capítulo II - my heart is broken

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   Era uma vez um rei solitário, um reino arruinado e dois corações em pedaços.
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   Druig era rei. Isso ainda não fazia sentido para ele. Nada daquilo fazia.
   Seu pai estava doente há séculos e piorava a cada dia, mas porquê ele obrigava Ajak a usar seus poderes de cura nele frequentemente ele nunca estava fraco o bastante para morrer.
   Um dia, a Sacerdotisa se recusara a aliviar a doença. Eros ficou irado e se lançou contra ela, mas Apolo e Ártemis se colocaram entre os dois.
   "ENTÃO É ISSO!" gritava ele "VOCÊS FINALMENTE VAO SE VER LIVRES DE MIM! ERA ISSO O QUE QUERIAM, NÃO ERA?"
   Druig se lembrava do pai apontando o dedo para ele e dizendo que ele e Ajak estavam tramavam contra a Coroa. "Você e aquela vadia se voltaram contra mim como os covardes traidores que são e esses dois lobos malditos com certeza foram feitos para me matar.
Mas eu não vou deixar, você ouviu? VOCÊS OUVIRAM!" Ele bradava ensandecido pelo templo, blasfemando contra Arishem "VOCÊ, DEUS MALDITO ME TIROU MEUS PODERES E MINHA FORÇA MAS EU AINDA SOU O REI E NÃO DEIXAREI DE SER EM MUITO TEMPO, VOCÊ OUVIU?"
  Eros tentou bater no filho como costumava fazer, antes de Arishem lhe deixar doente, mas ele estava fraco demais, velho demais e corcunda demais para conseguir, muito diferente do homem que fora um dia. Druig só precisou dar um passo para trás e o velho caiu no chão. Os guardas pessoais de Eros – idiotas que ainda conseguiam ser leais ao tirano mesmo depois de tudo o que ele havia feito – o ajudaram a se levantar. E então a ameaça veio.
   Era a mesma de sempre e a única coisa que apavorava Druig e fazia com que ele não cortasse a garganta do pai ele mesmo e acabasse com todo o terror que ele vinha fazendo com o reino.
  "Você meu filho é um fraco" dizia ele apoiado nos homens leais dele e olhando para o príncipe com desgosto, a sua dignidade há muito deixada para trás "Com certeza é um castigo de Arishem para mim. Você não deve ter meu sangue, eu duvido muito disso. Eu no seu lugar já teria me matado há tempos, mas você não consegue, não é? Não enquanto eu puder ameaçar a vida de Thena."
   Eros ria e ria até se babar percebendo como afetava seu filho mais novo ao ameaçar a sua mãe.
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   Druig sempre soube que era um bastardo. Eros não fazia exatamente questão de esconder isso, nem mesmo do povo. Ele gostava que todos pensassem que seu filho mais novo não tinha valor.
   "Você é um bastardinho metido a besta com esses seus vira-latas" ele lhe disse no dia em que Apolo e Ártemis apareceram. E disse muitas coisas piores antes e depois disso.
   A única coisa que ninguém fora do Palácio sabia, e que Druig viria a descobrir apenas quando atingiu a maioridade era a identidade da sua mãe.
    Seu pai queria mante-lo solitário para que não tivesse aliados e não pudesse se voltar contra ele. Ele sabia que um dia o reino seria de Druig e que ele não seguiria seus passos, então fez o que pode para fazer dele um homem quebrado.
    Era seu aniversário de 18 anos. Eros lhe ordenou que fosse até a sala do trono. Druig, como sempre, teve que atender seus pedidos. Nessa época a segurança de sua – entao desconhecida – mãe não era ameaçada. Na verdade Druig ainda amava seu pai apesar de tudo, e fazia o que podia para ter a afeição dele. Então ele sempre o obedecia ao pé da letra. Até que as coisas mudaram.
   Quando chegou à sala do trono, Eros estava de pé, sorrindo de uma forma assustadora. Estavam ali com ele seus guardas pessoais, o conselheiro real e a falecida rainha Minerva, alta, serena e belíssima mesmo adoentada, com os seus longos e espessos cabelos castanhos. Quando o viu, o monarca abriu os braços e falou alto para todos na sala:
    "Aqui está ele! Meu filho mais novo, o Herdeiro do Trono de Olímpia".
    Druig não gostava de ter tantos olhos em si. Ele sentia o julgamento deles e também ouvia todos os seus pensamentos, até mesmo o mais sujo deles. Foi assim que ele descobriu, depois de muito treino, pelo menos uma centena de anos depois do dia que mudou o curso de sua vida, que a Sacerdotisa era uma rebelde. Foi assim que descobriu quem era a favor e quem era contra seu pai. Por causa desse poder, seu pai pode eliminar muitos inimigos e por causa desse poder ele sabia em quem podia ou não confiar. Ele não podia ler a mente de seu pai até que ele ficasse doente, mas sabia que ele não era alguém em quem pudesse confiar, mesmo que, por algum tempo, tentasse acreditar que sim.
