Capítulo 5

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Bernardo Antonelli

Ser tenente do EB é a realização de um sonho, não só meu mas dos meus pais também. E nada me fazia mais realizado do que ser um militar respeitado e renomado, estudei muito para chegar onde estou.

Essa operação já estava prometida a tempos e terminá-la com sucesso era uma realização ainda maior, graças ao nosso batalhão e a ajuda dos PFs tudo tinha dado certo e agora era só esperar a próxima convocação.

Até o início da operação eu ainda achava a Heloíse uma mimada que conseguiu o cargo por pura sorte ou indicação já que o pai dela é delegado. E foi aí que eu me enganei quando eu vi a mina trocando tiro com os vagabundos e mostrando que não foi pra brincadeira, minha admiração por ela só cresceu. A mina é pica. 

Pica e marrenta para caralho, nunca vi igual. Mas eu que não ia reclamar, sou igual ou até pior. A vida que a gente leva nos permite, fazer o que. 

Quando eu a vi chorando dentro do carro, eu entendi que todo mundo tem suas fraquezas e com ela não seria diferente. Esses dois meses ela seguiu firme pra caralho, com uma responsabilidade fodida nas costas e sem fraquejar, se deu tudo certo devemos muito a ela que soube segurar a pica e nos auxiliar o maximo, e era isso, todo mundo colaborou para que desse tudo certo. 

Fui levando o carro dela até o quiosque que o pessoal estava acostumado a ir, a real é que viramos uma grande familia, e não tinhamos mais diferenças entre nós. 

- O pessoal marcou naquele quiosque de sempre? - perguntei a ela que estava com a cara virada para a janela. 

- Eu acho que sim, sempre vamos para lá mesmo. -

- E tu, melhorou?-

- Tô melhor né, nada que um porre não resolva. vou emendar um no outro e terminar só no final das férias.- Disse rindo. a mina era malucona pô.

- Cachaceira pra caralho. -

-Eu tenho liberdade poetica para ser cachaceira, lidar com esse bando de homem grosso é foda! -

- Aou, eu não sou grosso não, porra. -

- Não é né? Só mete uma marra fodida só, coisinha basica. -

-  Se eu meto é porque eu posso né.

- Você é ridiculo garoto, se acha. - ela disse rindo. 

- E você não se acha não?

-Eu não me acho, eu sou bebe.

-Essa disputa de ego do caralho, vamo parar já.

- O carro ficou até pesado. - ri.

Nós chegamos no quiosque e a galera já estava lá, pagodin rolando no fundo e aquelas coisas mais pra frente. 

- Fala rapazeie, tudo no esquema?

-Qual foi meu tenente, não fala assim que eu me apaixono. - o babaca do Andrada, maluco era meu parceiro desde moleque, compartilhamos o mesmo sonho e crescemos juntos. irmão mesmo. 

- Para de viadagem caralho.

- Um homem desse falando assim eu já fico ate fraco. Fala tu Helô. - o Douglas disse, outro que era fechamento puro, mas vivia pra pentelhar a Heloise, nunca vi. 

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