Cassian e Nestha

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Nestha estava estirada na cama, acariciando a barriga. Ela olhava fixamente para a porta do quarto. Ela estava no quinto mês de gravidez e seu abdomen começava a marcar, e ela estava radiante. A fase dos enjoos já tinha parado e seus pés estavam começando a ficar inchados.

A luz do sol atravessou a porta, quando Cassian entrou, se secando após o banho. O cabelo dele grudava na face, o deixando mais sedutor possível. Os olhos dela seguiram todo o corpo dele até o "v" em sua cintura.

- Ness, eu já estou sentindo o cheiro.

- Cala a boca - disse jogando o travesseiro.

Ele engatinhou entre os lençóis, se aconchegando junto com ela.

Cassian estava mais distante ultimamente.

Sim, ele era um homem ocupado, mas estava de um jeito diferente. Ele parecia evitá-la de uma forma estranha, como se estivesse incomodado. E Nestha estava completamente irritada com isso.

Ele parecia encucado, como se engolisse as coisas.

- Como foi seu dia? - perguntou Nestha, quase jogando as palavras.

- Bom. - falou seco, olhando fixamente para a barriga da esposa.

Com determinação, ela tirou o cabelo da face dele, segurando o queixo e murmurou.

- O que aconteceu, meu bem? - a mão dela forçou o rosto dele a observá-la.

- Nada... - saiu mais baixo que um sussuro.

- Cass, não sou idiota, fala logo.

- É que... - ele bufou - sei lá. Eu estou pensando nas coisas.

- Que coisas, meu amor? - a voz dela ficou manhosa.

- Nessa coisinha - ele apontou para a barriga dela.

Nestha esperou ele continuar. Cassian engoliu em seco, abrindo e fechado a boca algumas vezes. Sua confusão estava estampada em seu rosto.

- Porra, Ness, nós vamos ser pais. Eu vou ser pai. - ele despejou como se explicasse tudo.

- Eu sei, meu amor. Eu penso nisso todos os dias. É assustador.

- Sim, especialmente quando não teve um pai.

Ele prendeu a respiração alguns instantes, tentando raciocinar.

- Você sabe, parece que ter problemas parentais é um pré-requisito para ser um feérico - ele soltou uma risada irônica.

- Para os nascidos e os criados - ela completou.

- E é isso que eu tenho medo. Sabe? Como, o que eu tenho de fazer se essa coisinha se machucar? Quando ela treinar, será bem provável que ela não será aceita por todos os guerreiros. O que nós faríamos? Sem matar metade do acampamento illyriano - ele especificou quando viu a expressão dela.

Ela não sabia o que responder. Nunca tinha tido aquilo também. Sua mãe era um demônio de saia e seu pai era omisso o suficiente para deixar três crianças cuidarem de si mesma.

E ela mesma não cuidou direito das irmãs, não cumpriu seu papel de mais velha, deixando uma criança de quatorze anos sustentar uma casa.

- Não. Eu não sei. Mas a gente vai descobrir. É assim que funciona. - ela falou quase que sem esperança.

Quando o seu filho está em sua barriga, várias coisas passam em sua mente. Como ele será? Quem ele vai puxar? Como ele vai viver?

- É que eu tenho medo que ela sofra o que a gente sofreu. - sussurrou. - Convenhamos, derrotar um rei e as rainhas humanas custou muito mais do que algumas noites mal dormidas e um treinamento mais intenso. Nós quase morremos diversas vezes, Ness. Só não passamos para o outro lado porque a Mãe nos ama mais que a maioria. - ele respirou fundo - Eu juro por tudo de mais sagrado, que eu tenho medo de ela passar o que eu passei nas montanhas illyrianas.

Uma lágrima solitária caiu do olho de Cassian, sendo limpa por Nestha em um impulso.

- Se ela ficar na noite e não tiver um Rhysand ou um Azriel para ficar perto.

- E eu juro por tudo que é mais sagrado que se alguém tocar no nosso bebê, essa pessoa não iria mais respirar. - um riso fraco surgiu na face dela - É bem provável que essa criança seja um guerreiro ou uma guerreira espetacular, ou até mesmo se ele não quiser erguer a porra de uma espada na vida dele, eu vou amar essa coisinha da mesma forma. Porque ele é nosso filho, Cassian. Ele é a nossa mistura.

Ela passou os dedos na face do parceiro.

- Eu vejo você com seus irmãos, com a sua família. Você será um pai divino, meu amor. Não haveria outra pessoa que eu pudesse imaginar ser mais adequado, mais certo para isso.

Cassian encostou o nariz deles e colocou a mão na barriga dela delicadamente.

- Você é a melhor pessoa que eu poderia pensar para ser a mãe dos meus filhos. Desse e dos possíveis outros que nós teremos.

Eles ficaram em um silêncio agradável por um tempo, antes do macho perguntar com um sorriso resplandecente no rosto.

- Como você acabaria com o acampamento illyriano?

- Colocaria fogo em tudo e depois salgaria os terrenos.

- Vingativa, milady. - foi a vez de Nestha soltar uma gargalhada alta.

E eles ficaram lá. Enrolados um no outro, pensando no futuro.

Eles riram, se emocionaram e se confortaram.

Por tudo que eles imaginassem para si, por tudo que eles criassem de si mesmos.

Eles ficariam felizes e amariam o seu filho com uma devoção inimaginável.

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