No primeiro passo dado para dentro do camarim que lhe pertencia, não tentou conter as lágrimas que vinham em grande quantidade, manchando todo o rosto por conta do delineado. Não parou nem mesmo quando viu Atsumu e Risotta ali, estáticos, não sabendo bem o que fazer diante aquela situação.
Miya logo se apressou e abraçou o amigo fortemente, abrindo um grande sorriso em pura felicidade pelo Tendou, deixando este liberar todas as emoções sentidas e proporcionadas no momento que poderia ser dado como de extrema importância, tanto para o modelo, quando para a empresa em si.
As mãos delicadas correram até a peça superior utilizada pelo loiro, a agarrando em um aperto naquele abraço, recebendo um cafuné suave como resposta ao que as lágrimas gordas deslizavam com facilidade pela bochecha avermelhada do mais alto ali, o mesmo que sentia todo o corpo trêmulo e uma sensação dolorosa tomar seu peito mas, ao mesmo tempo, calorosa. O sorriso encontrado na face do mais baixo era imensurável, a alegria genuína que sentia por saber que o melhor amigo havia finalmente conquistado o que almejavam há anos e anos era preciosa demais, maior até mesmo das próprias sensações marcantes que lhe foram proporcionadas quando fora dado como o melhor modelo da equipe.
Os olhos de tons quentes foram levados até as orbes de tom Hazel, nenhuma palavra precisou ser pronunciada para que ambos abrissem um largo sorriso um para o outro e, com aquele simples ato, entenderem perfeitamente o que se passava em seus corações. Mais ao canto, fora forçada uma tosse seca.
Risotta precisaria ser rápido para dar continuidade ao próprio trabalho e era insensível o suficiente para não se importar com a cena tão afetuosa ocorrente em frente aos próprios olhos.
— Então, Satori. — A voz já desgastada soou, fazendo Atsumu sentir uma onda de ódio e nojo. — Nunca achei que isso fosse acontecer, principalmente de forma tão repentina. Sinceramente eu mal sei o que devo dizer agora, quero apenas parabenizá-lo e... — Ao que todo aquelas palavras falsas e forçadas eram pronunciadas dando início à um discurso, os garotos que antes se encontravam ao chão foram se erguendo, sendo forçados a ouvirem tudo aquilo. — [...] Enfim, aproveite o dia do encontro e o restante do mês livre. Tudo vai acontecer como se você estivesse trabalhando e você merece, fez um ótimo trabalho hoje. — Forçou um sorriso pequeno e deu dois tapinhas acima de seu ombro, se retirando da sala sem mais nem menos.
Quando a porta fora fechada, os amigos se entreolharam antes de sair na risada, nunca desfazendo aquele aperto e nem se dando conta de que ainda estavam grudados. Foram caminhando até o sofá de forma totalmente confortável, tendo um Tendou já descalço deitado sobre um Miya cansado. Ficaram quietos por poucos segundos, mas Tendou sabia que o amigo queria falar algo.
— Não sabe o que falar, né? — Questionou o ruivo, em um tom mais baixo, deixando o cansaço tomar conta do local qual a felicidade controlava. Iriam comemorar depois justamente porque, naquele momento, ambos estavam cansados. Poucas lágrimas ainda escorriam de ambas as faces, pelas bochechas gordinhas e inchadas, além de avermelhadas.
— Se eu te parabenizar, seria muito comum. — Respondeu. Os olhos quase se fechando e a respiração que se tranquilizava a cada segundo era uma prova de que o rapaz também estava sendo dominado pelo cansaço.
— Vamos logo pra casa. — Chamou, se sentando no colo alheio com a menor força de vontade existente. — Minhas pernas estão tremendo, vai ter que me levar no colo. — Alertou, arrancando um riso do alheio.
— Já avisei ao 'Samu, amanhã vamos comemorar esse marco juntos! — Soou alegre, tendo um pouco de esforço para erguer o próprio corpo junto com o do avermelhado.
De fato, deveriam estar muito felizes e sair por aí comemorando logo, mas ambas vidas não eram nada fáceis e precisavam de boas horas de sono e nada mais. Ao acordarem, precisariam de uma xícara quente de café ou achocolatado com biscoitos. Possuíam o mesmo gosto e boa parte das necessidades pessoais parecidas, isso contribuía demais para aquela amizade ser tão forte e ser tão duradoura; Miya e Tendou agradeciam por ter um ao outro.
› Ushijima's perspective.
Ao se distanciar e sair da área traseira do palco, passou pela multidão de olhares indecifráveis até os amigos quais já se encontravam de pé, prontos para partir. Estavam apenas aguardando o amigo, haviam até mesmo pago a conta e agora se mantinham no aguardo.
Assim que Wakatoshi se aproximou, atraindo a atenção dos dois, não os deu tempo para falar algo, apenas juntou os pertences em mãos e proferiu;
— O que é o "Onigiri Miya"? — Perguntou sem delongas, assustando brevemente os outros dois.
— Um restaurante que é quase uma lanchonete, consideravelmente. É um pouco longe. — Explicou Shinsuke, sem questionar. Conhecia bem o local.
— Por que quer saber? — Foi a vez de Kiyoomi perguntar enquanto os três seguiam até a saída do local.
— Irei me encontrar com Tendou amanhã lá, sete da noite. — Explicou, não dando muita importância.
— Você realmente marcou e pagou?! — As vozes de ambos soaram ao mesmo, surpresos.
— Por que eu não o faria...? — Questionou, agora confuso.
— Um milhão e meio, Wakatoshi! Gastou tudo isso por uma noite que você poderia ganhar de graça?! — Foi a vez da indignação de Sakusa fazer-se presente.
— Mas existe uma diferença e se eu não fizesse algo, continuariam humilhando ele. — Se defendeu, estando mais confuso ainda por não entender o motivo de toda aquela indignação.
O cacheado ficou quieto, ainda surpreso, e então cruzou os braços. Não citou uma palavra a mais, mesmo quando chegaram ao carro e o adentraram, apenas deu partida silenciosamente em direção à residência de cada um, respectivamente.
— Você fez o que sentiu que era certo, Ushijima, está tudo bem. Se você tem dinheiro, faça o que quiser com ele. — Kita o apoiou, dando de ombros em seguida.
Aquele silêncio comunal prevaleceu, mas de forma diferente naquele momento específico. A aura de Sakusa estava pesando o ambiente e o platinado sabia bem o motivo, mas o esverdeado, não. Deixou primeiro Ushijima na residência de sua família – que era onde o jogador costumava ficar durante as pausas dos treinos e jogos –, seguindo diretamente para a de Kita.
— Você sabe que deve superar esse sentimento, Kiyoomi. — Falou após minutos de silêncio. — E sabe também que o que você quer que aconteça, nunca irá acontecer.

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Enchères.
FanfictionOnde Wakatoshi encontra o amor em um leilão. © koutarobigtts, 2022.