Academia das Estrelas e os Cinco Invencíveis

Monstros do passado

Tudo ao redor de Simon era vertido em ruínas, fogo, morte e destruição. Era uma visão horrível, digna de pesadelos. Ele se encontrava ali no meio, vendo os humanos fugirem enquanto diversos monstros os perseguiam, os matavam, aterrorizavam e faziam questão de dar gargalhadas enquanto o faziam. O Sublime estava paralisado, incapaz de ajudar aquelas pessoas, afinal, não era uma decisão tão simples quanto ajudar os inocentes.

_ Você sabe quem é, Cronos...

Ele treme ao ouvir aquela voz ancestral vindo das profundezas do Tártaro, uma voz ao mesmo tempo, tão familiar quanto era aterrorizante, tão poderosa que deveria ter ecoado por diversos continentes como a explosão do mais potente vulcão do mundo. Bem longe dele, o Sublime, aterrorizado e atônito, presencia uma montanha imensa sendo despedaçada, e de lá de dentro, saindo uma figura monstruosa, com fogo nos olhos. Humano da cintura para cima, porém logo tentáculos enormes surgem, revelando ser a parte inferior de seu corpo. Milhares de serpentes estavam no lugar de seus braços, e quando ele abre as asas, estas eram tão grandes que bloqueiam quase toda a luz do sol, trazendo imensa escuridão para todo o ambiente. Ele olha para Simon, que chorava de desespero, e logo solta um grito tão potente que sente a própria garganta sendo rasgada pelo esforço.

_ Simon! - ele acorda, suado, cheio de lágrimas nos olhos, respirando ofegante enquanto Carlos parecia ainda mais preocupado ao seu lado. - Céus... Você me assustou.

Ele se senta na cama, ainda respirando fundo. Carlos sabia como o namorado não gostava de falar sobre seus pesadelos, afinal, tinha tantos séculos, milênios de vida, que eram muitas coisas que o assombravam, mas ao ponto de vê-lo desesperado daquela forma, geralmente era uma coisa só.

_ Eu... Acho que sonhei com o meu pai...

_ Imaginei. Quer me contar como foi?

_ Mesma coisa de sempre... Destruindo coisas, querendo que eu fosse mais como meus irmãos, me ameaçando... Eu... Eu não aguento mais isso...

_ Você é forte, Si... Já enfrentamos ele uma vez, o que você tanto teme?

_ Justamente... Ele não estava lá aquela vez, era uma mera projeção de uma fração do seu poder. Ele está aprisionado no Tártarto... Mas está querendo sair, e agora parece que está mais forte... Se ele conseguir, duvido que possamos ser capazes de fazer qualquer coisa.

_ Você pode. Foi atingido pela estrela duas vezes, deve ser mais poderoso que todos os deuses antigos.

_ Ha, quem dera... Ter tanto poder e ser incapaz de usá-lo cem por cento. Muito conveniente.

O telepata olha para sua própria mão, pensativo, e apesar dele ser quem lia mentes, Carlos sabia o que estava pensando, e logo segura a mão do moreno, dando um beijo na mesma.

_ Você não é um monstro, amor. 

_ Mas... Tifão e Equidna são pais de todos os monstros... São meus pais.

_ Bem, eles são pais de todos os monstros... E De Simon Cronos Mohawk, o deus do tempo.

O moreno sorriu, todo sem graça enquanto ajeitava os fios de cabelos molhados pelo suor. Antes de ser afetado pelo meteoro na detenção junto dos amigos, Simon já tinha dádivas por conta dos pais. Não nascera monstruoso como os irmãos, ou não totalmente, mas aprendeu magia com Melinoe, a deusa dos fantasmas, e passou a esconder sua forma monstruosa com uma pele humana. Seu poder era o de enxergar e controlar levemente os fluxos dos rios do tempo e das possibilidades. Se você lhe dissesse estar prestes a tomar um copo de refrigerante, ele veria todas as possibilidades desse evento ocorrer e todas as consequências em fração de segundos. Foi chamado de deus do tempo, Cronos, e até mesmo Oráculo de Delfos, visto que Apolo foi um de seus muitos romances... Divindade esta a quem Carlos lembrava bastante fisicamente. Agora, se Simon somente estava com Carlos pela sua semelhança com o deus do sol, nem ele saberia responder com exatidão.