♤ Espadas Afiadas e Corações Partidos ♡

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O que leva uma pessoa ao desespero? Um desespero tão grande que a chega a fazê-la falar inúmeras vezes que seria capaz de qualquer coisa para ter o que deseja... Qualquer coisa. Cada pessoa tem o seu limite, até mesmo Kenji, um homem tão sábio, inteligente e calmo, que esconde embaixo de todo esse título de líder dos Cinco Invencíveis, de "diretor" da Academia das Estrelas, de professor e herói excepcional, um rapaz tenaz e determinado, mesmo que sua determinação às vezes seja voltada para os objetivos errados.

Após derrotar o robô gigante do Doutor Bugiganga, a primeira coisa que fez ao chegar na Academia, foi trancar-se em seu quarto, tirar a camisa, e suspirar, fazendo sair fumaça de sua boca. Ele estava suando, mais do que o normal para a temperatura que estava naquele ambiente. Era algo que apesar de acontecer muitas vezes, Kenji nunca se acostumaria cem por cento com a sensação, e menos ainda com o que viria à seguir.

Ele andava de forma meio cambaleante até a beirada de sua cama, onde ele deixava uma katana ali, como ornamento, mas que ele também empunhava com maestria em combate. Ao pegar a lâmina, ele entra dentro de seu banheiro, com paredes isolantes de som, ajoelha-se no chão e, com as mãos trêmulas, rapidamente tira a katana da bainha e enfia a mesma em seu peito, soltando um grito estridente de dor com o ato. Na ponta da katana, que atravessara seu corpo, estava seu coração, vermelho, em chamas, soltando fumaça. Ele caiu de lado no chão gelado do banheiro, aliviado pela dor ter passado, e logo, retira a espada de seu peito, fazendo o coração cair no chão. Ele havia se posicionado bem, sempre se posicionava, pois estavam embaixo do chuveiro. Ele, com sua telecinese, ligou o chuveiro, fazendo a água gelada cair sobre si e seu coração, que nem pingava sangue de tão quente que estava, assumindo um aspecto meio seco.

Embaixo da água, com o peito aberto, ele ouve a risada daquela mulher, aquela risada que ele nunca ia se esquecer. "Temos um acordo...?" ela disse, antes de apertar a mão do japonês e o fazer sentir todo aquele poder fluir por suas veias, não só a telecinese que beirava a perfeição em poder, mas também sua pirocinese, tão intensa, que ele podia fazer coisas incríveis como voar usando asas de fogo, o que lhe rendeu o codinome Pássaro de Fogo dado por Miriam, que ele na verdade não gostava tanto, pois isso o lembrava daquela mulher.

Todo acordo tem um preço, e o de Kenji, era que ele deveria lavar seu coração pelo menos duas vezes por mês, se não ele ficaria tão quente que o queimaria de dentro pra fora. Ele ficou confuso quando ouviu aquelas palavras, até riu achando a ideia engraçada, mas quando seu coração começou a queimar e ele sentiu isso, entrou em pânico. Ele bebia água, mergulhava em gelo, e nada, continuava quente. A dor era tanta que ele pensou em suicídio enfiando sua katana no peito, mas, para sua surpresa, ele continuou consciente depois da imensa dor, o peito aberto, e o coração seco e fervendo na outra ponta da katana. Ele o lavou, ele voltou a bater, e quando colocou de volta em seu peito, foi como se nada tivesse acontecido. Kenji teria que passar por aquilo mais vezes, ele sabia disso. E a dor era insuportável, mas entre derreter de dentro pra fora e fincar uma lâmina no peito, a segunda opção era a menos mortal, por incrível que pareça.

Nos momentos que ele ficava ali deitado, com o peito aberto, tomando água na cara, e ouvindo seu coração batendo sozinho ao sei lado uma vez que este já estava resfriado, ele pensava demais na vida, se tudo aquilo valia a pena mesmo, todo aquele poder em troca daquela dor que ele tinha que repetir diversas vezes para evitar uma dor ainda maior. Kenji se sentia cansado. Mas uma vez que ele colocava o coração no peito e as feridas se fechavam, ele sentia todo aquele poder e se esquecia da dor, das coisas ruins. Era sempre assim, e daquela vez não foi diferente. Ele pegou o coração com a mão livre e se levantou, com os cabelos vermelhos pingando água e cobrindo levemente seu rosto, ele andou até na frente do espelho, vendo a abertura que a espada fez em seu peito e suspirou.

Academia das Estrelas e os Cinco InvencíveisWhere stories live. Discover now