Love or Lost - Jikook abo

Divórcio

Jungkook estava extremamente irritado quando abrira os olhos naquela manhã. Ao seu lado, seu esposo dormia profundamente, um tanto encolhido em meio às cobertas, exibia logo abaixo dos olhos, enormes olheiras que transformavam sua beleza aos poucos. Os cabelos loiros, totalmente desgrenhados e mal cuidados, a camisola um tanto transparente, lhe caía sobre os ombros nús e pálidos.

O alfa fez uma careta estranha quando ouviu o filho chorar no quarto ao lado. O choro sentido do bebê se tornando ainda mais alto a cada minuto. Jimin resmungou algo, ainda sonolento, mas ainda sem despertar.

Sinceramente. Um alfa não devia fazer isso, afinal de contas, era função de ômega. Fora isso que aprendera desde cedo. Atravessou a porta do quartinho do bebê, o olhando chorar tão alto quanto antes dentro do bercinho branco, em um dos cantos do quarto.

Se aproximou ainda calado, olhando para o bebê parando aos poucos de chorar e lhe olhar curioso. O bebê era a sua cara, e mesmo que negasse, nunca mudaria a verdade.

Os olhos negros e grandes, o cabelo liso e castanho escuro, eram idênticos aos seus, enquanto o nariz pequenininho e um tanto achatado e as bochechas gordinhas, eram sem dúvida algo que o pequeno havia herdado do ômega.

Saiu pela porta, mesmo ouvindo o bebê voltando a chorar. Não era sua função afinal, por isso saiu para o trabalho mais cedo que o horário pedido. Não gostava de quando o ômega se oferecia para fazer o café da manhã, ou até mesmo lhe ajeitar a gravata.

Seu lobo agia estranhamente eufórico, louco para lhe fazer beijar os lábios grossos e fartos do ômega. Dá última vez que deixou que isso acontecesse, havia se tornado pai, e por pouco não marcara o ômega.

Jimin era o típico ômega amoroso e atencioso que qualquer alfa se mataria para ter. Jungkook sabia disso, porém o mantia longe sempre que o mesmo resolvia lhe tratar com carinho. Jimin sempre lhe preparava, atenciosamente, seu almoço e por saber que o alfa não gostava de quando ele visitava seu local de trabalho, deixava tudo pronto para que o alfa apenas levasse o almoço.

O que o deixava mais aliviado. Assim Jungkook tinha alguém para ter uma boa conversa quando a empresa de advocacia fechava, sem as mínimas preocupações.

Chegou em casa desmanchando o sorriso largo, assim que viu o ômega sentado na varanda da casa. Se passava das onze da noite, o horário em que o ômega costumava estar dormindo.

Pela primeira vez, se sentiu um pouco culpado por chegar tarde. Havia tido uma ótima noite após uma reunião com uma das suas clientes. A ômega era muito bonita e granfina, sinceramente, cumpria cada um dos seus requisitos para um ômega perfeito (a).

E além disso, lhe deixava confortável, lhe "dava mole", apesar de nunca ter passado apenas de boas conversas com a mesma.

— O que você tá fazendo acordado? — disse irritado quando desceu da suv, batendo a porta com mais força que o necessário.

Caminhou até estar frente a frente ao loiro, este que permanecia sério e com a cabeça abaixada.

— Ei! Eu tô' falando com você. — cutucou rudemente o braço do ômega. — porque você está acordado a essa hora? E o que faz aqui fora a propósito?

— Precisamos conversar

O ômega disse enquanto levantava os olhos e encarando o alfa a sua frente. Como esperado, o mesmo não se mostrou nem mesmo um pouco preocupado.

— Tá, o que você quer?

— Divórcio.

— Como assim? — Riu em escárnio.

Aquilo era muito ridículo para o alfa. Não conseguia processar as palavras do ômega. Sabia que ele desconfiava de todas as suas escapadas, mas acreditava que era amado demais a ponto de que ele nunca notaria as intenções do alfa de lhe trair descaradamente, apesar de nunca tê-lo feito. Algo nunca deixava que ele ultrapassasse de conversas e flertes.

— Não se faz de idiota, você sabe muito bem do que eu estou falando

— Não se atreva a falar nesse tom comigo — disse lhe apontando o dedo indicador na face.

— QUE SE FODA COMO EU FALO JUNGKOOK — disse se pondo de pé e dando um tapa na mão do alfa, que ainda permanecia erguida.

— Qual o seu problema Jimin?! FALA DIREITO COMIGO PORRA!

— Eu não aguento mais essa relação forçada. Você não me ama Jungkook

O alfa riu em deboche. Então o problema era aquele?

— Está pedindo divórcio porque eu não digo que te amo quando a gente transa?

O ômega lhe olhou nos olhos. Pela primeira vez na noite, notou os olhos e nariz vermelhos do ômega, como se tivesse chorado. Os olhos transbordavam tristeza e decepção.

— É esse a porra do seu problema Jimin?! — gritou face a face com o ômega.

Viu os olhos do ômega se encherem d'água lentamente e quando menos esperou, sentiu o punho esquerdo do Ômega colidir contra sua bochecha e nariz, com força.

— A PORRA DO MEU PROBLEMA É VOCÊ, SEU IMBECIL — gritou entrando em casa, batendo a porta com raiva.

Um suspiro surpreso saiu pelos lábios finos do alfa. Aquela altura, aos dois anos de relacionamento com Jimin, jamais esperaria vê-lo chorar e muito menos lhe acertar um soco. Tampouco imaginou que o mesmo seria quem pediria o divórcio dos dois. O alfa sempre que pensava no assunto, geralmente a cada vez que via a sua cliente preferida. Porém, não se imaginava em outra vida diferente da sua.

Adentrou a casa, alguns minutos depois, trancando a porta atrás de si. Ouviu o chorinho do filho assim que passava diante da porta entreaberta do quarto do bebê. Parou assim que ouviu a voz baixinha de Jimin acalentando o filho.

Continuou espiando em silêncio, quando viu o ômega abaixar um pouco a camisola e dar de mamar ao bebê, já sentado na cadeira de balanço do quarto.

— Sabe Soobin, quando eu era mais novo, eu acreditava que viveria um conto de fadas. — riu nostálgico, tendo os olhos do pequeno bebê em sí — mas eu não esperava que meu príncipe encantado naquela época, me fizesse viver em um conto de terror — riu tristemente, acariciando com as pontas dos dedos, os cabelos macios do filhote. — Hora de nanar

Jungkook se apoiava na parede, enquanto ouvia cada uma das palavras de Jimin. Se sentia estranho. Ora, pois deveria estar feliz não é? Poderia, mas embora se recusasse, ainda sentia um nó se formar na garganta.

Estava desligando-se da sua família e tinha total consciência disso. Sabia, mas quem se importa afinal? Levantou se assim que notou que o ômega estava prestes a sair do quarto do bebê. Ignorando seu lobo ressentido e em silêncio dentro de si. Se o esposo queria o divórcio, pois ele teria. Não abaixaria a cabeça e muito menos correria atrás do ômega ou sequer lhe pediria perdão, no fim concluiu para sí mesmo que,

O divórcio seria a sua salvação.