Ai meu pé

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Em um distante tempo, uma grande guerra eclodiu no alto da montanha Ergus. No topo daquela montanha, havia um castelo, onde uma feroz batalha estava sendo travada. Os soldados que defendiam o castelo não tinham muitas chances contra os inimigos da fortaleza vizinha, os Pollius, que atacavam com força implacável. Desesperado diante do avanço inimigo, o rei do castelo decidiu recorrer a uma arma mágica: um cajado com uma pedra em sua ponta, capaz de encolher qualquer coisa. Bastava um toque do cajado para que humanos, animais, edifícios, armas, escudos—tudo—fossem reduzidos a um tamanho insignificante.

Na pressa para usar a magia e deter o inimigo, o rei apontou o cajado em direção aos atacantes e pressionou o botão que acionava a magia. No entanto, um inimigo chegou pelas costas e empurrou o rei, fazendo-o mirar para outro lugar. O feixe mágico disparou para a direção errada e, em vez de atingir os Pollius, caiu sobre uma cidade próxima. O castelo foi rapidamente dominado pelos inimigos, e o rei e a rainha tiveram de fugir pelos fundos, deixando para trás todas as suas riquezas e seu reino.

Dias depois, as pessoas começaram a notar o desaparecimento da cidade que havia sido atingida pelo feixe mágico. Um pequeno grupo foi até o local para investigar o que havia acontecido. Quando chegaram lá, não encontraram absolutamente nada. Parecia que a cidade havia sido completamente apagada do mapa. Mas então, um dos homens pisou em algo duro e gritou de dor: "Ai, meu pé!". Ele olhou para baixo, tentando entender o que causara a dor, e, ao escavar a grama, encontrou uma pequena casinha, do tamanho de uma formiga, na palma da mão. Ele ficou perplexo, perguntando-se como algo tão pequeno poderia ter machucado seu pé.

Mais pessoas começaram a pisar em coisas duras, sentindo a mesma dor aguda. Todos foram remexendo a grama e encontrando pequenas casas do tamanho de joaninhas. Um homem exclamou com indignação: "Que brincadeira é essa?". Enquanto alguns voltaram a colocar as casinhas no chão, outros resolveram levá-las como recordações. E depois disso, ninguém mais retornou ao local onde antes havia uma cidade cheia de vida. A montanha Ergus, que outrora testemunhara batalhas épicas, agora guardava o segredo do rei e seu cajado mágico.

A notícia do desaparecimento da cidade começou a se espalhar rapidamente pelos reinos vizinhos. Os rumores diziam que um poder arcano estava por trás do evento, e o povo especulava sobre o que poderia ter acontecido. Alguns diziam que a cidade havia sido tragada pela terra, outros que havia sido engolida pelo céu. Os mais velhos, porém, sussurravam sobre uma magia proibida, um poder tão grande que nem mesmo os mais poderosos feiticeiros ousavam usar.

Enquanto isso, o rei e a rainha, exilados de seu próprio castelo, vagavam pelo território em busca de abrigo e apoio. A fuga havia sido desastrosa, e eles estavam fracos, cansados e com poucas provisões. Cada dia no exílio parecia uma eternidade. O rei, consumido pelo remorso, sentia o peso de sua escolha errada. A rainha, tentando manter a esperança, tentava encorajar o rei, lembrando-o de que ainda tinham um ao outro.

Um dia, enquanto caminhavam por uma floresta densa, eles encontraram um grupo de rebeldes que também haviam sido expulsos de seus lares pelos Pollius. Esses rebeldes, liderados por um homem chamado Calian, haviam montado um acampamento secreto no coração da floresta, onde planejavam sua vingança contra os invasores. Calian, um homem corajoso com um coração bondoso, ofereceu ajuda ao rei e à rainha. Ele sabia quem eles eram, mas acreditava que todos mereciam uma segunda chance.

Enquanto o rei e a rainha se recuperavam no acampamento dos rebeldes, um plano começou a se formar. Calian sabia que para derrotar os Pollius, precisariam de mais do que apenas armas; precisariam de aliados e de um pouco de magia. O rei, por sua vez, lembrou-se do cajado mágico que havia usado e de seu potencial destrutivo. Ele contou a Calian sobre o cajado, e juntos decidiram que deveriam recuperar essa arma para ter alguma chance contra os Pollius.

A missão não seria fácil. Os Pollius haviam ocupado o castelo e estavam vasculhando cada canto em busca de tesouros e artefatos. Recuperar o cajado significaria arriscar suas vidas, mas para o rei, era a única forma de corrigir seu erro. A rainha insistiu em ir junto, pois sabia que a jornada seria perigosa e queria estar ao lado de seu marido.

Na calada da noite, o rei, a rainha e Calian partiram em direção ao castelo. Eles sabiam que a missão seria difícil e perigosa, mas também sabiam que o futuro do reino estava em jogo. Com cautela, eles atravessaram florestas escuras, evitavam patrulhas inimigas e usavam trilhas secretas para se aproximar do castelo.

A jornada era sombria, mas a esperança de corrigir o erro do passado e reconstruir seu reino dava ao rei e à rainha a força para continuar. E assim, avançavam, cada passo os levando para mais perto do castelo e do cajado mágico, enquanto uma nova batalha, desta vez pela redenção e pela justiça, estava prestes a começar.

O Pequeno BiWhere stories live. Discover now