    Ele continuou em silêncio, as mãos atrás das costas, como sempre, pois sabia que Eros era dado aos monólogos e não gostava quando lhe dirigiam a palavra sem que permitisse antes.
    "Hoje, meu querido filho se torna um homem. Ontem, era uma criança, um menino inocente e hoje é um adulto.
Por causa disso, pensei num presente especial de aniversário para você. Tenho certeza de que será do seu agrado saber quem é que te deu a parte fraca do seu sangue". Druig soube exatamente o que significava isso. Quando o rei disse aquelas palavras ele soube que sua mãe estava naquela sala e se sentiu apavorado. Ele esperava por esse momento desde que se entendia por gente e todas as vezes em que perguntava sobre ela e recebia uma surra. Com o tempo parou de procurar por ela, mas ali estava ela, tão perto e ao mesmo tempo tão longe dele. Ele gostaria de perguntar o que fez com que ela se escondesse, o porquê de ter lhe abandonado, mas deveria sempre ficar quieto e aceitar apenas o que era dito a ele. Eros gostava de espetáculos, ele não diria quem ela era se não pudesse humilha-la. Se não pudesse humilha-lo.
    "Tragam-na!" Eros disse e então os soldados trouxeram uma mulher loura, assustada e doente. Uma mulher a quem Druig conhecia muito bem e amava mais do que tudo. Ele olhou para a Rainha Minerva e viu lágrimas nos seus olhos. Sua mãe era simplesmente a mulher que havia iniciado o seu treinamento e que teve que se afastar por causa da sua doença. Sua mãe era ninguém mais, ninguém menos que a maior guerreira da história de Olímpia, a irmã gêmea da Rainha Minerva.
    Sua mãe era a sua querida Thena.
                                 •••
    Thena era a guerreira lendária de Olímpia. Ninguem sabia exatamente a sua idade, mas existiam infinitos poemas, textos, histórias e canções sobre ela. Ela era ágil, inteligente, forte e mortal. Ninguém era capaz de vence-la. Até o mad'wyry se manifestar.
    O mad'wyry – ou apenas mad – era uma doença mental que causava confusão e alucinações. A pessoa ficava fora de si, esquecia quem era e quem eram as pessoas em volta dela; Via coisas e ficava debilitada pelo resto da vida, com períodos de sanidade e períodos de loucura. Era uma doença comum em veteranos de guerra e não havia cura.
    Quando Thena manifestou o mad, o rei quis mata-la. Disse que ela havia se tornado um perigo à segurança do reino, mas sua irmã intercedeu por ela.
  Minerva era muito generosa e a única razão para o seu casamento com Eros era o poder de persuasão dele, que fazia com que todos fizessem o que ele quisesse quando quisesse; isso e o fato de ele ser o rei. Em Olímpia acreditava-se que o rei era escolhido por Arishem, e que a vontade dele era a vontade do próprio Arishem. Eles não sabiam que não isso não era verdade, mas Eros sabia e sabia muito bem como usar isso a seu favor. As duas eram muito diferentes e muito parecidas, as duas tinham olhos castanhos brilhantes, embora as cores de cabelo fossem diferentes; As duas tinham bochechas altas e traços marcantes, mas Minerva apenas era um pouco mais alta e tinha uma feição mais gentil. Ela não era uma guerreira como Thena. Era uma artesã, uma artista, uma diplomata, embora controlada pelo marido.
    Thena então passou a ter cuidados médicos especiais e foi afastada do campo de batalha. Isso partiu o seu coração em milhões de pedaços. Ela não era nada se não pudesse ser uma guerreira. Minerva passava todas as noites em que ela estava tomada pela doença ao lado dela, mesmo quando sua própria doença tomava seu corpo.
    Ela também tinha Gilgamesh ao lado dela. Eles haviam lutados inúmeras batalhas juntos e quando ela foi tomada pelo mad ele abandonou sua carreira militar para tomar conta dela. Pouco tempo depois, ele passou a tomar conta da cozinha do Palácio, posto concedido pela Rainha para que ele pudesse ficar mais próximo da esposa.
    Um dia Minerva estava acamada e não pode ir até os aposentos da irmã. Eros, se aproveitando disso e de que Gilgamesh estava muito ocupado, entrou no quarto de Thena, um tanto quanto bêbado e fingiu ser Gilgamesh. Thena não conseguia distinguir o que era real e o que não era e por isso, acreditou. Naquela noite, Arishem tirou os poderes do rei.
