Emily Osíris...
Seis anos atrás...
A noite do incêndio.-- Você ainda deixa que ele te machuque, não é? -- Sussurro, ao me sentar ao lado de Thomas na escada da varanda. -- Não entendo porque ainda não o matou, isso seria fácil para você.
Meu primo não olha para mim. Sua atenção permanece focada entre as árvores altas que rodeiam a minha casa. A baixa iluminação da varanda desce pela sua face, revelando apenas o contorno de seu nariz, os lábios grossos e as sobrancelhas escuras. Seus olhos são um mistério para mim, mas não é como se isso me fizesse desistir de tentar enxergá-los.
Seus braços estão cruzados sobre seus joelhos apoiados no degrau abaixo do que estamos sentados. A camiseta branca que eu notei estar um pouco manchada de graxa quando ele chegou, cai perfeitamente sobre o seu corpo musculoso, revelando seus braços e a tensão em suas mãos cerradas.
Olho para trás, vendo a porta de entrada entreaberta e uma pequena fresta de luz amarela escapando para a nossa escuridão. Posso escutar as vozes baixas de nossos pais ao conversarem na mesa de jantar, mas a não ser por esse detalhe, nós poderíamos estar sozinhos nesse lugar.
Nossos pais estavam lá dentro, provavelmente, rindo e fingindo felicidade. Eles eram falsos. Era essa a diferença entre eles, sentados atrás de suas mesas de ouro, repleta de seus crimes, e nós dois.
As vezes, pensar desse jeito era a única coisa que me fazia dormir a noite. A ideia de que mesmo que Thomas e eu fôssemos nojentos, com nossa relação incestuosa, nunca seríamos como eles.Era uma ilusão que eu contava a mim mesma.
Eu podia sentir as mentiras que me corrompiam, todas as vezes que manipulava alguém. Meu tio tinha razão, eu sou uma Osíris. Ele me fez uma Osíris.
Só não fazia sentido o porquê de Thomas não ser desse jeito.
Ele era o único que não se parecia com meu pai e meu tio.
Apoiei minha mão na madeira do piso, passando meus dedos pela poeira acumulada pelas frestas das ripas, enquanto pensava sobre todas as questões idiotas que regem minha família de merda.
Lentamente, girei meu corpo novamente para frente, mas não sem antes olhar mais uma vez para a lateral do rosto do meu primo. Eu nunca cansaria de olhá-lo, e duvidava que um dia meu estômago parasse de vibrar apenas com o mínimo sinal de sua presença.
Era difícil constatar, depois de tantos anos, o que eu mais amava em Thomas. Haviam muitas coisas em sua aparência e personalidade que fizeram eu me tornar obcecada no meu próprio primo. Eu não podia negar que ele era bonito, era impossível não reparar em todos os olhares femininos que sua aparência sugava quando ele pisava em qualquer ambiente. Mas não era por isso que eu sabia que ele era lindo.
Não...
Eu percebi que Thomas era...UAU, quando as palavras começaram a parecerem complicadas demais para sair da minha boca.
Nos jantares de família ou em qualquer lugar, ele me cercava e o ar parecia se tornar mais quente. Minhas bochechas ardiam e eu inspirava fundo, em uma tola tentativa de sentir o cheiro de graxa e sabonete que emanava de suas roupas.Eu não lembro direito de tudo da minha infância, mas mesmo na minha memória mais antiga, ele estava lá.
Thomas sempre esteve na minha cabeça.
Sempre.
Eu respirei fundo, escondendo a risada que teimava em sair dos meus lábios.
Era ridículo.
Depois de algum tempo apreciando a noite sem estrelas e a calmaria que apenas a presença de Thomas me garantia, eu ouvi de seus lábios a resposta para a minha pergunta:
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Tentação Profana
RomanceQuando era pequena, Emily Osíris gostava de brincar com as palavras que encontrava nos livros que sua mãe colecionava. A doce menina passava horas e horas perdida na biblioteca de sua casa, uma grande construção de pedra, erguida apenas para manter...