Uma Dor do Passado

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10:13

Já fazem dez minutos que eu estou aqui parado na frente do meu antigo prédio, meu antigo lar, que agora parece só mais um cenário saído de algum filme de guerra.

O sol hoje está com um humor igual ao meu, cheio de ódio.
Ele queima minhas costas e minha cabeça com tanta violência que em alguns momentos chego até a sentir tontura, mas não tenho certeza se realmente é por causa do calor, ou, em decorrência dos remédios que fui obrigado a ingerir no hospital, eu também fui obrigado a passar a noite lá em observação, um protocolo da instituição.
Pelo menos eu tinha a enfermeira Júlia pra me fazer companhia, conversamos até tarde da noite, e eu consegui até me distrair bastante dada as circunstâncias, mas, minha mente hora ou outra voava de volta pra esse prédio, Júlia percebeu (se bem que acho que não tinha como esconder), "Vou te dá um sedativo bem forte, vai te ajudar a descansar", foi a última frase que ela me falou ontem, foi uma pena que meu cérebro não estava em concordância com a afirmação dela e resolveu me manter acordado o resto da noite, foda.

Depois que o sol nasceu eu só queria sair daquele lugar e voltar até o meu apartamento, eu precisava ver mais uma vez para acreditar que aquilo realmente tinha acontecido.

Quando Léo e Barroni chegaram chegaram para me buscar, precisaram aguardar ainda quase duas horas para que eu fosse liberado, mais protocolo.
Finalmente quando consegui sair, eu contei aos meus irmãos aonde precisava ir, Barroni como sempre tentou me proteger, "Não acho que você deveria se expor novamente a essa lembrança ruim".
Foram as palavras dele.
"Essas tais lembranças ruins vão me acompanhar o resto da vida, vou ter que me acostumar".
Foi a minha resposta, seca como a minha garganta estava naquele momento.
"Só dessa vez eu concordo com o senhor chatisse aí".
Leo também tentou me fazer desistir.
"Pra que sofrer por uma lembrança ruim, se podemos criar lembranças melhores?"
Barroni insistiu.
"Exatamente! Você acha que a carne assada vai querer relembrar da churrasqueira?"
Léo tentou me desencorajar.. do jeito dele.
"O que?"
Eu e Barroni falamos simultâneamente.
"Sabem que sempre escuto vocês, mas dessa vez não importa o que digam, eu vou com.. Ou sem vocês!".

E isso me trouxe até esse momento.

Ah, e o motivo da raiva?

É que minutos atrás os peritos conversaram comigo, me fizeram várias perguntas antes de me contaram que o incêndio começou no meu apartamento, e advinha? Foi um incêndio criminoso.

Mas quem iria destruir um prédio inteiro só por minha causa?
O que eu fiz de tão mau pra causar essa situação?
Será que estou em perigo?
O vou fazer a partir de agora?
Merda! São tantas perguntas pra um único cérebro tentar achar todas as respostas, isso pode acabar com minha calma e me levar a fazer besteira, sou psicólogo, e, sei bem do que estou falando, preciso respirar fundo e manter a calma, uma pergunta de cada vez.

É.. não vamos jogar Playstation na sua casa hoje.
Léo quebra a tensão e a minha linha de raciocínio ao meu lado.

Não fode irmão!
Levo a mão a cabeça enquanto balanço a mesma.
Pra onde foi o Barroni?

—Está ali com os "Agentes Spaghetti", e pelo tempo devem estar namorando.
Ele me olha com um sorriso malicioso e eu não consigo esconder o meu sorriso.
—Não tá com ciúmes né? Posso ser seu namorado se quiser.

—Dispenso, e também eu já namoro com a sua mãe, sabe disso.
Léo me olha com cara de nojo e eu dou risada.
—Só não reparei quando os Spaghetti chegaram.

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⏰ Última atualização: Jun 20, 2023 ⏰

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