Eu cheguei aos 27 e recebi uma carta do passado. Escrevi no meio do ano mais sem esperança da minha vida. Mas é por isso que eu amo escrever, as palavras gravadas resistem ao tempo.
Na minha falta de esperança, ainda dá para ler uma fagulhazinha de fé. A Ana do passado já sabia que a eu de agora ia insistir, ia continuar lutando. Não existe outro caminho.
E, sinceramente, as coisas estão tão diferentes. Tantos aspectos estão melhores que estar mais próxima dos 30 não dá mais tanto medo. Claro, ainda tem aqueles sonhos que eu guardo em uma caixinha que parecem que nunca irão se realizar, mas tudo bem.
Tudo bem se o que eu planejei para minha vida ficar só no campo da imaginação. A realidade não é só feita de momentos ruins, mesmo quando parece que é sim. Tive muitos momentos bons, mais do que bons nos últimos meses.
Talvez eu esteja aprendendo a navegar no meio das tempestades. Sempre tem algum problema para resolver, mas acho que isso é maturidade. Com o tempo a gente muda e a aprende que tudo bem nem sempre vencer.
O mês já está quase acabando, mas eu queria escrever um pouco sobre isso. Sobre como foi fazer aniversário enquanto eu viajava no tempo, desafiando o fuso horário dentro do avião. Queria dizer que alguns dos sonhos da caixinha se realizaram finalmente.
Eu pisei o mar, eu vi montanhas de outro país, eu estou lendo no terceiro idioma. Talvez um dia eu chegue naquele clichê final feliz, mas se não, tenho vivido uma boa vida. Mais do que eu mereço, além do que eu sempre espero, as coisas acontecem de forma satisfatória, às vezes, mesmo no meio das tempestades.
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Embaroçoso
Non-FictionCrônicas de um coração solitário, com tendências de desabafo nas madrugadas e dificuldade de retenção de lágrimas.