Capítulo 2

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Sabadão e eu já acordei com ligação da minha mãe, ela odeia que eu fique a semana toda sem mandar notícias mas são ossos do ofício e eu finjo que nem é comigo quando ela começa a bater neurose, nem parece que é casada a tantos anos com o meu pai.

-Se eu não te ligar você não lembra que tem mãe né sua cachorra.-

-Antigamente as pessoas davam bom dia.-

-Heloise você não me testa hein. Quero você aqui 12h em ponto pra almoçar com a sua vó.- 25 anos na cara e tomando esporro pleno sábado de manhã, que maravilha.

-Tá mãe, eu vou.-

-Não me responde assim não hein, fala direito comigo!- E desligou na minha cara. É sobre isso.

Levantei da cama como se nada tivesse acontecido, tomei um banho e vesti um short e uma blusa qualquer. Tomei meu café e agradeci mentalmente por não estar de plantão hoje.
Dei uma revisada nas matérias que estudei durante a semana só para fixar mesmo, porque o concurso estava próximo e eu não estava afim de reprovar de novo.

Prestei um concurso para delegada no último ano da faculdade, reprovei por dois pontos. Nunca senti tanta raiva, nossa senhora. Desde então não tinha aberto mais nenhum concurso, dessa vez eu não podia vacilar.

...

11h40 eu saí de casa e entrei no Uber em direção a casa dos meus pais e ficava em um condomínio mais afastado. Cheguei já entrando e estava a família toda na área da churrasqueira, mereço.

-Oi família, cheguei.-

-Até que fim apareceu, achei que tivesse esquecido que tem família.- Minha mãe sempre dramática.

-Aí Luísa, deixa a menina.- Meu pai sempre me defendia de tudo, porque como minha mãe diz, nós somos da mesma laia. 

-O que é Jorge? Você acha normal essa desnaturada aparecer aqui uma vez na vida e outra na morte?- Ela colocou as mãos na cintura, indignada. 

-Mãe, eu já disse que trabalho muito pelo amor de Deus.

- Eu não sei aonde foi que eu errei, sinceramente, criei uma princesa e ela virou da laia do pai dela. - Ela colocou a mão na testa e balançou a cabeça em negativa. DramaQueen.

- Amor, eu já disse a você. Se o problema é essa, a gente faz outra. E vai tentando até sair do teu jeito.

- Eu hein Jorge, aí vai sair tudo com essa tua personalidade horrorosa. Tô na idade de ser avó e tomar conta de neto.

- Começa não, que eu tô fora de cria.

- Tá vendo Jorge, como você quer que eu fique tranquila?

Minha mãe finalmente deu uma trégua e eu fui tomar umas cervejas com meu pai.

-E aí pai como está o pelotão?- Ele era Delegado, mas estava trabalhando treinando um pelotão para a próxima operação.

-Tá indo de boa, tem hora que a minha vontade é descer a porrada naqueles meninos. Mas no geral tá indo tranquilo ainda tem dois meses.

-Lá na unidade tá um saco, o pessoal quer fazer reunião toda hora.

-É assim mesmo, tá todo mundo apreensivo. Faz muitos anos que não temos uma operação de tanta importância.

-Provável que eu seja escalada para ir também. Estamos com poucos agentes- Meu pai odeia que eu vá nas operações, mas paciência né.

-Esses concursos tem que acontecer logo, com esse índice de criminalidade, cada dia mais estamos sem agentes.

- Parece que vão abrir para o final do ano, mas são só especulações né. Ninguém sabe.

- O governo fica enrolando pra abrir concurso, parece que tá esperando o povo desistir.

...

