Capítulo 2

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  No momento que passamos pelo arco de mármore branco que tinha na entrada da vila, Daphne começou a me arrastar em direção à floricultura. Era uma construção muito bonita, um chalé de uma madeira clara cheio de trepadeiras dos mais variados tipos, enormes variedades de vasos com plantas e buques de flores coloridas, uma placa pendurada na porta que dizia “Sejam Bem Vindos a Flores e Botões” e luzinhas com um brilho amarelado enfeitavam o lado de fora. Daphne pegou um buque de um tipo de flor que eu não conhecia e me mostrou:

   - Não são lindas? Essas se chamam “tulipas”, tem um campo cheio delas perto da minha casa!

   - Nunca tinha ouvido falar dessas antes. – eu disse com um sorriso – Você quer que eu as compre?

   - Mas você acabou de me conhecer! Eu não vou deixar você gastar seu ouro só porque eu falei de uma flor. – ela disse decidida.

   - Mas você vai ser uma hóspede na minha casa, então eu preciso fazer com que sua estadia seja a mais confortável o possível. Lei de elfo. – eu disse essa última frase levantando levemente a mão.

   Peguei o buque de tulipas das mãos de Daphne e me dirigi para dentro do estabelecimento. Uma ninfa idosa chamada Lydia, que estava sentada atrás do balcão, se levantou ao ouvir o barulho que o sino fez no momento em que entrei na loja.

   - No que posso ajudá-las? – Lydia disse em uma voz gentil para mim e Daphne.

   - Gostaria de comprar esse buque de tulipas para ela. – eu disse mostrando o buque que segurava.

   - Ah sim! Belas flores para outra bela flor! Você tirou a sorte grande Aubree. – ela disse, com certa empolgação.

   - Ah não! Nós não somos um casal. Na verdade ela estava perdida na floresta e vai ficar na minha casa até poder voltar para casa. - pude sentir meu rosto esquentando enquanto falava.

   - Que pena, vocês formariam um belo casal. Mas vamos voltar aos negócios. As tulipas custam duas moedas já que são mais raras nessa região. – disse como se nada tivesse acontecido.

   Olhei para Daphne e vi que não estava prestando atenção na conversa, e sim admirando os Bonsais que estavam em uma prateleira. Suspirei de alívio e entreguei as moedas para Lydia.

   - Obrigada pela compra! Tenham um bom dia! – disse enquanto saíamos da loja.

   Eu entreguei as flores para Daphne e ofereci para mostrar a cidade a ela, que, por sua ver, aceitou sem pensar duas vezes.

  ~~

  Andamos por algumas das ruas que eu considerava as mais bonitas ou com as histórias mais interessantes. Eu falava com paixão sobre as histórias de cada uma das casas e construções (como quando a padaria era uma base rebelde contra a monarquia ou quando uma gangue de gatos invadiu a livraria) e Daphne me ouvia com calma e atenção, fazendo perguntas vez ou outra.

   Depois de um tempo eu a levei até a praça central da cidade, que era rodeada por belas construções (lojas e restaurantes) de pedra e madeira e com uma arquitetura antiga, mas também dava acesso a mais impressionante e importante construção da cidade: a prefeitura. Era um lindo prédio de mármore branco; dois andares; com um domo de vidro, que possuía inúmeras esculturas dentro, no topo de seu telhado; grandes janelas com vitrais ilustrando a natureza em cima de cada uma delas; uma grande porta de madeira ladeada por belas colunas de mármore. Era realmente de tirar o fôlego, e o sol melhorava ainda mais, já que parecia que o prédio tinha brilho próprio.

   Eu poderia ter ficado horas explicando sobre a prefeitura, mas, no momento que ia começar, alguém começou a tocar uma música animada no violino e diversas pessoas se juntaram para dançar no meio da praça, incluindo Daphne.

   Eu fiquei por um tempo apenas observando ela dançar, seus movimentos delicados e sua leveza a fazia parecer que estava flutuando. Seus olhos encontraram os meus e ela veio em minha direção.

   - Poderia me conceder essa dança? – Daphne disse fazendo uma reverência enquanto estendia sua mão.

   - Com toda certeza. – eu disse aceitando sua mão e também fazendo uma reverência.

   Ela me puxou para o centro da praça e começamos a dançar no ritmo da música. Rodopiávamos pelo chão de paralelepípedos, parecia que não existia ninguém a nossa volta, era apenas eu, Daphne e a música. Íamos de um lado para o outro, rodando uma a outra, o vento batendo em nossos cabelos e o sol em nossos olhos, dançávamos e dançávamos, nada nos fazia parar. Dançamos até nossos pés não aguentarem nossos pesos, e mais um pouco. Ríamos e dançávamos, era como se a música fosse um encanto e estivéssemos caído nele.

   Dançamos até a música parar completamente e estávamos cansadas demais para continuar.

   - Isso foi incrível! – ela disse – Não sabia que você era uma dançarina tão boa!

   - Eu também não! – eu disse rindo – Acho que deveríamos ir para casa agora, está ficando tarde e eu duvido que tenhamos energia para continuar a andar pela vila.

   - Realmente. Para que lado fica sua casa?

O Lado Belo da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora