.Sangue, matilha e magia - Maitake

.Noite

Mikey seguia pela floresta, desviando de alguns galhos que cruzaram seu caminho assim como do pequeno riacho que passava por ali. O medo de escorregar por um dos galhos úmidos do clima chuvoso da cidade o consumia por completo.

Mas o que de especial tinha nisso? Afinal, ele fazia esse caminho todos os dias, nesse mesmo horário e com os mesmos empecilhos no caminho.

Um menino de fios negros e encaracolados cochilando em suas costas, rosto aninhado contra o pescoço de Manjiro e braços rodeando-o de forma firme, mesmo que inconscientemente. Suas mãos segurando firmemente as coxas fartas enroladas contra sua cintura, com medo de deixar o garoto cair por um deslize.

Okay, ele não sabia onde o menino morava.

Okay, ele também não conhecia alguém que conhecesse o menino.

E OKAY! Talvez ele devesse ter perguntado coisas úteis ao moreno ao invés de "qual sua cor favorita?" ou "você gosta de pessoas altas?" que é uma pergunta EXTREMAMENTE necessária no ponto de vista do Sano.

Todos os pedaços de sua consciência lutavam entre si para descobrir o que faria com o menino porque deixá-lo cochilando na floresta sozinho estava fora de cogitação, não conseguiria nem dormir a noite isso ele sabia.

Poderia o deixar em algum postinho da polícia como se ele fosse uma criança perdida, ele pensa nisso por alguns minutos até se dar conta de que seria muito estranho levar uma pessoa desacordada como quem não quer nada. Também pensou em o acordar mas ele estava tão, tão adorável dormindo contra suas costas que Mikey sentia que seria o maior pecado que cometeria em terra caso o tirasse de seu cochilo.

— Oh merda..onde eu fui amarrar meu burrinho..— Murmura para ninguém em particular, crispando os lábios com forma.

Pelo visto, ele não havia sido tão baixo quanto pensava, já que o menino em suas costas se remexe lentamente, fazendo Mikey se amaldiçoar mentalmente:

— Manjirou-san..— Sua voz sai manhosa e baixinha. — Pra onde está me levando?

Pronto! Mikey se sentia um sequestrador agora.

— Pra sua casa..? — Diz com certa duvida. — Não realmente, não sei onde você mora.

— Perto..

— Ah sim, essa descrição ajudou bastante. — Se faz irônico. — Você quer descer?

— Não, está confortável assim. — Ele apoia o queixo no ombro de Mikey. — Me desculpa por cochilar em você.

— Tudo bem, só não confie tão facilmente nas pessoas assim, Okay?

— Você não é confiável? — Pergunta.

— Não! Quer dizer, sim! Sim, eu sou confiável, sou diferente, entendeu? — Sem embola ao dizer, recebendo um acenar de cabeça positivo do moreno. — Mas não durma perto de qualquer pessoa, pessoas são más, lembre-se disso.

— Hm..Okay. — Diz, mesmo não entendendo muito bem aquela lógica.

Pessoas são ruins mas Manjirou é bom?

Como saber se uma pessoa é boa ou ruim?

Ele é bom ou ruim?

Muitas perguntas rondavam a cabeça do pequeno Hanagaki, ainda era moralmente cinza, não entendia muito bem a diferença entre uma pessoa boa ou uma pessoa ruim.

O que fazia das pessoas boas?

Seu irmão sempre lhe dizia que se prejudica outra pessoa, isso a torna má.

— Enfim, onde é sua casa? Eu posso te levar até lá. — Mikey se oferece, logo sendo rejeitado.

— Pode me deixar na entrada da floresta mesmo, meu Nii-san vai vir me buscar.