.Olhos azuis

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O clima permanecia gélido, um vento frio batia contra seus rostos pálidos enquanto ambos andavam pela rua, o mais novo visualmente mais animado enquanto o outro, carregava diversas sacolas em suas mãos, se divertindo com a curiosidade ingênua do outro.

Ter sido basicamente trancado em um casarão, com somente os serviçais e sua família como companhia, o deixava encantado com coisas mínimas do "mundo de fora".

As árvores de diferentes cores por conta da estação, as pessoas conversando pelas ruas e se divertindo em conjunto, os vencedores das banquinhas de fruta os oferecendo uma bala de cortesia.

Em todas essas situações, era possível se ver um brilho nos olhos azulados, que deixavam o coração do irmão mais velho quentinho, se julgado por não tirar o outro daquela "maldita casa" antes.

— Nii-san! Nii-san! Olha! — Ele profere de forma animada, puxando levemente o braço de Shishio.

Takemichi apontava para uma barraca de antiguidades, olhando com expectativa para o Hanagaki mais velho:

— Quer ir até lá? — Sua resposta logo vem em forma de um aceno positivo. — Então vamos rápido, essas bolsas já estão começando a pesar. — Brinca.

Takemichi, ao escutar isso, estende seu braço esquerdo, sinalizando que queria pegar algumas das bolsas para seu irmão não fazer tanto esforço mas pelo visto, Shishio não entende, já que somente passa todas as bolsas para seu outro braço, e segura a pequena mão de seu caçula.

"Não era realmente isso que eu queria." — Pensa.

Os dois andam em direção a pequena e desgastada lojinha de antiguidades, abrindo a porta que notifica suas presenças com um fraco "tilin" do sino acima da loja.

O Hanagaki mais novo olha em volta, percebendo alguns livros antigos e empoeirados, juntamente com o espelhos que modificavam seu reflexo e diversas bugigangas espalhadas. Ele passa o dedo pela capa de um livro, limpando-a e dando espaço para se ver o título, aparentava ser um livro-diário sobre lendas antigas e criaturas místicas. A capa era toda confeitada em plantas e flores secas, um símbolo antigo em seu meio foi o que chamou a atenção do moreno, em seus diversos estudos obrigatórios no casarão, ele sabia muito bem o que significava aquele desenho tão esquisito:

"Feitiçaria proibida"

Ele suspira surpreso, a palavra "proibida" o fazia querer mais e mais abrir aquele livro e saborear até a última palavra dele, lê-lo e relê-lo, gravar os feitiços em sua mente até que nem o tempo seja capaz de apagar.

E ele teria feito.

Se não fosse por uma mão um tanto enrugada lhe dar um tapinha na mão a qual segurava o livro, fazendo-o soltar na mesma hora:

— Não toque nos itens sem antes ter pagado, criança! — Diz zangado.

Takemichi esfregava sua mão dolorida com um leve biquinho emburrado em seu rosto, desviando o olhar descontente:

— Desculpe senhor..

— Hmpf. — Resmunga, pegando o livro e lendo seu título, para depois encarar o menino mais novo, que ainda alisava sua mão. — Tão interessado nessas coisas velhas?

— Não são coisas velhas..— Murmura. — E eu acho interessante.

— Se fosse tão interessante, não estaria aqui na estante desde a época da minha avó. — Brinca.

— Bem, a culpa são dessas pessoas que não conseguem perceber o quão divertido são essas leituras.

— E você sabe?

.Sangue, matilha e magia - Maitake Onde histórias criam vida. Descubra agora