Capítulo 3

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Acordei na segunda com o despertador gritando no meu ouvido e já reclamei mentalmente por hoje ser o primeiro dia no batalhão. Que Deus me acompanhe.

Tomei um banho rápido, coloquei minha farda completa e fiz um coque baixo e bem preso. Dia de treinamento, cabelo solto não rola, ainda mais que hoje tinha que usar o quepe.

Arranquei com o carro para o batalhão que era lá na puta que pariu, haja gasolina.

Cheguei lá com uma fome do cão, mas se eu fosse comer lá me atrasaria e eu que não ia dar margem pra tomar esporro fora da minha unidade.

-Bom dia senhores.- Cheguei cumprimentando o tenente Antonelli e o capitão Dorneles que estava com ele.

-Bom dia Heloise, podemos começar?- Concordei com a cabeça e fomos em direção ao pátio.

Já tinha uma cacetada de soldados queimando no sol, e eu confesso que amo ver um soldado sofrer. Na época que eu entrei na PF, sofri igual.

-Vamos começar com a corrida.- Ele falou firme.

-Esse cara é um idiota, acha que a gente nunca fez um treinamento.- O Douglas falou no meu ouvido e eu ri.

-Relaxa, ele vai se foder com a gente.- Respondi pra ele.

-Atenção senhores.-

-Desculpa.- O Douglas respondeu pra ele.

-Senhor, poderíamos fazer o circuito e depois acrescentar o tiro.- Até parece que eu ia ficar trezentos anos correndo pra depois ele falar que ia fazer circuito.

-Pois eu acho melhor a corrida.- Marrento demais, minha nossa Senhora.

-Se o senhor acha melhor, tudo bem. Eu acho perca de tempo.

-Então treinamos como você acha melhor hoje e amanhã treinamos como eu acho melhor.- Pelo menos foi flexível né

- Sim senhor.

Fizemos o treinamento durante o dia todo, e eu podre de fome. Paramos por volta das 15h porque o bonitinho precisava se alimentar e eu dei graças a Deus, já estava vendo a hora que ia desmaiar e fazer vergonha.

Fomos todos almoçar no refeitório e eu amo quando não preciso gastar com almoço, na unidade todo dia é uma paulada na conta bancária.

-Caralho cadê os dias de glória dessa porra?- Daniel falou enquanto a gente comia.

-Porra depois dessa operação, se eu estiver viva, vou tomar um porre no show do Matheus e Kauan.-  Inclusive saudades de um furdunço, ultimamente é só trabalho, trabalho e trabalho.

-Depois dessa operação, nós temos que comemorar todos juntos.- Disse um cabo do batalhão do Antonelli.

-Só bora, eu tô dentro de qualquer rolê.

-Heloise já tá mais confirmada que o próprio fim da operação.- A Carlita falou e eu tive que rir alto. Puta merda.

-Vai ter um show do Matheus e Kauan e do Jorge e Matheus no fim de semana depois da operação. Se todo mundo sobreviver já dá pra ir.- O tal do Antonelli falou.

-Estarei lá firme e forte, nem que seja como assombração.- Falei rindo, o foda de quanto tem operação de extrema importância é que não sabemos se sairemos vivos e mesmo não querendo pensar nisso é inevitável.

Terminamos o almoço e voltamos a treinar. Agora apenas tiro por conta do almoço.

- Pra uma patricinha até que a senhorita atira muito bem. - Olha mas deve ser karma, esse ser humano pentelhando meu juízo.

- Acredito que o meu potencial em atirar não deve estar sendo questionado pelo senhor.

- Ialá, calma aí Heloíse, não precisa ficar na defensiva pra sempre. Estou só descontraindo. - E realmente ficar de lero lero com colegas de trabalho não era a minha vibe, mas eu confesso que precisava descontrair.

- Desculpa. Mas acredito que certos apelidos não precisam ser aplicados entre a gente.

- Tá certo, me desculpa então. Vou te deixar treinar em paz.

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