pela porta, Binghe estava com a expressão de uma criança que fez algo errado e foi pega. "Binghe?"

Luo, agora sentado na beira da cama, olhando da mesa para o chão, e do chão para Qingqiu, como se estivesse com medo dele ler seus pensamentos, disse: "O que você quer?"

"Vim te chamar para o café da manhã, claro", Qingqiu falou como se fosse a coisa mais óbvia a ser dita.

Normalmente Luo fazia todas as suas refeições no refeitório, e não havia exceção ou a possibilidade de levar sua comida para o quarto e se alimentar lá. Sabe-se Deus quando alguém vai tentar suicídio com uma colher de plástico. Shen abriu a porta e fez sinal para ele passar também, então ele desconfiadamente foi.

Só quando eles passaram direto pelo refeitório sem ao menos parar para observar, que Luo achou estranho, ele parou de andar e disse inquieto, quase nervoso: "Para onde está me levando?"

Shen também parou e olhou para trás, sobrancelha franzida e rosto confuso. "Estamos indo tomar café". Ele apontou para o lado de fora. "Lá fora", Qingqiu sorriu, se virando e continuando a andar. Luo lentamente o seguiu, mais desconfiado ainda.

Wiped Out! - BingqiuOnde histórias criam vida. Descubra agora