    Sete meses depois ela volta a sua consciência para descobrir que estava grávida e nove meses depois ela daria luz ao seu primeiro e único filho. Ela sabia desde que havia voltado a si que ele não era filho de seu marido. Ele nunca faria nada com ela fora de sua razão. Ela se lembrava de chorar por noites seguidas, Gilgamesh ao seu lado, sua irmã incapacitada de se levantar da cama. Ela não odiava a criança, mas ela odiava o pai dela e sabia que não poderia fazer nada contra ele pois se Arishem tinha o colocado no trono, apenas Arishem poderia tira-lo.
    Gilgamesh sentia o mesmo ódio. Eros era o homem mais desprezível que já havia pisado em Olímpia. Ele gostaria de fazer algo para vingar sua amada e o fez.
    Ele fez suas pesquisas e investigações e se juntou aos rebeldes. Descobria coisas sobre o reino, suas fraquezas, túneis aonde os revolucionários poderiam se esconder e onde poderiam atacar e passava as informações a eles. Eros ficava cada dia mais preocupado com o quanto eles sabiam, mas não havia nada que pudesse fazer, não sem os seus poderes. Ele inflingiu punições mais severas, torturas e condenações de morte, mas nunca descobria quem era o informante dos rebeldes. Quem era a maçã podre no seu cesto de frutas.
    Na noite em que Druig nasceu, Thena havia sonhado com ele. Arishem havia mandado a ela algo como uma profecia.
    No sonho ele era um herói, não um soldado de seu pai. No final do sonho o deus lhe dizia: "Levante-se, Thena, Guerreira Lendária de Olímpia, pois seu filho está destinado a salvar o seu povo". Ela o amou todos os dias todas as horas, todos os minutos e todos os segundos após o seu nascimento e quando ele fez 4 anos ela ficou encarregada de seu treinamento.
    No início pensou que Eros havia lhe dado essa tarefa para que ela pudesse ficar mais tempo com ele, que talvez sentisse um pouco de culpa, mas esse pensamento morreu rápido. Ele sabia que ela teria que ser dura e inflexível com ele e segundo as ordem que recebeu, não poderia dizer que era a sua mãe.
    Druig então, cresceu com Thena, mas sem saber quem ela realmente era. Ele a amava incondicionalmente, mesmo com as lições difíceis. Ela era brava, mas sempre deixava que ele a abraçasse no final das aulas. Ela e Gil sempre lhe davam abraços às escondidas. Seu pai não gostava que ele recebesse afeto, então o único amor que havia recebido era o deles.
    Sua madrasta era boa, mas era muito doente e teve pouco contato com ele nos seus períodos de saúde. Ele não sabia porque ela não gostava muito de interagir com ele mesmo que fosse gentil, mas depois que os lobos foram mandados por Arishem, ele começou a manifestar seus poderes, e o primeiro deles foi o de ler mentes e assim ele soube que ele lembrava muito o seu pai. E ela detestava o seu pai.
    Ele sabia muitas coisas sobre muitas pessoas, mas a Sacerdotisa, que era quem o ensinava a controlar os seus dons havia lhe dito para guardar a maior parte deles consigo, pois os pensamentos das pessoas só pertenciam a elas. Ele só poderia compartilhar caso alguém corresse perigo. E assim o fez, na maior parte do tempo.
    Um dia Minerva o chamou para conversar quando ele tinha 15 anos.
    "Espero que saiba que não odeio você" ela disse "Você é tão parte de mim quanto poderia ser. Você não entende isso agora, mas vai entender um dia. Eu amo você, mas há muita dor envolvendo o seu nascimento. É isso o que eu odeio."
   Finalmente ele pode entender o que Minerva quis dizer. Ele era parte dela porque era sobrinho dela, porque sua irmã gêmea era mãe dele. E quando se olharam, olhos nos olhos à distância, ela abriu sua mente para ele e ele viu o que ela sabia, o que Eros havia feito. A partir dali, ele odiava o seu pai. E o odiaria ainda mais depois do que ele diria a seguir:
    "Vê essa mulher completamente fora de si à sua frente? Essa que um dia foi a nossa maior guerreira e hoje não passa de uma coitada? Essa é a mulher que te deu à luz. É por isso que você é fraco e é por isso que a partir de agora, você não vai mais treinar com ela quando ela ficar sã novamente. Você vai treinar comigo no campo de batalha, vai fazer o que eu disser para fazer sem questionar, ou então eu a mato. Mato a ela e o seu querido Gilgamesh".
