CAP. 34: Ajuda

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Lena Luthor

A aula estava um saco, apesar de gostar de estudar, sociologia nunca foi o meu forte, por esse motivo minhas notas em tal matéria eram no máximo oito. Dei graças a Rao que já estavam no final do ano letivo, semana que vem começariam as provas e daqui a um mês e meio vamos nos formar, dando adeus a escola, confesso que não sei se estou totalmente preparada. O professor anunciou que teríamos que fazer uma atividade avaliativa em grupo, e como sempre, me juntei com meus amigos nessa jornada.

- Não acredito que em pleno final do ano esse homem manda a gente fazer uma atividade avaliativa! - Sara bufou, juntando a cadeira pra que ficasse mais próxima de nossos grupo. - Alguém tem uma barrinha de cereal aí?

- Nós acabamos de voltar do intervalo! - Nia estranhou, abrindo a bolsa.

- E o que que tem? - Lance franziu as sombrancelhas, estendendo a mão.

- Ainda está com fome? - Oliver questionou vendo a loira abrir o saquinho entre nós.

- Eu tô sempre com fome. - confessou.

- Enfim, eu tava pensando na gente fazer tipo no centro da folha... - Maggie começou a explicar sobre como começariamos a fazer nossa atividade, mas minha cabeça estava longe, focada apenas em Kara. A loira não dera uma palavra desde que chegou hoje, eu pensei ter sido sobre quando fomos ao cinema, mas aquilo já faz duas semanas e ela negou com convicção alegando que não era. - Agrh, que merda!

- Senhorita Saywer, sabe que o uso do celular é proibido em minhas aulas. - o homem falou, em frente a lousa.

- Sei, me desculpe! - ela desligou o aparelho, o colocando novamente no bolso. - Era o meu pai, não aguento mais, ele tá me ligando a um tempão querendo se desculpar. - virou os olhos. - Pensasse nisso antes de me expulsar de casa.

Estudei Kara, a garota estava levemente pálida, as mãos tremiam mas ela fazia de tudo pra que ninguém notasse, colocando as mesmas no bolso de seu moletom ou as esfregando uma na outra. Danvers parecia está com a cabeça longe, pensando ou até lembrando de algo importante, olhei discretamente por debaixo da mesa e pude ver uma de suas pernas balançar em um ritmo repentino.

- Kara... - tentei protestar mas ela me interrompeu.

- Eu preciso ir! - a loira se levantou depressa e saiu da sala.

- O que houve? - Barry fez a pergunta que se passava na mente de todo mundo naquele momento.

- Eu acho que sei o que é! - peguei minha garrafa d'água e me levantei também, indo atrás dela o mais rápido possível.

Apesar de ter corrido, não consegui alcança-la no corredor, somente depois de muito procurá-la, foi que eu me lembrei do lugar em que ela estava da última vez que aconteceu. Corri até a área verde - onde o time de futebol treinava - e a avistei apoiando as mãos na arquibancada, sua cabeça estava abaixada e ela continuara em pé.

- Amor! - a chamei, mas assim que ela ouviu o som de minha voz, pareceu sentir receio.

- Lena, sai daqui! - sussurou, rapidamente limpando as lágrimas que insistiam em sair de seus olhos.

- Tome água! - inguinorei totalmente seu pedido, não deixaria que ela passasse por nada sozinha. - Vai te fazer bem, acredite.

Ela sem hesitar pegou a garrafa da minha mão e bebeu dois longos goles, trazendo-me certo alívio já que não a vi beber água desde que chegou.

- N-não consigo, não consigo! - ela limpou a boca com a mão, completamente angustiada quando me entregou a garrafa. - Eu pensei que estava bem, eu estava bem, mas que droga é essa? Que merda de angústia é essa no meu peito que não passa nunca?

- Isso se chama gatilho, Kara! - me aproximei, deixando o objeto no chão e levando minhas mãos até seus ombros. - Mesmo você alegando com convicção que tava bem, no fundo algo me dizia que não era verdade, ninguém ficaria depois de tudo que aconteceu, o que não consigo entender é porque não me disse nada!

