Capítulo 33 - O jogo Pt1 ( Predador e presa )

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Sinto uma gota de suor descer de minha testa até meu queixo. Sim, suor. Não sinto calor, mas meu corpo ainda desidrata. O garoto ao meu lado também parece nervoso, afinal, está na mesma situação que eu. A não ser pelo fato da mãe dele ser uma louca piscicótica que o está levando para uma possível morte, sem nem mesmo hesitar.
Depois que os aplausos cessaram. O Homem-dragão anunciou o primeiro jogo:

- Começaremos de leve, para aquecer. - Ele começa, a voz grossa. - Em exatos cinco minutos, esse campo virará uma enorme floresta densa. A prova de hoje é "predador e presa". - Ele sorri, cínico. - Obviamente, vocês começarão como presa. Diversos tipos de predadores, místicos ou não, caçarão vocês até a morte. A não ser que matem o que os caça. As presas terão um círculo como marca em seu pulso. - Olho para os meus no exato momento que o elemental fala. Lá, um pequeno círculo preto todo preenchido ocupa espaço em meus pulsos. Olho, furtivamente, e percebo que Nicholas tem a mesma marca. - Não se preocupem, assim que o jogo acabar, as marcas sumirão. Os predadores terão um triângulo como marca, o único jeito de vencer o jogo, é se tornando predador. A marca de Triângulo rapidamente irá para seu pulso assim que matarem os predadores. Isso se não saírem mortos. - Ele diz, suave. - Desejo uma boa sorte. - Ele, enfim, finaliza.

A plateia enlouquece, e esperam ansiosamente pelo fim dos 5 minutos. Olho para meu pai, lanço-lhe um olhar tranquilizador. Mesmo que seja o completo oposto do que sinto agora. Ele me encara com melancolia. E então diz com os lábios:

"Não desista"

Eu afirmo com a cabeça, e entrego um sorriso fraco, porém sincero.

Repentinamente o ambiente muda completamente. Não ouço mais o barulho da plateia. Tudo que meus ouvidos captam no momento são cantos de pássaro e barulhos de primatas. Observo todas as árvores e arbustos ao meu redor, são tantas árvores que não dá nem para ver o céu.
Olho para o lado, na esperança de encontrar o príncipe, mas ele não está aqui. Não dá nem tempo de eu ficar nervosa, um ruído leve de algo se arrastando pelas folhas me chama atenção. Agilmente, meus olhos procuram algo que eu possa usar como arma. Folhas e madeira são tudo que vejo. Merda.
Me sinto, e estou, completamente vulnerável. Ainda estou procurando algo para me defender, quando uma dor aguda me atinge a perna. Um enorme guepardo preto me pressiona contra o chão. Grito, mas é em vão. O animal desfere arranhões por todo meu corpo. Apenas sinto minha pele ficando mais e mais dolorida. Tento me afastar, me arrastar para trás para que possa correr. Embora não faça muito sentido tentar correr de um felino, mas o corpo do animal é muito pesado. O guepardo aproxima o fucinho do meu rosto, consigo ver, entre seus olhos, uma marca de triângulo. Vejo tudo em câmera lenta, sua boca se abre e a saliva vem diretamente em meu rosto, quase vomito com o nojo. Quando seus dentes afiados estão prontos para dilacerar minha carne, imediatamente faço a única coisa que se passa pela minha cabeça, enfio meus dedões em seus olhos, usando toda a força que há em mim. Sangue jorra por toda parte, manchando meus trajes brancos.
A fera desliza a cabeça de um lado para o outro, na tentativa de tirar meus dedos de seus olhos, mas eu só aperto ainda mais forte. Até que, finalmente, ele sai de cima de mim e começa e rugir. Suas patas tentam desesperadamente tirar minhas mãos dali. Quando consigo me levantar, ainda com os dedos em sua carne, lhe desfiro um chute na garganta e começo a correr.
Ouço o resmungo de choro do animal, logo depois ele ruge novamente. Continuo correndo, mesmo sem saber para onde. Meus olhos avistam pedras, um pedaço de madeira e cipós pendurados do tronco. Pego todos os ingredientes, e subo em uma pedra alta que havia por ali, esperando ficar inalcansável pelo bicho quando ele me encontrasse.
Minhas mãos, mesmo tremendo, enrolam a pedra afiada ao pedaço de madeira com o cipó. Me certifico de dar três nós de escoteiro, para que fique firme. Ouço mais um rugido, dessa vez mais perto. Não demora muito até que eu consiga ver a figura preta e enorme a minha frente. Ele começa a pular e tentar arranhar a pedra em que me encontro. Mas permaneço no mesmo lugar. Direciono minha mais nova arma em seu rosto. Limpo o sangue e a saliva de meus olhos.
Estou sem minha força, sem meus poderes. Não estou forte o suficiente para enfiar essa arma na enorme fera. Mas espero que o peso do meu corpo seja suficiente. O animal com duas patas apoiadas no chão, e as outras duas na pedra, tentando de tudo para me pegar, começa a rugir de novo. Era isso que eu queria. Ainda um pouco hesitante, dou um pulo na direção do guepardo, seguro a arma com a mão direita e posiciono a lança mirando no fundo de sua garganta. Quando caio no chão, ao lado do animal, meu plano havia funcionado. O guepardo, agora, se encontra deitado no chão com apenas a ponta da madeira da minha lança sendo possível ser vista da boca do bicho. O resto, provavelmente atravessou cada órgão.
Me sinto orgulhosa e assustada, ao mesmo tempo. Tento controlar minha respiração ofegante, e ajeito meus cabelos para atrás da orelha. Vou para a frente do animal, visão terrível. Mas eu precisava recuperar minha arma. Puxo com toda força aquela lança de dentro do animal. Mas de nada funciona. Está muito fundo. Droga. Me sinto vulnerável novamente. Um barulho nas folhas me alerta mais uma vez.
Corro para atrás de uma árvore, não muito longe de onde eu havia matado o animal. O barulho continua. Cerro meus punhos, evito qualquer piscar de olhos. Repentinamente, algo esbarra em minhas costas. Viro rapidamente, sem nem mesmo ver o que era, dou um chute no joelho e a coisa cai no chão.

A Crise dos Reinos ( Vol; 1 ) *CONCLUÍDO*Onde histórias criam vida. Descubra agora