Você não está sozinha.

48 3 3
                                    

Robby afastou o rosto surpreso, o estômago havia se apertado de tal forma que ele sentiu doer, o coração, ele tinha certeza, parou de bater por um milésimo de segundo, junto com a capacidade dele de respirar, e de falar. Por longos segundos os olhos de Robby se prenderam no rosto de Sam, passeando dos olhos para a boca dela, enquanto a Larusso franzira a testa e piscava várias vezes, confusa, abrindo a boca levemente para respirar por ali, a exemplo de Robby que sentia como se não houvesse ar suficiente ao redor dele.

- O que você está fazendo?

Ele sussurrou com a voz grave, e não por querer evitar que os outros passageiros do elevador os ouvissem, mas porque estava tão próximo dela que não via sentido em falar mais alto.

Sam puxou o ar pela boca tentando encher os pulmões, como se no ar estivesse toda a força dela para responder à pergunta dele. Mas não estava, e ela apenas fechou a boca e engoliu em seco.

Ao mesmo tempo os dois respiraram fundo, o peito subindo e descendo, pressionando mais os corpos deles um no outro.

- Sexto andar.

Disse um dos tipos latinos, pelo menos umas três vezes até que Robby conseguisse ouvir, segurando a porta do elevador e olhando para trás, desviando o olhar rapidamente ao notar que o casal se abraçou mais forte, com a menina agora deitando a cabeça no peito do rapaz que passou os braços ao redor dos ombros dela, protetor.

- Ah. Não, esse não é o nosso andar.

Robby enfim respondeu, olhando por sobre os ombros para os outros dois, sem os encarar.

Os outros dois se entreolharam franzindo a testa.

- Se vocês não vão para o sexto andar, por que apertaram ...

- Nós não apertamos. Deve ter sido outro hóspede, sei lá. Nós estávamos de saída e então ....Ela me puxou para...Bom, vocês devem ter visto.

Apertando os olhos agora um para o outro e então se virando para olhar para as costas do rapaz que de jeito nenhum se virava para encarar eles, os dois tipos largaram a porta e se prostraram de novo dentro do elevador, as mãos para frente do corpo, numa posição de guarda, uma expressão sisuda no rosto enquanto observavam a porta do elevador se fechar.

Robby respirou fundo, tenso, ele sabia que agora eles pareciam mais suspeitos que nunca. Sam respirava em seu peito, as mãos apoiadas um pouco mais abaixo, sobre o abdomen. Mordendo o lábio inferior, ele deixou a mente viajar, pensando no beijo que Sam acabara de dar. Ele suspirou. Ela provavelmente estava brincando com ele, ou apenas tem o péssimo costume de beijar ex-namorados em situações tensas.

O barulho do elevador se abrindo o despertou do seu devaneio e ele prendeu a respiração esperando que os outros tipos saíssem. Mas eles não saíram. Robby franziu a testa.

Uma olhada de rabo de olho por cima do ombro permitiu que ele notasse que os outros tipos se mantinham inertes ali. Ele não conseguiu ver porém qual botão de andar tinham apertado, ou se tinham apertando algum. Será que estavam seguindo Sam ou até mesmo o próprio Robby? Ou só estavam desconfiados deles dois?

Enquanto Robby pensava em todas as hipóteses possíveis, mordendo o lábio inferior, conflitivo, Sam ergueu um olhar preocupado para ele, as sobrancelhas quase juntas se erguendo rapidamente em um movimento que exigia resposta.

Robby puxou o ar ainda abraçando ela pelos ombros, ele desceu o olhar para a boca dela. Talvez...talvez o beijo dela tivesse sido fruto de uma ideia brilhante, não de um desejo. Ele mesmo tinha dito para ela segundos antes que as pessoas ficam desconfortáveis quando viam outros se beijando. Robby suspirou considerando a hipótese de ela ter apenas beijado ele para evitar olhares de estranhos. "Se for apenas para distrair os outros...", os olhos dele subiram dos lábios dela e se fixaram nos olhos azuis límpidos de Sam, as pupilas já dilatadas, como se tivesse conseguido ouvir os pensamentos dele.

Meu coração é seu. - Uma Samrobby canonverse auOnde histórias criam vida. Descubra agora