Segunda, 23 de janeiro

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Atipicamente as ruas têm transbordado constantemente. Parece que agora todos os anos começam alagados e foi a nossa vez de ver casas mais leves que o vento.

Voltei ao centro com expectativas de demissão, mas cortaram os gastos em outra ponta. Eu ainda preciso organizar em frases completas essa existência na contramão, um dia, quando eu voltar a dizer a verdade.

Porém, as palavras me falham quando a tragédia encara meus amigos de frente. Já aprendemos que a vida não é aquele conto dos vencedores, pelo contrário. Há uma profunda consciência de que precisamos conviver com as derrotas diárias.

Isso cria aquela expectativa, sonho, esperança, de ao menos uma vida tranquila, longa e pacífica. A questão é que a gente nunca sabe se esse tecido fino, cuidadosamente montado, irá ser cortado.

O que ainda me segura na beira da desesperança é o sonho da eternidade. Essa crença elevadora de que um dia a gente não vai mais precisar sentir saudades. 

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