way after death

The last pudding

The Last Pudding

Está chovendo, consigo sentir o cheiro de terra molhada, sinto a água escorrendo em meu rosto, fria e leve. Era como se estivesse dançando na chuva, escutando 'Fix You'. Eu mal sabia que a dona morte é quem estava a dançar neste dia; aquela sensação de estar sendo sugado pela chuva... Era única e surreal - acredito que tenha sido o melhor sentimento que ele pode sentir em toda sua vida.

Eu tinha o costume de contar para minha esposa sobre o conto das almas unidas, um conto que fez sentido à minha vida que antes era cheia e rica de amor e alegria. De fato, ela era incrível, possivelmente um sonho para tantos casais. Mas como todos os contos são de fadas e coisas que poderiam ser reais, o meu não foi tão diferente; ele foi real enquanto eu vivia aquele momento. Logo comecei a ver pelo lado de fora da minha própria vida. Eu estava tão feliz que seria pai que não pensei em possíveis tragédias, tão iludido com o amor perfeito sem erros e desastres, apenas as discussões que todo casal tem. Naquela hora que olhei para a ala de parto, senti como se estivesse apenas vendo outra pessoa viver o que eu apenas estava lendo; era como se eu fosse um leitor e o livro estivesse no fim. E ali era sim o fim, para mim e minha família que estava apenas no início de nossa história; uma pena... eu não era um bom escritor. O último parágrafo desse meu belo e angustiante conto foi quando o doutor veio e falou que fizeram tudo que puderam, mas a criança nasceu sem vida e minha mulher não resistiu ao parto. Segundos depois de minha filha nascer, ela perdeu a vida. O conto que costumava compartilhar com ela finalmente fez sentido.

Enquanto o céu caía sobre duas metades, cada metade com um amor diferente, intenso, emocionante e muito real, um beijo quente é entregue como se fosse a coisa mais importante de todo o caminho que traçaram. Cheio de alegria, e claro, bem molhado. Uma bela garota do campo com um valente guerreiro mas de bom coração, dançando em um campo cheio de sangue e flores. Eles abriam seus mais sinceros sentimentos com uma simples troca de olhar; eram almas feitas para viver ao lado uma da outra. O céu tocava em seus corpos; suas almas se uniam em uma só. O sentimento de amor era intenso. Com uma flecha, o guerreiro vitorioso perdia sua maior batalha; junto com metade de sua alma foi a vontade de viver. Nos seus braços, o guerreiro perdia sua maior vitória. Mas derrotado, ele continuou lutando, cego e sem sentimentos. Ele continuou vivo, pois seus ensinamentos não permitiam que ele tirasse a própria vida; apenas tomava a vida dos outros. Percebendo que ele havia já desfeito tantas almas gêmeas, ele larga sua espada e vai para o campo. No resto de sua vida, ele plantou flores, e para cada flor que nascia, ele ficava de joelhos diante de cada uma. Humildemente orava, dava seu cuidado e proteção. Em seu jardim havia mais de 5 mil flores e uma grande árvore. No seu último dia de vida, o guerreiro estava ajoelhado de frente para a árvore, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto; ele via sua falecida alma gêmea. Ela estava com armadura e coberta de sangue. O guerreiro então tirou sua vida com um galho atravessando seu pescoço.

No entanto, nem todos já viveram momentos assim. Muitos que vivenciaram já podem ter perdido a sua metade, assim como eu já perdi o meu grande amor, há 5 anos atrás. Minha metade, não só foi como levou consigo uma pequena parte do nosso amor, que poderia existir nesse mundo grande e cheio de erros.

? - Como isso foi acontecer?
? - Mantenha os olhos abertos!
? - Está conseguindo me ouvir?

Por que estão gritando? Nossa, estou tão exausto! Mas, curiosamente, meu coração está tão calmo, e eu não estou tentando acalmar-me. Não consigo sentir meu corpo; estou encharcado, mas a chuva não permite que eu abra meus olhos. Será que quebrei minha coluna? Já era um peso morto antes, agora que vou ser literalmente um peso ( sendo irônico ). Opa, calma lá, será que vou ser um morto! ( desesperado )