Fiquei trocando umas ideias com meu pai até a noite. Meus avós também estavam por lá, então ficamos fazendo fofoca alheia até eu voltar para casa, amo esses momentos apesar de não ter muito tempo para eles.
No meio do caminho eu já estava empolgada pra sair pra algum barzinho, mas como alegria de pobre dura pouco, recebi um chamado pra ir trabalhar amanhã, teria alguns militares que participariam da operação por lá para poder alinhar algumas coisas sobre os treinamentos necessários. Então eu tratei logo de dormir pra acordar bem humorada e não querer xingar nenhum deles, porque o raça metida a besta.

...

Acordei com o despertador gritando no meu ouvido, mostrando que já era hora de levantar.

Respondi umas mensagens e fui logo tomar um banho e ficar bem linda para começar o dia.

Coloquei a calça da farda e uma blusa preta, odeio ir fardada ao trabalho. Além de ser super perigoso eu ainda poderia me envolver em problemas, mas como não teria muito tempo, já fui colocando logo pra não me atrasar.

Cheguei na unidade e já estavam todos lá, odeio quando isso acontece.

-Bom dia gente!- já entrei como de costume dando bom dia pra todo mundo.

-Helô, já estão te esperando na sala de reuniões.- Ranço

-Obrigada.

Fui até o vestiário e coloquei a farda completa, ajeitei o rabo de cavalo e verifiquei se estava bem engomadinho. Deus me livre ganhar esporro por causa de farda.
Cheguei na sala e tinha tanta, tanta, tanta gente que minha nossa senhora.

-Bom dia gente.- Entrei, e já fui me sentando.

-Bom dia Heloise, agora que chegou podemos começar. -O delegado disse.

-Certo, desculpem o atraso.-

-Estes são os militares que irão nos auxiliar na operação contra o ex governador. Até lá iremos nos encontrar muitas vezes. Não podemos vacilar em nada no dia.- O delegado disse, corri os olhos pela sala e vi a minha trupe e uma cacetada de homem bonito.

-Nós precisamos começar o treinamento o quanto antes, precisamos de todos muito bem treinados.- Disse militar mais gostoso de todos ali presente, benza Deus. Tenente Antonelli, provavelmente o responsável pelo batalhão.

-Precisamos da escala para poder começar o treinamento, antes disso não tem como.- Já falei logo, porque por eles a gente ia se matar de treinar pra chegar no dia só ir uma parte dos agentes. Sem condições.

-Vamos fazer a escalação hoje então.- Disse o tal tenente simples. Pelo o que eu vi só tinha ele de tenente na sala. Deveria ser o responsável pelo batalhão.

Começamos a ver quem iria e quem não iria, aqui ninguém fugia da responsabilidade, mas ainda sim precisaríamos de gente aqui na unidade.

-Heloise Fernandes, escalada.- Aí meu cu. Eu só me lasco mesmo.

-Heloise não pode deixar de ir, além de ser a responsável pelo treinamento dos novos agentes é a nossa melhor agente.- Disse o Delegado, já me senti a própria rainha da cocada preta. E realmente, eu merecia todo o mérito, trabalho muito por isso.

-Darei o meu melhor para a operação.- Disse.

-Tem que dar mais que o seu melhor senhorita. É de extrema importância e eu quero voltar com todos que foram.- Disse o tal do Antonelli, já vi que vou me estressar com esse cara. Mas é óbvio que a gente ia dar o nosso máximo para voltarmos todos juntos, ou eu ia querer perder um de meus colegas? Ah pelo amor de Deus. Cara babaca.

-Sim senhor.- Ainda tinha que ser educada com esse idiota.

Continuamos a discussão, acabou que a trupe estava toda escalada, e os militares que estavam lá também. Eu e o tal Antonelli seríamos os responsáveis pela operação, claro abaixo do delegado e do coronel.

Assim que terminou a reunião eu já fui picando a minha mulinha, mas o meu delegado já veio falando que eu iria alguns dias na semana para o batalhão do tal do Antonelli com os agentes para treinarmos todos juntos. Treinar tiro e etc. Já tô até vendo, vou ter que tomar calmante pra não mandar esse cara a merda se ele continuar se achando o superior.

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