    Ele não disse nada, depois de tanto tempo tinha se tornado tão quieto quanto um rato e o vento nas folhas das árvores eram capazes de fazer mais barulho do que ele. Ele apenas sentiu ódio tomando conta de seu corpo.
    Como Druig não havia percebido antes que Thena, a mulher que lhe ensinou tudo o que ele sabia e que cuidou de seus machucados era sua mãe? Como não tinha percebido antes como seu pai era nojento e perverso? Como ele podia dizer aquelas coisas com tanta tranquilidade? Ele correu até onde estava Thena, que estava choramingando, encolhida entre os guardas, sem saber aonde estava e o que estava fazendo. Gilgamesh não foi convidado para o "espetáculo", assim não podia estar ali e Minerva estava muito fraca para andar sozinha, e ela só andava quando Eros dava a ordem à sua serva. Druig a abraçou forte e tinha lágrimas nos olhos quando prometeu:  
    "Ninguém nunca mais vai fazer mal a você. Eu vou te proteger com a minha vida". E druig sempre cumpria as suas promessas.
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  Olímpia estava em guerra desde que Eros assumira o Trono e havia ficado pior depois da morte da amada Rainha Minerva. Ela lutara contra uma doença que ninguém conseguia identificar o que era e que a deixava fraca. Ela não conseguia comer ou dormir e vivia apenas por causa dos cuidados de Ajak, a Grande Sacerdotisa.
    Druig sabia o que era. Minerva e Ajak também.
    Eros vinha a envenenando aos poucos desde que enxergou o quanto o povo a estimava por sua diplomacia e gentileza. Ela intercedia por eles publicamente e concedia liberdade aos presos políticos sempre que podia. Ele tinha medo do poder que ela tinha contra ele e decidiu mata-la de uma forma que não ficasse óbvia aos olhos do reino.
    Eros era sedento por sangue e poder. Ele era autoritário e sem escrúpulos e Druig foi seu "fiel" soldado até o dia em que – finalmente – deixou de respirar.
    Druig queria mudar isso. Queria dar ao povo pagamentos justos e terras. Queria poder dar paz a eles. Mas o falecido rei começara muitas guerras enquanto estava vivo e elas não tinham terminado. Nem as guerras externas e muito menos as guerras internas.
    Ele precisava ganhar a confiança dos seus súditos, mas ele ainda não sabia como, depois de tudo o que ele havia feito. Ele havia matado pessoas, torturado pessoas, entregado pessoas inocentes a seu pai. Eles não sabiam que a vida de sua mãe estava em jogo, mas no fim, o que importa mesmo não são as intenções e sim as ações.
    Ele sabia que havia muito trabalho a ser feito, mas não desistiria sem tentar.
    O povo o chamava de A fera por um motivo além de Apolo e Ártemis e ele iria fazer o que pudesse para mudar isso. Ele seria um rei diferente do que o seu pai havia sido. Ele queria seria melhor e queria ser justo. Queria ser um homem respeitável e um rei benevolente, ele só não sabia muito bem como fazer isso. Mas ele tinha em quem se apoiar e seu sofrimento um dia valeria a pena.
    "Senhor? Está na hora."
    Druig estava no salão do trono. O povo lá embaixo no pátio gigantesco do castelo esperava o seu pronunciamento. Muitos gritavam contra ele e os soldados não sabiam o que fazer. Eros diria para prenderem e matarem se fosse preciso, mas Druig não era Eros e eles não tinham nenhuma ordem específica.
    Druig abriu as portas da sacada para falar com o seu povo.
    Lá embaixo, de armadura e armada, Makkari pensava o que aconteceria se uma flecha atravessasse a cabeça dele.
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    BOA NOITE LINDOS, LINDAS E LINDES QUE ESTÃO ACOMPANHANDO A MINHA HISTÓRIA.
    Eu tô muito feliz pela resposta que eu tive no primeiro capítulo, de verdade, eu não esperava isso, mas aqui estou eu    e aqui estão vocês.
    Eu espero que esse capítulo esteja do agrado de vocês, eu tentei deixar tudo o mais coerente possível e o mais longo e detalhado possível. Eu percebi que não consegui descrever bem os sentimentos dos personagens, mas prometo que vou melhorar confrmorme escrevo mais. Eu eu sou nova nessa coisa de escrever histórias, desculpem.
     Ainda não sei bem como usar o wattpad, mas tô aprendendo, então de novo, peço paciência.
     O próximo capítulo vai ser como esse, mas sobre a Makkari e SIM, essa é uma daquelas enemies to lovers onde o homem tá no lovers quando a gata tá no enemieskkkkkk.
     Enfim, é isso, obrigada de verdade por chegarem até o final e até a próxima quinta.

a bela e a fera - drukkari's versionOnde histórias criam vida. Descubra agora