Internarto e Ódio

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Jhonny, segurando Joãozinho no colo, que estava chorando, chega na porta de um grande lugar, parecendo uma contrução rústica, com uma porta grande e preta.

Jhonny então bate na porta, impaciente.

Rapidamente, uma mulher de olhos claros e cachos bem dourados abre a porta.

- Pois não? - ela pergunta educada

- An... Precisamos ficar aqui. No internato. - Jhonny diz sem jeito.

- Claro. - ela sorri - Eu sou Amélia. E esse menininho não devia estar chorando... - ela estende os braços e pega Joãozinho no colo

- Eu quero ir com a Bianca! - João grita fazendo birra

- Nós vamos! Depois que você comer algo. - Jhonny diz

- Bianca é a irmã de vocês?

- Não, é minha namorada...- Jhonny pergunta desconfiado da curiosidade de Amélia

- Bem, vamos entrando. - Amélia diz e leva os dois para dentro do lugar.

Era escuro, quase a luz do sol não brilhava lá dentro.

As paredes eram descascadas, e rabiscadas. Não parecia um lugar que acolhia crianças.

Vários adolescentes estavam nos sofás do lugar. Todos com olheiras, fazendo absolutamente nada, apenas encarando o teto.

- Bem, temos que fazer a ficha de vocês dois. - Amélia diz e caminha até uma sala - Mas antes... Julia? - ela pede e uma garoa se levanta do sofá

- Sim? - a garota de cabelos longos e torço extremamente magro se aproxima

- Leve esse garotinho para comer algo, por favor.- Amélia sorri e entrega João no colo de Julia. A garota apenas assente e sai com o pequeno no colo.

Jhonny então continua seguindo Amélia.

- Pode preencher esses dados? - ela lhe entrega uma ficha grande

Jhonny pega e começa a preencher tudo.

Endereço, local de nascimento, nomes completos, datas de nascimento e... Nome dos pais.

Ele escreve os nomes com amargura.

Quando termina, não diz nada, apenas entrega à Amélia.

- Espera... - ela analisa a folha - Você é filho da Ingrid? - ela pergunta surpresa - A Ingrid, casada com o Vitor!? - Ela sorri de leve - Nós éramos amigas!

- Sério?... - Jhonny pergunta desacreditado

- Ah... Que pena que ela se casou e teve filhos. Ela era uma ótima desenhista. Nossas amigas sempre diziam que ela seria uma estilista de moda. Mas aí ela conheceu o Vitor e... Já sabe.

Jhonny ficou pensativo. Sua mãe desenhava?...

- Deve ser horrível ser reconhecido com pais tão péssimos... Ramón foi embora e deixou vocês, sem dinheiro... - ela ri - e os outros dois, José e Pedro, certo? Presos. - ela riu debochadamente - E você foi o largado que teve que cuidar do pirralho? Que sorte, hein. Como você ainda aguenta essa família?

A voz irritante de Amélia junto com essas palavras perfuravam o psicológico de Jhonny. Sua família era uma merda.

- Sem contar que sua mãe escolheu se satisfazer num bar em vez de ficar em casa com vocês, não é?... E seu pai, pff, tá pouco se linchando para o que acontece com vocês...

Amélia retomou o assunto, o que fez Jhonny ficar ainda mais irritado.

- Mas enfim, a vida não é perfeita, não é, querido? - ela diz e pega uma outra folha impressa - Assina aqui e a partir de agora, vocês podem ficar no nosso orfanato. Como você é de maior, você vai ter que fazer uns servicinhos aqui, pra ajudar na nossa rende.- ela sorriu

Jhonny assina o papel sem ligar muito se sua letra está saindo bonita ou não.

Quando Amélia o guiou para um quarto grande cheio de beliches, Jhonny se jogou na cama, pensando em tudo que Amélia havia lhe dito.

"Meus pais são uns desgraçados. Fizeram filhos e só jogaram no mundo..." Pensava Jhonny "Ahh, seria tão bom se papai morresse... Mamãe poderia voltar a ficar em casa... Afinal, ele que obriga a ela ir trabalhar pra ele poder ficar bebendo o dia todo..."

Esses pensamentos foram tirados de sua cabeça assim que uma mensagem de Bianca chegou em seu celular.

"- Amor! Onde você está? Tudo bem?

                                - Tudo bem, Bia. Trouxe Joãozinho para ficarmos em um internato. Não suporto mais minha casa.

- Mas por que um internato? Poderiam ficar aqui...

- Tudo bem, vamos te visitar aí as vezes.

- Tudo bem. Se cuidem, ok? Eu te amo<3

- Te amo mais, minha Noiva Cadáver<3"

Deixou seu celular de volta no bolso e encarou o teto.

- Você não vai fazer nada acontecer se ficar ai parado. - Um garoto de capuz sentado na beliche ao lado de Jhonny diz, com uma voz rouca

- O que?

- Eu sei o que você quer. Vingança. E não vai consegui-la se ficar ai parado...- o garoto diz e aponta para uma janela, onde há um grande muro. - É só pular.

Jhonny pensa. Seu ódio cresce cada vez mais que sua família é uma destruição.

"Ele merece pagar." Pensou

Jhonny's GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora