Wiped Out! - Bingqiu

i don't wanna be alone

[don't let me go.]

Ao ouvir aquela frase, Qingqiu parou imediatamente seus passos apressados e virou-se para trás, o corredor estava vazio e só havia aquela figura alta vestida com uma fina blusa preta de manga comprida. Binghe estava com as mãos tremendo ao lado do corpo incapaz de qualquer outro movimento, e com os olhos como os de um cachorro que foi cruelmente abandonado no meio da estrada pelo seu dono. Ele estava assustado apesar de tudo.

Shen caminhou até ele novamente e quando Binghe se deu conta do que havia dito, voltou a si, dando passos para trás como se cada um o fizesse ficar mais consciente. Ele entrou no quarto antes que Shen pudesse entrar e fechou a porta num movimento rápido, mas não havia trancado.

"Binghe, eu estou aqui, não vou embora, está tudo bem agora", Shen falou, calmamente encostado na porta, mesmo que estivesse aberta e ele pudesse abrir, ele não o fez.

A animação de poucos minutos atrás foi abruptamente substituída por uma preocupação que era quase opressora. Do outro lado Binghe estava esconstado na porta, com a cabeça entre os joelhos, mas nenhum som poderia ser ouvido vindo dele. Shen que ainda estava parado no corredor sem saber muito bem como reagir, também sentou-se e se encostou na porta, suas mãos abraçando os joelhos.

"Eu ainda estou aqui com você", depois de um bom tempo calados, Qingqiu finalmente falou, com um pouco de receio em quebrar aquele silêncio que havia se instalado. Ninguém havia passado no corredor, era uma ala bem isolada do resto do hospital e apenas aqueles casos mais graves ficavam ali.

Como se estivesse esse tempo todo reunindo coragem para conseguir falar sem tremular a voz, Binghe finalmente respondeu, se levantando e encarando a porta: "Eu não preciso. De ninguém". A fala pausada pareceu como se Luo não quisesse realmente dizer aquilo, que se forçou, mas as palavras saíram frias e com o mesmo tom de desprezo que ele havia usado no primeiro dia do dr. Shen, na sessão de terapia em grupo.

Depois de ouvir isso, Qingqiu levantou e encarou aquela enorme porta branca envernizada, cogitou abrir e ver que tipo de expressão o homem estava fazendo naquele momento mas se conteve, apoiando pesadamente a cabeça e a mão esquerda na madeira fria da porta. Do outro lado Binghe fazia a mesma coisa, mas como ambos poderiam saber disso?

Shen já havia decidido consigo mesmo que não sairia dali até o outro abrir a porta por vontade própria, e assim foi feito, depois de mais um curto período de tempo ele a abriu lentamente. Seus cabelos estavam levemente mais bagunçados que o normal e debaixo dos seus olhos vermelhos haviam traços de um choro violento, mas ele ainda atuava como se nada tivesse acontecido e ele estivesse completamente bem.

"Está tudo bem", Qingqiu mansamente se aproximou e o envolveu em seus dois braços, num abraço gentil, como se ele estivesse segurando no colo um animal ferido, mesmo que o outro fosse consideravelmente maior que ele. Binghe ficou atordoado e não sabia onde colocar as mãos, então simplesmente não as moveu enquanto aquele doutor o abraçava suavemente. Ele pode sentir o cheiro do cabelo dele em suas narinas e era um cheiro bom, ele pensou.

Num movimento lento, Shen se afastou e pegou uma das mãos de Binghe, a levantando, ele que estava ainda atordoado não se importou, mas assim que o dr. estava prestes a levantar a manga da camisa, ele rapidamente puxou seu braço de volta.

"Deixe-me ver", Qingqiu ordenou, com um traço de impaciência em sua voz. "Luo Binghe, deixe-me ver, por favor."

Novamente aquele rosto de criança que foi pega fazendo travessuras voltou à Binghe, ele gaguejou um pouco tentando se livrar daquela possível vistoria, mas nenhuma palavra inteira saiu de sua boca. Ele não queria em hipótese alguma que seu doutor o visse naquele estado, mas não sabia o porquê.