Constrangidos

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Casaco, era tudo que eu precisava nesse momento

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Casaco, era tudo que eu precisava nesse momento. Avistei uma vitrine onde havia vários casacos, ali seria minha salvação, já que eu esqueci de colocar casaco em minha mala. Entrei na loja e vi Miguel experimentando uma luva de frio, Será que eu ia conseguir sair dali antes que ele me visse? Mas eu precisava comprar um casaco, talvez seja só eu ficar de costa, assim ele não vai perceber.

 Fui até a sessão dos casacos, olhei casaco por casaco e no fim acabei escolhendo três, um marrom, outro branco e não podia faltar o preto. Senti alguém me cutucar e torci para que não fosse quem eu imaginava.

— Sophie, o que faz aqui ? — perguntou Miguel assim que me virei.

— Comprando bosta de cavalo e você? — respondi e ele soltou uma risada.

— Que ignorância Sosoh — disse ele em tom de sarcasmo.

 Respirei fundo, estava tentando controlar minhas mãos para não acertar seu lindo rosto. Ele sabe o quanto eu odeio aquele apelido e odeio mais ainda quando ele é sarcástico. 

— Sabe o quanto odeio esse apelido — falei indo em direção ao caixa.

— Você gostava quando eu te chamava assim — desmentiu ele.

— Débito, por favor — falei para a moça do caixa, ignorando totalmente o que ele havia falado.

— Seja sincera, você amava quando eu te chamava de Sosoh — insistiu ele.

— Nunca amei de verdade, só fingi que gostava para agradar você. Na verdade, fiz muita coisa para agradar você e no final o esforço não valeu de nada — admiti, peguei meu cartão e a sacola.

 Sair da loja, meu coração estava acelerado, como se ele fosse sair pela boca e eu estava procurando ar, eu sentia minha mãos começar a tremer e meus olhos encherem de lágrimas. Esbarrei sem querer em alguém, quando levantei meu rosto vi que era Leon, ele me olhou preocupado e me puxou para uma rua onde havia poucas pessoas. 

— O que houve, pequena?— perguntou ele apreensivo, sua mão tocou delicadamente em meu rosto, tirando alguns fios que estavam em meu rosto. 

— Não foi nada, eu tô bem — ele não insistiu, apenas me puxou para um abraço e ficou passando a mão em meu cabelo.


— Chegamos, agora será que poderíamos andar de bicicleta, senhorita? — perguntou Leon.

 Eu e Leon, alugamos duas bicicletas para andar pelo parque de Vondelpark. Meu medo era ter desaprendido a andar de bicicleta e cair na frente de todos, até porque a última vez que eu andei de bicicleta eu ainda era um filhote e isso faz muito tempo.

— Se eu cair vai ser sua culpa — o avisei. 

— Já dizia aquela expressão popular "É como andar de bicicleta, a gente nunca esquece". É só você estar em constante movimento para manter o equilíbrio — explicou ele — Eu te ajudo.

  Ele encostou sua bicicleta junto com as outras bicicletas que havia ali, se aproximou de mim e segurou a bicicleta. Subi e saí pedalando, ele estava certo, a gente nunca esquece. Logo ele estava me acompanhando em sua bicicleta.

 A sensação de andar de bicicleta pelo parque é incrível, os ventos batem em meus cabelos, os passarinhos cantam, sem falar que a vista era linda de se ver, as pessoas conversando, outras fazendo piquenique e as crianças correndo felizes pelo parque. Aquela era praticamente a cena de um filme, e eu estava adorando participar daquela cena.

— Que incrível — suspirei, assim que sentamos na grama embaixo de uma árvore.

— Nunca vi um lago e um pôr do sol tão lindo — disse Leon, olhando para o lago à nossa frente. 

— Realmente, eu estou adorando estar aqui — falei e encostei minha cabeça em seu ombro.

— E olha que só estamos a três dias aqui, e ainda nem saímos direito — disse ele brincando com minha pulseira. 

— É, mas agora que já resolvemos tudo que tínhamos para resolver acho que vamos poder aproveitar melhor — falei.

— Sim, com certeza — disse ele e olhou seu relógio em seu pulso — ainda temos umas horinhas, só precisamos entregar a bicicleta às oito da noite e vai dar sete ainda.

 Ficamos ali apenas jogando conversa fora, não demorou muito para escurecer. Porém havia alguns postes de luz em alguns lugares do parque, fazendo com que assim não ficasse totalmente escuro.

— Bom, tá ficando frio, vamos ? — perguntou ele e eu assenti.

Pegamos nossas bicicletas e saímos andando, a pé, já que estávamos com medo de atropelar alguém no escuro. Comecei a ouvir coisas estranhas, mas pensei que era apenas coisa da minha cabeça, porém quanto mais andávamos mais esse barulho ficava alto, era como se fosse gemidos.

— Isso são gemidos ? — perguntou Leon, se segurando para não rir.

— Parece — respondi.

 Continuamos andando, até que avistamos um casal. Tentei acreditar que aquilo que nós estávamos vendo era coisa da nossa cabeça, mas não era. O casal nos olhou e acenou, e logo depois voltaram a transar. Olhei incrédula para Leon e ele apenas disse "segue andando" baixinho, saímos do parque e começamos a rir.

— Me diz que isso foi só um sonho maluco! — falei rindo.

— Eles ainda acenaram para nós — disse Leon rindo.

— Que horror, preferia não ter olhado.

— Pensei que meus olhos fossem sangrar.

 Eu estava chorando de rir, Leon estava que nem um pimentão vermelho de tanto rir e uma lágrima descia de seus olhos. Aquele momento ficaria marcado em nossa mente, com toda certeza. Isso foi tão constrangedor, mas tão engraçado ao mesmo tempo. Não via a hora de chegar em casa e contar para nossos amigos.

— Vondelpark, não venha de noite ou você vai se surpreender com os gritos que vai ouvir — disse Leon, rindo. 

— E eles nem ficaram com vergonha, será isso é normal aqui ? — perguntei e ele pegou seu celular.

— "As autoridades da cidade holandesa de Amsterdã liberaram sexo ao ar livre em um dos seus parques mais visitados: o Vondelpark. A permissão, no entanto, tem restrições: os casais só podem fazer sexo à noite e longe dos playgrounds, não são permitidos gritos e as camisinhas têm de ser jogadas nas lixeiras." — leu— Isso é o que o tio Google diz. Mas pelo visto aquele casal quebrou uma das restrições. 

— Meu Deus, eu não sabia disso! Devia ter olhado o Google antes — falei.

— Acontece — disse ele e voltou a rir.

Um aviso para quem for em Amsterdã, não frequente o parque Vondelpark á noite se você não quiser ver casais gemendo ou fazendo sexo, agora caso ao contrário, se quiser ver isso ou fazer sexo, vá. E o mais importante, não traga as crianças de noite, por favor!

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