Emily Osíris
Onze anos atrás...
Às vezes, o senhor Verlac frequentava a nossa casa. Eu gostava de quando ele vinha nos visitar, durante as tardes amenas de domingo.
O grande amigo do meu pai e também meu padrinho, sempre trazia inúmeros presentes para mim e para o meu irmão, Max, e a única coisa que pedia de nós, era que o deixássemos sozinho com a mamãe por um curto momento.Max nunca gostou de se afastar completamente, ele dizia que o homem loiro poderia fazer algo ruim com a nossa mãe, então nós ficávamos atrás da porta, o vigiando.
Mas ele nunca fez nada de ruim.
Na verdade, eles não trocavam nenhuma palavra sequer e mamãe nem ao menos o encarava, enquanto o homem que parecia tão cruel, a olhava com tamanha admiração e devoção, ela se mantinha imóvel, o ignorando.
Todas as vezes de que me lembro, o senhor Verlac colocava a mão dentro de sua jaqueta de couro, as tatuagens nas costas de sua mão se tornando mais evidentes enquanto ele envolvia o pequeno embrulho dourado de presente e colocava-o em cima da mesinha de centro.
Ele não costumava ficar muito mais depois que entregava nossos presentes, nosso pai não gostava que tivesse outros homens em casa, e ficaria muito irritado se soubesse das visitas do senhor Verlac.Era o segredo de todos nós.
Max e eu gostávamos muito dos seus presentes para dizer qualquer coisa e a minha mãe... às vezes, parecia que ela não estava conectada no mundo que nós. Seus olhos verdes se fixavam nas paredes, perdendo um pouco de brilho que os cobria e ela permanecia assim durante horas.Max e eu o observamos partir após mais aquela visita fracassads, seus fios platinados, tão brancos que o fazia parecer alguma espécie de príncipe do gelo, se agitavam com o vento suave da noite de outono. Eu o achava um homem muito bonito, mas a mamãe gostava mais do papai.
Era por isso que o homem ia embora. Mamãe sempre escolhia o papai.
Mamãe se retirou da sala de visitas, dizendo que iria preparar um lanche para nós na cozinha. Max me lançou um breve olhar, antes desconfiança navegando pelo azul de seus olhos.
-- Eu vou com ela. -- Disse. -- Vá terminar seu dever de casa.
Revirei meus olhos, pois mesmo que Max tivesse apenas 10 anos de idade e eu quase nove. Ele teimava em achar que poderia mandar em mim como se fosse meu pai.
Seus olhos azuis s estreitaram e eu percebi que ele esperava por uma resposta malcriada minha. Foram suas sobrancelhas franzidas e seu curto olhar de tédio, que me fizeram guardar minha malcriação para mais tarde.Max se foi, seguindo os rastros do vestido branco da minha mãe. Sabia que o papai tinha mandado o meu irmão vigiar a nossa mãe enquanto estivesse fora, mas eu não entendia porque. Podia ver o quanto os olhos azuis do meu pai brilhavam ao vê-la, e como ela sorria sozinha quando ele não podia ver. Eles se amavam.
Então, por que não havia confiança?
Meu olhar se desviou para o embrulho dourado, abandonado sobre a mesa. Minhas mãos formigaram, enquanto eu olhava pelo cômodo vazio, me assegurando de que estava sozinha.
Como em todas as outras vezes, eu o peguei para mim, antes que mamãe jogasse fora para que papai não visse. O abri, empolgada, mesmo que já soubesse o que era.Eram sempre os meus presentes, e eu já tinha uma coleção deles. Balancei o objeto na frente dos meus olhos, vendo a neve e os brilhos se agitarem dentro da pequena esfera de vidro. Sorri, ao ver as pessoinhas em suas cadeiras de praia, usando roupas de banho, pegando sol embaixo do coqueiro.
Califórnia.
Era um dos que faltava.
Girei o pequeno globo, vendo a mesma gravação em dourado que os outros tinham na base do objeto.
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Tentação Profana
RomanceQuando era pequena, Emily Osíris gostava de brincar com as palavras que encontrava nos livros que sua mãe colecionava. A doce menina passava horas e horas perdida na biblioteca de sua casa, uma grande construção de pedra, erguida apenas para manter...