Nota 4.

60 10 1
                                    

— UM MILHÃO E MEIO?!

A voz estérica de Risotta soou, palmas foram iniciadas logo após a fala decidida do rapaz de fios curtos que mantinha um sorrisinho em sua face, o lance ridiculamente alto havia deixado a todos surpresos, afinal, como não ficar? A fortuna obtida pela família Ushijima não era pouca, ainda havia sua carreira profissional e bem sucedida como jogador profissional de vôlei. Aquilo tudo poderia ser uma simples brincadeira de criança para Wakatoshi.

— Muito bem, um lance de um milhão e meio. Dou-lhe uma, dou-lhe duas... — A moça enrolou, observando a confusão na face de cada um dos cavalheiros e damas, nenhum ousaria ir contra aquilo. — Vendido! — Bateu com o martelo de madeira no apoio do mesmo tipo três vezes.

Acima do palco, encontrava-se um Tendou perplexo. Não sabia o que fazer naquele momento, apenas sentia o peitoral subir e descer fortemente enquanto o coração pulsava de forma forte, poderia chegar a machucá-lo caso não estivesse tão absorto.

Isso não é real, não.

Não pode ser real.

É impossível.

Piscou os olhos, imóvel, encarando aquele rapaz encontrado em meio aos outros desacreditado. Os olhares se cruzaram, um arrepio correu por seu dorso quando o notou mesmo estando distante.

Ou será possível?

Estou sonhando.

Todo o barulho causado ao seu redor era neutralizado por si, apenas chegava em seus ouvidos um ruído indecifrável enquanto a voz de seus pensamentos gritava por si em serotonina pura. Voltou para a realidade quando um dos ajudantes pediu-o para descer pelo outro lado da escada de madeira para, então, poderem acessar a região encontrada por trás daquelas cortinas ridiculamente grandes. Wakatoshi também fora convocado e, agora, ambos seguiam para a mesma área, onde ocorreria o pagamento e, logo após, um encontro de trinta minutos contados para que pudessem conversar.

Satori estava caminhando no automático; o mirar travado no chão, os passos cautelosos – temia dar um passo em falso e ver aquele homem tão belo desistir de si – e as mãos trêmulas juntas em frente ao corpo bonito entregavam seu nervosismo, além da respiração tensa. Acompanhou silenciosamente o homem de nome ainda desconhecido por si, nem mesmo prestando atenção quando este fora entregando seus dados e fazendo o pagamento de acordo com o valor dado em um cheque. Ushijima queria apenas finalizar tudo o quanto antes para não ter dores de cabeça depois, já teria o suficiente quando acordasse pela manhã, sem sombra de dúvidas.

Uma vez que finalizado e comprovado, o pagamento fora aceito, logo aquele mesmo acompanhante de antes os encaminhou até um camarim vazio, com um grande sofá, duas poltronas e uma pequena tevê ali. Ao serem deixados a sós, o de fios vermelhos se sentiu ansioso e até pensou em caminhar até o sofá, mas seu corpo não o obedecia mais, estava travado ao lado da porta sem expressar o mínimo de reação. Notando aquele comportamento, Ushiwaka se permitiu aproximar a si mesmo do corpo mais baixo por questão de poucos centímetros, exitando um pouco para segurar a palma alheia, mas o fazendo mesmo assim.

— Você está bem? — Perguntou, inocentemente preocupado.

O toque caloroso acima dos dígitos gélidos causaram um choque térmico não exagerado em ambos corpos, o olhar surpreso do modelo seguiu até a face extremamente bonita do jogador, prendendo o olhar ao dele e se permitindo admirar por segundos longos, logo sentindo o rosto esquentar de vergonha e se afastou por impulso, se xingando mentalmente logo ao fazê-lo.

— E-estou bem sim, estou ótimo! E o senhor? — Perguntou, a voz trêmula por conta da vergonha e o gaguejar acabaram por arrancar um leve riso de Wakatoshi.

Enchères.Onde histórias criam vida. Descubra agora