- Não queria preocupar você, ou minha família Lena! - ela soluçou. - Já estam abaladas o suficiente, eu seria só mais um problema com que se preocupar.

- Não diga isso! - senti meu nariz começar a coçar, indicando que em breve uma lágrima escorreria de meu olho. - Por favor, não diga isso Kara, não é verdade, você jamais seria um problema, muito pelo contrário, sempre que precisar de ajuda pode nos falar, você sabe disso.

A loira tremia tanto que chegou a me assustar um pouco, já que nunca tinha a visto naquele estado, nem mesmo da última vez em que vinhemos pra cá. Fiquei na ponta dos pés e a abracei fortemente, ela angustiada em busca de se livrar o quanto antes daquela angústia, retribuiu.

- Tá tudo bem! - sussurei, ainda com o corpo colado ao seu. - Eu tô aqui com você e jamais vou sair do seu lado!

- Não consigo me acalmar, não dá, não dá! - ela voltou a chorar descontroladamente quando se soltou de mim segundos depois. Kara passava a mão pelos cabelos indicando nevorsismo, por mais que ela quizesse muito, algo estava a bloqueando de voltar ao normal.

Então tomei uma atitude na qual eu me arrependeria ou agradeceria internamente por ter feito isso pelo resto da minha vida.

Levantei o corpo de Kara que estava inclinado pra frente e a beijei em um celinho demorado. O gosto salgado de suas lágrimas invadiram minha boca assim que toquei seus lábios, todos os músculos de seu corpo relaxarem com o ato, a loira levou as mãos até minha cintura, as apertando com força, causando-me um certo arrepio na coluna, minhas duas mãos agora estavam em casa lado de seu rosto, fazendo um carinho leve e calmo. Com o passar dos segundos, senti-a se acalmar, e os tremores de seu corpo se encerraram. Encarei ela por alguns instantes até a loira quebrar o silêncio.

- Como fez isso? - se referiu ao fato dela estar completamente calma.

- Eu... - engoli em seco. - Eu li uma vez que prender a respiração pode parar uma crise de pânico! Então...quando eu te beijei...você prendeu a respiração.

- Prendi!? - ela sorriu fraco.

- É, prendeu! - baixei o olhar. - Kara, eu não queria ter sido invasiva em um momento tão delicado pra você, mas eu vi que você já tava em pânico e pensei que... - ela me calou, desta vez beijando-me.

Apertei os músculos de seu braço enquanto sentia sua língua invadir minha boca completamente, sempre que nos beijavamos, pra mim era como se fosse a primeira vez, e eu jamais me cansaria dessa sensação.

- Pensou certo. - ela sussurou, com a testa colada na minha. - Foi uma decisão inteligente Lee, obrigada!

- Não está brava? - sequei as lágrimas de seu rosto.

- Não. - ela negou levemente com a cabeça. - Você foi a única que conseguiu me ajudar com isso durante anos Lena, nem mesmo minha família ou meu melhor amigo conseguiram, como é que eu poderia sentir raiva de você? - ela levou meu cabelo pra trás da orelha. - Is breá liom tú, Lena Luthor!
Eu te amo, Lena Luthor!

Sorri boba ao escutá-la falar meu idioma natal.

- Kara Danvers falando irlandês é sinceramente a coisa mais linda que eu já vi na vida! - confessei, sem conseguir tirar o sorriso do rosto. - Como sabe disso?

- Andei treinando! - deu de ombros rindo nasal.

- Hum, então yo te amo, Kara Danvers!
Eu te amo, Kara Danvers!

Ela abriu a boca em surpresa ao me ouvir citar seu primeiro idioma e então falei:

- Também andei treinando! - pisquei o olho e beijei-a novamente, desta vez em um celinho rápido. Caminhamos lado a lado até a arquibancada e a loira deitou a cabeça no meu colo, ficamos falando frases que aprendemos no idioma nativo uma da outra, chegou a ser muito engraçado pra ambas já que as duas erravam a maioria das palavras.

O sinal tocou e tivemos que sair dali, encarei ela com um sorriso que já respondiam tudo por si só e segurei em sua mão, voltando pra sala.

MY ENEMY | KARLENAOnde histórias criam vida. Descubra agora