Gwyneth
Os olhos da sacerdotisa passeavam por toda a vista, aproveitando cada detalhe. Até mesmo o caótico fluxo a impressionava.
— Puta que pariu, achei que nunca íamos chegar. — disse a ruiva, após descer o último degrau da Casa.
A risada de Nestha soou alto, chamando a atenção de algumas pessoas que passavam.
Elas ainda ofegavam quando chegaram a rua illyriana principal. A dupla brilhavam devido o suor e com certeza pediriam um banho para Emerie.
O calor da cidade iluminava cada ponto do corpo dela, Gwyn tinha sentido falta disso.
Sim, o templo não era uma metrópole, porém ele tinha vida. Ela conversava com gente e não se preocupava com nada.
Nestha apertava firme a mão da colega, para lhe passar segurança. Ela olhava os passos da ninfa, como uma coruja vigiando os filhotes.
As duas continuaram a caminhada apressadamente, empolgadas em rever a amiga.
Elas chegaram cansadas na loja de Emerie. Era um comércio bem localizado, com uma organização impecável. O estabelecimento era feito de modo rústico, com uma madeira escura e uma lona vermelha chamativa na frente. O interior era claro, como se existisse um pequeno sol ali dentro. Havia várias prateleiras espalhadas, recheadas de produtos.
Um sino agudo soou quando elas entraram, chamando a atenção da atendente.
A morena estava com os cabelos cabelos um coque, para que não atrapalhassem o trabalho.
Ela saiu de trás do balcão e deu um abraço forte nas duas.
— Vocês estão podres! — exclamou, se afastando e fingindo nojo. — Finalmente as madames vieram me visitar — um sorriso surgiu no rosto de Emerie, enquanto a mesma dava um beijo na bochecha de Gwyneth.
— Digamos que eu sou uma fêmea muito ocupada — brincou.
— Isso não é desculpa, Berdara. — a morena deu um suspiro cansado fajuto e perguntou — O que vocês vieram fazer em minha humilde residência?
— Viemos entregar algumas papeladas para você.
Os papéis estavam levemente amassados, mas Emerie leu com rapidez.
As três iniciaram um papo espirituoso e ininterrupto. O céu começava a ficar escuro quando um cliente chegou.
Um macho alto e cheio de músculos, o estereótipo de um illyriano.
Nestha e Gwyn se afastaram para não atrapalhar Emerie, que ajudava o homem a achar uma bota.
A grã-feérica percebeu a ninfa ficar dura como pedra e apertar ainda mais forte a mão esquia. A Archeron passou os braços ao redor da sacerdotisa, tentando puxá-la para mais perto.
Por mais que elas tentassem esconder, movimento ficou suspeito para Emerie, que tratou de acelerar sua venda.
— Eu tinha esquecido o quanto clientes são chatos.
— Nestha Archeron! — a illyriana deu um tapa fraco. — Eu não consigo te imaginar vendendo coisas — com um tom claro de piada.
— Papai era mercador, e os mais ricos compradores iam nos visitar. — explicou — Mas eu odiava. — a feição Nestha mudou e ela pigarreou.
Emerie e Gwyn mudaram de assunto de forma rápida, para não chatear a grã-feérica. Toda vez que mencionavam o falecido Archeron, Nestha se encolhia e ficava melancólica.
Já estava de noite quando elas ajudaram Emerie a fechar a loja.
Com um suspiro cansado fingido, a illyriana falou:
— Que não saia daqui, porém eu estou cansada de ter tanta coisa para fazer. — ela apoiou as mãos na cintura e disse. — Sendo sinceras, por que vocês estão aqui?
Nestha pode ver as peças da cabeça de Gwyn batendo uma nas outras.
— É que eu sai do minha casa... ela era alugada, sabe...
— Não, você nunca me contou. — disse ela seca, cruzando os braços.
Emerie descobriria rápido se as coisas continuassem assim. Ela não era idiota e Gwyneth mentia muito mal. Com isso, Nestha decidiu interferir.
— O dono da casa despejou ela e nós estamos procurando uma nova para ela.
Elas puderam ver a sobrancelha da illyriana se arquear e tentaram não parecer nervosas.
— Você sabe que alguma casa que tenha aqui nas redondezas? — Nestha deu um sorriso amarelo.
Emerie ficou uns segundos quieta e falou baixo:
— Bom... como eu já disse, eu estou muito cansada de cuidar da loja sozinha. Se você quiser — disse para Gwyn — pode morar aqui comigo.
Gwyneth abriu e fechou a boca sem conseguir falar.
— E então?
— Eu quero. — a voz dela tremulou. A morena abraçou a ninfa. Enquanto isso, o olhar da ruiva cruzou com o de Nestha, como um pedido para que ela guardasse segredo.
O coração dela tinha pesado. Gwyn sabia que Emerie era de confiança, sabia que ela nunca abriria a boca. Porém a biblioteca era uma coisa maior, uma instituição secreta de um grão-senhor.
Emerie começou a andar pela casa, mostrando animadamente as coisas para as duas, tirando a garota do pensamento.
O quarto dela era rústico, como a maioria das construções do local. Tinha poucas coisas como decoração, que deixava-o a cara da dona.
Numa prateleira, em um canto, havia um bibelô dourado que chamou a atenção da ruiva. Ele era delicado e luxuoso, contrastando com ambiente. Nele tinha escrito algo em feérico antigo, que Gwyn não pode decifrar. Com curiosidade, ela perguntou:
— Quem te deu?
— Uma amiga — falou a morena, tentando mudar de assunto.
Ela mostrou os livros novos e falou os lugares que queria ir.
De frente para uma janela, tinha cama maior que uma de solteiro. Por causa das asas, a maioria dos móveis eram adaptados.
— Bom, talvez a primeira noite nós tenhamos de dividir.
— Não vai ter problema, Gwyn é elástica. — disse Nestha
O trio deu uma gargalhada sonora e já iniciaram os preparos para dormir.
A noite passou rápido e elas se divertiram contando histórias que aconteceram com elas e relembrando alguns momentos da amizade delas.
Elas já estavam na cama e as duas já estavam dormido, com a ninfa no meio das duas, abraçada na illyriana. A sensação era confortável, como uma manhã quente.
Gwyn olhava fixamente para as amigas quando ela percebeu o quanto amava ter elas em sua vida imortal. Ela se sentia livre com elas, como um pássaro curado recém-saído da gaiola.
Uma hora ela contaria a verdade para Emerie.
Um dia ela poderia contar.
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headcanons de euleitorafernanda
Fanfictionsurtos que talvez me levem para a ala psiquiatrica