CAPÍTULO 04

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Nestha estava parada enrolada na toalha em frente ao espelho acima da pia do banheiro

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Nestha estava parada enrolada na toalha em frente ao espelho acima da pia do banheiro. Já era noite e sua mente ainda não havia lhe dado nenhum descanso. Algumas gotas de água escorriam de seus cabelos, pingando nos ombros, no chão, nos seus pés, outras desciam na lateral do rosto e pelos braços.

Ela nem estava concentrada o suficiente para observar os traços finos de seu rosto, ou a exaustão nos olhos acinzentados, também não via a postura rígida e tensa de seu corpo. A mente dela estava tão alta que fixou o olhar em um ponto, quando na verdade não estava vendo nada. 

Nada, a não ser uma decepção consigo mesma, como pôde ter tanto medo de ser como a própria mãe e acabou sendo muito pior, ela não teve nem coragem de ficar. Pelo menos sua mãe estava lá.

E ela? Ela não aguentou sequer um dia. O medo de falhar era tão grande, o medo de causar dor as outras pessoas era tão avassalador, a certeza que não merecia nada daquilo era tão forte, que sequer tentou. 

Isso a estava matando. Todos os dias. Durante os oito anos. A realização de que sequer tentou ficar, tentou ser melhor, nem tentou merecer o amor deles.

Sua mãe ao menos ficou, lhe ensinou a pentear os cabelos, como se comportar, como ser o exemplo de excelência. Seu pai pelo menos esteve lá, pode ter sido como um fantasma, pode não ter lutado pela família deles, mas estava lá. Estava lá para dizer que a amava, quando ela menos merecia qualquer amor.

Uma gota mais gelada escorreu pelo colo e desceu no vão de seus seios, a sensação fria a tirou dos pensamentos. Nestha piscou forte e balançou a cabeça, pegou outra toalha e começou a tirar o excesso de água dos cabelos, a certeza de que precisava mudar aquela situação crescia cada vez mais.

Se antes de chegar a Velaris já tinha uma pequena vontade de tentar concertar seus erros, agora que a conheceu, agora que sabia seu nome, ela tinha certeza que tinha que lutar por aquela garotinha. Lutar pelos oito anos que perdeu fugindo.

Ela colocou um roupa e regulou a respiração, começou a preparar alguma coisa para comer e pegou o telefone, precisava retornar a ligação das meninas e pedir para que elas viessem. Precisava do apoio, sabia que seria difícil, e gostaria muito que elas conhecessem Ava.

- Ela ainda está viva, Gwyn - foi a primeira coisa que Emerie disse assim que o rosto apareceu na tela do telefone.

- Por muito pouco - Nestha pode escutar a voz alta da outra amiga.

- Oi, Ems - se senta na cadeira e tira o cabelo do rosto.

- Como foi? - Gwyn aparece meio ofegante e com as bochechas rosas - O ringue é bonito? Trataram você bem? Você viu... - faz um movimento com a mão e levanta os ombros -... você sabe...

Nestha respirou fundo e continuou com toda a coragem que reuniu depois do banho.

- Ela se chama Ava - disse devagar, testando a sensação de falar o nome dela, tocou os pés de posição e passou um braço pela barriga - ela faz patinação artística, tem cabelos como os meus e falta dois dentes na frente - a última frase trouxe um ar de sorriso para ela.

AFTERGLOW| AU NESSIANOnde histórias criam vida. Descubra agora