Capítulo 5

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Thiago tinha comido tanto que resolveu ir embora mais cedo

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Thiago tinha comido tanto que resolveu ir embora mais cedo. Durante a noite, postes de luzes iluminavam toda a área, tanto das casas, das construções, quanto do caminho dos campos de vinhas. E gostava de andar ali, caminhar até a própria casa sem pressa, apenas apreciando a noite, o luar, deixando a mente vagar livre e processar tudo o que aconteceu no jantar.

Como sempre, os jantares na casa Bodini eram repletos de conversas paralelas sobre todos os assuntos em meio a muita comida, então, sempre demorava para ele processar tudo o que havia acontecido, sobre todos os significados das conversas.

A coisa mais importante era sem dúvida o fato de André não ter participado do jantar. E quanto ao motivo do irmão estar tão estranho e recluso, sua mãe tinha informado que encontrou ele conversando com a Sueli.

Sueli. Thiago se lembrava da ex-namorada do irmão. Tudo o que sabia era que a mulher tinha terminado o relacionamento deles antes do André ir para a Itália, dois anos atrás. Então, foi ela que entrou mais cedo na vinícola quando estava com o irmão na loja.

Foi Sueli que colocou André para correr.

Apesar de ter visto o irmão brevemente, foi o bastante para ver que algo o estava atormentando. Mas, antes que pudesse se aproximar e perguntar alguma coisa, seu tio Cláudio tinha entrado na casa e todos tiveram que conhecer a nova noiva dele.

Mais uma que ele brincaria por alguns meses até o casamento, viajaria para a lua de mel, como se aquilo fosse a primeira vez e depois, viria o divorcio. Virgínia, esse era o nome dela. Não parecia tão jovem como as ex-esposas do tio, mas tinha longos cabelos loiros e olhos azuis. Algo nela lhe parecia muito familiar na verdade.

Mas, bem, ele via muitas pessoas entrarem na loja; nos passeios turísticos pela vinícola; bem provável que tenha visto ela ou alguém parecido.

Com as mãos nos bolsos, Thiago virou-se na pequena rua onde ficava sua casa, ao lado da casa de Liliana; onde também poderia ver a moradia do Zé. Sem ao menos se dar conta das suas intenções, olhou para cima e viu algumas luzes acesas na pequena varanda. Deu mais alguns passos para frente e a viu.

Luísa estava sentada, as luzes amareladas das lâmpadas brincavam com a silhueta delicada, que estava inclinada, concentrada lendo um livro. Reparou que os cabelos estavam presos e ela parecia bem mais relaxada. Tão linda. Tão linda que Thiago mal percebeu quando subiu os dois degraus da varanda para se aproximar dela.

— Então, você é a filha do Zé.

Ao ouvir a voz dele, Luísa ergueu a cabeça surpresa, confusa por ter sido tirada da concentração do livro; e quando seu olhar se encontrou com o dele; ambos sentiram que alguma coisa aconteceu.

— É uma surpresa para mim também. — Luísa fechou o livro e endireitou as costas, e olhou para ele curiosa. — Você também mora aqui? Pensei que meu pai fosse o único funcionário que tinha uma residência nessas terras.

Thiago não conseguiu segurar o sorriso ao perceber que ela não fazia ideia de quem ele era. Não sabia que ele era um Bodini e curioso, apoiou o lado esquerdo do corpo em um dos postes de sustentação da varanda simples.

— Eu tenho uma casa aqui também. É aquela ali — apontou por com um gesto da cabeça. Luísa olhou para a direção e assentiu.

— Então somos vizinhos.

E isso o deixava muito feliz, porque assim, poderia ver ela com mais frequência.

— E o seu pai?

— Dormindo. Ele disse que costuma dormir cedo para acordar mais disposto para o trabalho amanhã.

Thiago assentiu.

— Ele é muito trabalhador. Acorda bem cedo e bem disposto. Todos os dias.

Luísa o olhou curiosa.

— E você também acorda cedo?

— Claro. Você já viu como esses campos ficam nas primeiras horas do dia?

— Não. Não sou uma pessoa que gosta de acordar cedo.

— Não?— Thiago alargou o sorriso, tanto que Luísa não pode deixar de reparar um par de covinhas marcando na barba rasa, o deixando com um travesso ar infantil. — É uma pena, iria convidá-la para um passeio amanhã.

Luísa arqueou as sobrancelhas para ele.

— Passeio?

— Aposto que ainda não conheceu toda a vinícola.

— Tem razão, mas... Preciso acordar antes do sol nascer para conhecer o território?

— Não. Posso vir te buscar amanhã as 07:00.

Luísa fez uma careta.

— Ainda é muito cedo.

— Cristo! — Thiago elevou a mão ao coração. — Você não é daquelas pessoas que fica a manhã toda dormindo, é?

Luísa deu de ombros e respirou fundo.

— Mesmo que eu concorde com isso de acordar cedo, como posso aceitar o convite de alguém que nem sei o nome?

Thiago elevou as sobrancelhas.

— Não sabe?

— Não. — Balançou a cabeça. — Você sabe o meu?

— Claro. Seu pai te chamou de Luísa na loja. É Luísa?

— Bem, — inspirou fundo. — Você sabe o meu nome e eu ainda não sei o seu. Muito injusto, não é?

Com a fala dela, o sorriso dominou novamente o rosto do Thiago, com os olhos brilhantes, se aproximou de Luísa, tomou a mão dela como ela via os cavalheiros fazer nos livros de época que lia e depositou um beijo na parte de cima da sua mão.

O coração de Luísa disparou como há muito não acontecia. De um jeito que nunca pensou que aconteceria novamente.

— Thiago, mia cara. Ao seu dispor.

Mesmo com a fraca iluminação, ela pode ver e sentir todo o poder daqueles olhos azuis esverdeados sobre ela. O olhar, somado ao gesto, as palavras em italiano, tão bem pronunciadas, carregada de uma ancestralidade italiana fez ela perceber que aquele homem era muito perigoso.

Não estava ali para se apaixonar, não queria arriscar tão cedo o seu coração. Principalmente agora que estava começando a se curar dos sentimentos que nutria por Gabriel.

— E então? Posso mostrar a vinícola para você amanhã?

E por mais que soubesse do perigo de se aproximar daquele homem, ela não conseguiu negar.

— Claro, mas será às oito. Estou de férias, não irei acordar antes das oito.

Thiago sorriu, as covinhas marcando aquele ar travesso que parece nunca sair das suas feições.

— Como quiser, mia cara.

E para quem é curioso como eu e Thiago kkk Mia cara significa minha querida em italiano

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E para quem é curioso como eu e Thiago kkk Mia cara significa minha querida em italiano.

Aquarela de Sabores (Série Bodini) | DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora