- Você não pode simplesmente sumir do mapa depois do que aconteceu! Todos acharam que você tinha feito alguma besteira. Kaeya eu passei semanas te procurando em hospitais e necrotérios, seu filho da puta!
A voz da mulher era trêmula do outro lado da linha, denunciando seu choro mal controlado. O moreno não queria ter preocupado os amigos, mas precisava de um tempo sozinho para pensar, depois do acidente.
- Sinto muito, Rosa.
- "sente muito"? Sente muito o caralho, Alberich! Eu ficava acordada toda noite olhando para o celular, com medo de receber uma ligação de alguém que achou seu corpo. Você tem noção do susto que nos deu? O Venti quase infartou por sua causa.
Embora fosse dramática, Kaeya sabia que a amiga estava sim muito preocupada consigo. Eram melhores amigos desde o fundamental, o trio inseparável de Mond. O combo que os professores temiam estar em suas turmas, Kaeya, Rosaria e Venti( apelidados carinhosamente pela diretora da época de "equipe Rocket").
E outra, Venti podia fazer papel de durão e desapegado, mas a verdade é que era um garoto muito carinhoso, carente e emotivo. Então Kaeya sentiu um aperto de culpa no peito ao ouvir sobre o amigo.
- Eu precisava de um tempo. Não é nada com vocês e sabe disso.
- Kae, olha... Eu sei que nada do que eu, ou qualquer outra pessoa, disser vai mudar o que você pensa, mas a culpa não foi sua.
- Se eu tivesse prestado mais atenção na estrada...
- Kaeya não repita mais isso! Não foi sua culpa a morte do Diluc, por favor, para o seu próprio bem, ponha isso na sua cabeça.
Mesmo que todos falassem a mesma coisa, ele nunca se perdoaria. Havia perdido a pessoa que amava por pura imprudência.
Deveria ter sido ele, e não Diluc a morrer naquela maldita noite chuvosa. Mas os deuses adoram brincar com os humanos, e Kaeya agora tinha uma cicatriz permanente em sua alma e em seu rosto.
O acidente quase o fez perder o olho direito, que agora ardia e coçava por conta do processo de cicatrização.- *suspiro* me passe seu endereço. Eu e Venti precisamos de você, Kae. Nunca mais desapareça dessa forma. Você sempre pode contar conosco. Só por favor...- a voz de Rosaria ficou presa na garganta. Ela sabia que mais uma palavra e as lágrimas rolariam novamente.
- Ok. Ainda tenho alguns dias antes de voltar ao trabalho. Posso aturar vocês até lá. E diga para Venti trazer meu vinho Diona.
Com um "huhum" baixo, Rosaria se despediu e encerou a ligação. Kaeya fez como pedido e enviou seu endereço para a amiga por mensagem.
Kaeya não queria companhia, mas sabendo que não teria opção, resolveu aproveitar seus últimos dias de solidão.
Pegando o maço de cigarros que estava sobre a mesinha de centro da sala, Alberich se dirigiu até a varanda.A noite estava fria e, por conta do tecido fino de sua roupa, os pelos de seu corpo se eriçaram, passando uma sensação gostosa de abraço gélido que, ele gostava de fantasiar sendo Diluc o abraçando.
Após alguns segundos observando a vista, Kaeya acendeu e deu uma longa tragada, soltando a fumaça vagarosamente em seguida, vendo o véu branco que se formava criar diversas imagens em sua mente.
Kaeya estava cansado psicologicamente, fisicamente, mentalmente, e todos os "mente" que você fosse capaz de pensar.
Ele se via novamente sem uma família. Por mais que seu sogro, Crepus, tenha tentado uma reaproximação, o moreno não se sentia confortável ou digno da compaixão daquele bondoso homem, que nunca o culpou pela morte do único filho. O que fazia a culpa de Kaeya triplicar.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor à segunda vista
FanficEm uma noite qualquer em sua casa, Albedo acaba conhecendo o jovem homem de beleza intrigante e, qual não foi sua surpresa ao descobrir que esse mesmo homem era seu novo chefe.