Cheguei pontualmente no trabalho e, duas horas depois, ainda espero um sinal de internet.
Fiquei tão mergulhada no mundo de fantasia dos outros que esta semana nem lavei o meu cabelo.
Meu desespero por uma distração vem dessa necessidade de não refletir muito sobre as coisas.
Eu não quero pensar no rumo que minha vida está tomando. Não quero olhar em volta e ver as provas da minha solidão.
Então eu viajo para o mundo fantástico de outra autora. Não consigo achar mais dentro de mim aquela capacidade de criar um cenário pessoal e original. Ando sentindo que todos meus personagens estão mortos.
Eu não sou ousada o bastante para continuar criando. Criando livros, criando esperanças. Ando esgotada desse tipo de criatividade. Por isso, minhas forças estão no trabalho, o que torna ficar sem internet mais irritante.
Sempre aconselho que ninguém deve fazer do seu trabalho a sua vida. É fácil demais levar uma rasteira do mercado. Mas foi isso que me sobrou, faça o que eu digo, não o que faço.
Talvez eu encontre outro caminho para criar. Enquanto isso, vou procurando o que possa uma esperança me emprestar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Embaroçoso
Non-FictionCrônicas de um coração solitário, com tendências de desabafo nas madrugadas e dificuldade de retenção de lágrimas.