sixteen

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"Você é um paranóico ridículo"

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"Você é um paranóico ridículo"

Essa frase da Eslô me atordou a madrugada inteira, me causou insônia e aperto no peito. Eu não conseguia ter uma noção da dor que eu estava sentindo após aquela conversa no whatsapp que terminou com um massacre de Eslô contra mim e contra tudo que estávamos vivendo.

Em nenhum dos cenários que imaginei da nossa vida juntos desde quando decidi tomar iniciativa no elevador, teria algo como isso. Algo que me machucasse tanto e pior, algo que ela sabia que ia me machucar. Eu não tinha paranóia porque achava legal, embora eu tivesse melhorado muito, eu ainda era falho. Não era sobre a Eslô, era sobre a minha necessidade de dar certo na vida, porque tudo que eu passei quando era jovem, deu errado.

E eu não sabia lidar com a dor de ser rejeitado, eu não queria ter que lidar com aquela dor de novo. A última vez que havia sentido isso, tinha muito tempo. Ser rejeitado doía ao extremo, mas ser rejeitado por alguém que você ama te rasga por dentro. Era aquilo que eu estava sentindo naquela manhã nublada de São Paulo, estava sentindo que Eslô dilacerou meu coração.

Aquilo me deixou tão desnorteado que parecia que eu havia adoecido. Sentindo uma moleza no corpo e falta de vontade para fazer qualquer coisa. Desmarquei tudo que eu tinha pra fazer no dia, porque eu não queria ter que sair e fingir que estava tudo bem. Eu havia recusado a ligação da Eslô, porque independente do pedido desculpa que ela faria agora, nada tirava o que eu estava sentindo no momento. Eu não acreditava que Eslô tinha tido coragem para me atacar no maior ponto fraco que eu possuía.

A campainha tocou e eu não senti ânimo nenhum para atender, minha mente não deixava que eu levantasse e fosse fazer algo. Minha mente só escoava as palavras dela, você é um paranóico ridículo. Eu engolia em seco toda vez que lembrava disso.

– Campeão –a voz de Diego, meu irmão, ecoou pelo apartamento e eu lembrei que ele também tinha uma chave– Rodrigo? Tá em casa?

– Não! Vai embora! –resmunguei, afundando meu rosto no travesseiro e me cobrindo com o cobertor.

Ouvi Diego abrir a porta do quarto, puxando a persiana da janela fazendo o quarto ficar iluminado. Eu resmunguei, sentindo ele sentar ao meu lado na cama.

– Vai embora! –pedi, sabendo que ele jamais atenderia meu pedido.

– O Cristiano pediu para que eu viesse te ver, disse que você desmarcou tudo que tinha –ele falou, ignorando o meu pedido– O que você tem? Tá doente?

– Não –falei, me ajeitando na cama e encarando o teto– Eu não tô doente! Mas eu não estou me sentindo muito bem... Só quero ficar aqui hoje!

– Parece péssimo! –ele comentou, encarando a pobre pessoa que eu estava, usando calça moletom e sem camisa, pois não havia tido ânimo nem pra tomar banho– Se não está doente, está sentindo alguma coisa pior que te derrubou. O que houve? Foi a Eslô?

– Por que acha que a Eslô me faria ficar assim? –eu indaguei e Diego franziu o cenho– Foi a Eslô!

– Então atualiza o seu irmão, porque as páginas de fofoca perderam essa parte onde você fica jogado em cima de uma cama sem tomar um banho –ele levantou e caminhou até a janela.

– Ela e eu brigamos e demos um tempo –falei, resumindo a história e sentando na cama– Eu que pedi o tempo, eu estava me sentindo um insuportável com ciúmes no momento que pedi...

– Ciúmes? –Diego perguntou, sentando na cadeira que tinha perto da varanda do quarto– Estava com ciúmes do desfile dela com o Lucas? –eu assenti e ele balançou a cabeça– Cara, mas ela não disse que quer ficar com você? Não pode sentir ciúmes do trabalho dela, não é assim que uma relação funciona.

– Eu sei, mas eu senti –eu disse, passando a mão nos cabelos– Eu queria um tempo para pensar, porque eu tenho consciência que tenho que lidar com isso, lidar com a Eslô tendo que encontrar o ex filho da mãe dela –Diego balançava a cabeça, ele sempre havia tido muita maturidade, muito mais do que eu– Enfim, ela ficou chateada!

– Não é pra menos! –Diego disse– Ela te falou que gostava de você e você mesmo me disse isso no jantar lá em casa e aí no primeiro trabalho dela você pede um tempo, isso cria uma confusão... Enfim, mano, não acho que isso é motivo de você ficar na lama desse jeito.

– Não é, ontem a Eslô e eu discutimos pelo whatsapp e ela me magoou... Porque, eu nunca agredi a Eslô verbalmente do jeito que ela fez ontem comigo e sinceramente, eu não tinha ideia que o tempo que pedi ia mexer tanto com ela assim.

– Discussão, Rodrigo. É normal! Em discussão, pessoas se machucam...

– Mas eu não machuquei ela! Eu nem sequer estava revidando, eu não queria isso! –falei, sentindo a chateação fazendo minha garganta fechar– Eu nunca diria coisas tão cruéis com ela, nada que ela fizesse me faria dizer algo assim com ela e principalmente sabendo da dor que causa...

– Eu vejo que pra você, realmente tá doendo muito! –Diego falou, sentando na cama e colocando a mão na minha perna– Ela te machucou, mas tenho certeza que talvez não tenha sido a intenção dela...

– Era sim, Diego –disse, certo que ninguém usa a ferida de alguém para machucar– Se ela tivesse me chamado de otário, babaca eu podia levar que ela fez com a força do ódio, mas não, ela me chamou de escroto, de paranóico ridículo, disse que se arrependia do dia que nasceu de ter ficado comigo... Ela me massacrou, cara. E eu não fiz nada de tão errado pra ela, pelo contrário, o que senti foi por amor, senti ciúmes porque amo a Eslô –falei, sentindo minha garganta fechar novamente– Mas enfim, eu vou tomar banho.

– Amém! –Diego disse, me fazendo ri. Eu levantei e peguei a toalha– Irmão, eu mais do que ninguém entendo o peso do que você sentiu ao ser chamado de tanta coisa que você não é –ele disse, levantando e tocando meu ombro– Não se machuca tanto com isso, você é incrível e se a Eslô te ama tanto quanto você a ama, ela vai se dá conta disso.

– Não sei se quero que ela se dê conta disso –comentei, fazendo Diego assentir e  o abracei– Obrigado, cara! Eu realmente estava disposto a passar o dia na cama.

– Eu tô aqui! –ele falou, dando tapas na minha costa– Agora vai tomar banho que eu vou te levar pra almoçar!

Entrei no chuveiro e tomei um banho rápido, saindo do banheiro quando ouvi Diego falar que meu celular estava tocando, era a Eslô. Eu recusei a chamada dela pela segunda vez. Sabendo que não, eu não queria escutar o que ela ia me dizer ou a desculpa que ela ia inventar para dizer aquilo.

Não sabia o que ela achou do tempo que pedi, mas ela não sabia nada do que eu estava sentindo no momento. Quando pedi o tempo, queria amadurecer para ela. Agora, eu não sabia mais se existia um tempo pra nós dois.

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Existe sim, Rodrigo. Aqui na fic, a gente sempre vence kkkkkk

Vamos continuar, porque eles vão se ver em breve.

Continuaaaa <3


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