Escrever sobre amizades é algo bem complicado para mim. Durante grande parte da minha vida eu sempre fui a excluída da sala, aquela que sempre sobra nos trabalhos em dupla e a ultima a ser escolhida na queimada.
Eu sempre gostei muito de falar, muito mesmo. Lembro de ficar até mais tarde na sala de aula apenas para conversar com os professores sobre os mais variados assuntos. Algumas pessoas consideram isso uma coisa boa -meus antigos professores por exemplo- entretanto, muitas consideram algo ruim, não demorou para meus colegas de sala começarem a se afastar de mim. Falavam que eu era chata, condenavam a coisa que eu tanto gostava e me excluíram.
Bullying.
Na época essa palavra era pouquíssimo usada, não existiam campanhas sobre e os professores nem ligavam. Eu achava que toda essa situação era apenas uma zoação, uma brincadeirinha entre colegas de classe. Hoje percebo o meu grande equivoco.
Antes eu tinha uma grande facilidade em fazer amizades, era extremante extrovertida e alegre, não tinha dificuldade em falar na frente de outras pessoas. Hoje eu tenho vergonha de falar com estranhos por medo do julgamento, tenho dificuldade em fazer novas amizades e toda vez que eu tenho que falar para mais de 5 pessoas tenho vontade e chorar.
As poucas amizades que eu tive nessa época (entre 2° e 4° ano) foram levemente traumáticas, uma só ficava comigo para comer o meu lanche e a outra sempre me colocava para baixo, contava meus segredos para os outros e espalhava boatos falsos, oque me fez -cada vez mais- me sentir mal comigo mesma. Pensava que isso era minha culpa, que não eu era suficiente para as pessoas ao meu redor, que eu só fazia mal para todos. Hoje vejo que a culpa nunca foi minha, e que eu nunca deveria ter me culpado por depender de uma pessoa ruim.
As coisas começaram a mudar quando eu troquei de turno, lá ninguém me conhecia, era a minha chance de mudar as coisas. Passei a ficar calada sempre no meu canto, evitava ao máximo falar exageradamente. Uma garota (a qual não revelarei o nome) começou a se aproximar de mim, não demorou muito para ficarmos amigas, mais um para a minha enorme lista de erros.
No começo tudo eram flores, ela era super gentil comigo, me tratava bem, nunca me deixava sozinha e -pelo oque eu achava- era leal. Porem a vida adora me dar rasteiras, ela me difamava pelas costas. O estopim foi quando, durante um trabalho em grupo, ela disse na minha frente que eu não era responsável o suficiente e que eu sempre quebrava as minhas promessas. Aquilo foi o fim, eu tive que me segurar muito para não chorar na frente de todos ali presentes. Eu acho que nunca fiz um trabalho tão bem feito como aquele, queria provar para todos o quanto ela estava errada sobre mim, o quanto todos estavam errados sobre mim.
Nessa mesma época eu conheci um garoto cujo nome é Marcelo, no começo nos nos odiávamos, trocávamos farpas durante o dia inteiro. Aos poucos fomos nos aproximando, ele era repetente por isso as pessoas o excluíam. Eramos duas pessoas solitárias, duas pessoas machucadas por amizades passadas, duas pessoas excluídas por motivos fúteis, por isso passamos a ser solitários juntos.
Aos poucos eu fui conseguindo superar esses traumas, mas mesmo assim isso me afeta até hoje. Eu nunca mais consegui acreditar verdadeiramente em uma amizade e eu me sinto péssima por isso. Sinto que nunca consigo me entregar verdadeiramente a uma amizade e confiar plenamente nas pessoas mais próximas a mim.
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HumorUm passeio na confusão que eu chamo de mente. Não consegui colocar o título inteiro, o Wattaped não deixou.