sweet little baby in a world full of pain

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[i'm using white lighters to see what's in front of me.]

Era quase meio-dia. Luo Binghe não sabia se sentia alívio ou desespero com esse fato. Será que ele tinha ido embora? Será que ele estava tão furioso assim? Binghe ainda estava vazio, se preparando para descer e, talvez, comer. Sentia agora um profundo ódio por aquela comida.

A noite passada foi extremamente tortuosa, pensou e pensou, decidindo esperar. Não podia fazer nada sem olhar pelo menos uma vez para o rosto do seu doutor novamente.

'Toc toc', ouviu-se o som opaco da porta de madeira branca. O coração do outro saltou mais alto por um instante, ele não respondeu. Se perguntou se ouviu mesmo a batida, se não era sua imaginação o pregando peças. "Binghe?"

Não havia erro, era a voz de Shen Qingqiu. Luo Binghe não sabia o que responder, então não respondeu. Na verdade, ele sequer se mexeu, com medo de sem querer espantar a voz.

"Binghe, abra a porta, vamos conversar", a voz dele era sincera, nada como a do dia anterior, fria. Com dificuldade ele andou até a porta, apoiando a testa com força nela, como se puxando forças para si, e finalmente, depois de um instante, abrindo-a.

Luo Binghe não ousou olhar para o rosto do outro, seus cabelos cobriam seus olhos o tempo todo, o tempo todo de cabeça baixa. Mas sabia que era ele. O cheiro, a voz e as roupas eram o dele, como poderia se confundir? Shen Qingqiu ficou parado por um segundo na frente, antes de entrar.

Começaria se desculpando, pensou Luo, era o óbvio a se fazer: "Sobre ontem, eu..."

Mas Qingqiu não o deixou terminar, "Me desculpe."

"Por que você está pedindo desculpas, quando é eu que deveria?", questionou Binghe, acompanhando o outro com os olhos, que já ia se sentando no usual banquinho de madeira. Ele também se sentou timidamente em sua cama.

"Eu fiz tudo errado", soltou, baixinho, quase inaudível. Colocou o indicador da mão direita na tempora e olhou para baixo. "Eu não deveria ter agido tão impulsivamente, eu... eu só fiquei um pouco surpreso", claro, nenhum outro paciente reagira da mesma maneira, e o tratamento era o mesmo, tinha certeza – bem, em alguma partes nem tanto.

"Me desculpe, também. Eu não sabia exatamente o que estava fazendo."

"Eu estive pensando desde então, e você provavelmente estava apenas demonstrando afeto", Shen sorriu, "isso significa que somos amigos?"

Bem, era sim afeto. Mas não era o mesmo sentimento que tinha pela sua mãe, não mesmo. Entretanto, falou: "Eu... eu acho que sim."

"Vamos esquecer esse mal entendido, ok?", Binghe assentiu com a cabeça. "Preparei algo, venha comigo", ele se levantou, indo para a porta. Sem pensar, Binghe se levantou e o seguiu, claro que o seguiria para qualquer lugar que fosse.

Um sorriso de alívio cruzou discretamente seu rosto. Os pensamentos da noite passada sumiram imediatamente, reprimidos por algo maior em seu peito. A quanto tempo não sentia nada parecido? Estava acostumado com a solidão, a raiva e a ansiedade, porém aquela era uma sensação completamente diferente de nervosismo. Existia algum nervosismo bom? Para Binghe, sim.

Já conhecia o caminho para agora seu 'jardim secreto'. Para sua sorte, não encontrou aquele doutor no caminho, já que ele com certeza iria falar algo desagradável ou o impedir de ir, qualquer coisa do tipo. Binghe não gostava dele, nem um pouco.

"Primeiro, vamos comer", Qingqiu, que estava caminhando na frente, se virou para mandar um sorriso à Binghe: "Comida boa, dessa vez."

Luo Binghe sentia o cheiro da primavera partindo e do inverno se aproximando, o vento batia diretamente em seu rosto e o sol não estava tão forte quanto costumava ficar aquele horário do dia. Sentiu um cheiro agradável e associou ao perfume corporal do jovem doutor a sua frente. Estava tudo muito perfeito. Espero que não seja um sonho, pensou ele. Mas desde quando ele começara a ter sonhos tão agradáveis?

Wiped Out! - BingqiuOnde histórias criam vida. Descubra agora