Taquicardia, fortes palpitações, tremores, aumento da temperatura corporal. Estes eram alguns dos sintomas que Cheryl sentia naquele momento e que a remetiam diretamente à época em que sofria de crises constantes de ataque de pânico.
"Se acalme. Se acalme. Está tudo bem. Você vai ficar bem. Eu vou ficar bem."
O homem à sua frente a encarava com um sorriso dúbio nos lábios, e que causava múltiplos sentimentos negativos nela: raiva, ódio, repulsa e tantos outros.
"Não é possível que ele saiba sobre o meu relacionamento com Toni, nem que seja capaz de me chantagear com isso." Sim, Nicholas era capaz disso e de muito mais. A ruiva estava completamente errada em sua linha de pensamento.
- Nós sempre fomos amigos, sempre conversamos sobre…quase tudo, acompanhávamos um ao outro nos eventos e…não negue, tínhamos um affair. Mas, de uns tempos para cá, comecei a notar uma grande mudança de comportamento em você. E eu ficava me perguntando…por que Cheryl está tão fria, distante, arredia? Por que ela não é a mesma comigo? Quando você negou o meu anel na frente de todos é que comecei a juntar as peças. Não deu outra! As minhas suspeitas se confirmaram. A culpa disso tudo é daquela sapatona filha da mãe!
- Não ouse falar assim da Toni! - Cheryl ergueu a destra para desferir um tapa em seu rosto, mas Nicholas a impediu, segurando firme em seu pulso.
Os olhos da ruiva fulminavam de ódio, seu peito arfava à cada segundo mais. A sua vontade real era de avançar contra aquele infeliz e esganálo, e talvez ela só não o fez, pois em medidas de força, St. Clair levava vantagem.
- Não ouse você a me desafiar. Sua reação me deu ainda mais provas de que as duas mantêm um relacionamento às escondidas. Era para você ser minha namorada, minha noiva, minha esposa, mas aquela lésbica dos infernos te roubou de mim. Você sempre soube que eu te amava. Por que me rejeitou? Por que preferiu aquela mulher à mim? Ela não tem nada para lhe oferecer. Eu sim, tenho nome, status, dinheiro e amor, claro.
- Amor? Desde quando me ama?
- Desde sempre.
- Pois se me amasse mesmo, saberia que já tenho nome, status, dinheiro e o principal, amor-próprio. Não preciso e nem nunca vou precisar de mais do que isso. E você se engana em achar que Toni não tem nada a me oferecer. Ela fez muito mais por mim em meses, do que você em anos.
- É mesmo? Sua comandante é tão especial assim? Que ótimo! Parabéns para ela! - Seu tom de deboche e as palmas enervaram ainda mais a ruiva - Pois eu não vou permitir que cometa essa atrocidade, esse absurdo. Você é uma mulher teimosa, tão petulante quanto aquelazinha. Talvez por isso se deram tão bem. E é por esse motivo que estou tomando essa atitude drástica. Ou você acaba com esse namorico adolescente e assume o nosso relacionamento diante de todos amanhã na coletiva de imprensa, ou eu conto para todo o mundo que você não é a candidata que diz ser. Vai querer mesmo jogar fora o seu futuro na política? Vai querer ser motivo de chacota? Vai manchar a imagem e o nome que o seu pai demorou anos e anos para construir? Uma quantia exorbitante gasta na sua campanha para nada. Os dedos apontando para o seu pai, crucificando-o por ter uma filha mentirosa, lésbica, que não preza pela moral como diz prezar…O que acha que a população quer ver? Uma presidente ao lado de um homem importante, também de renome, ou ao lado de uma segurança lésbica? Pense nisso. Pense muito bem nisso. - Ainda sorrindo sarcasticamente, Nicholas aproximou-se para beijar Cheryl, mas esta novamente se esquivou - Nos vemos amanhã, meu amor.
Gargalhando, Nicholas saiu do recinto, deixando a ruiva para trás paralizada, atônita, sem saber o que fazer. Seu mundo havia acabado de ruir e ela nem ao menos conseguia reagir.
Sem perceber, em questão de poucos minutos, Cheryl tinha sido arrastada pela decisão que deveria tomar e pelas expectativas em relação à sua escolha. Dependendo do caminho pelo qual se enveredasse, a filha do presidente perderia a sua identidade, deixaria de ser quem realmente era, e viveria acreditando naquilo que as pessoas pensariam que fosse. Nicholas havia conseguido fazê-la perder o poder de decisão com aquela chantagem baixa, vil, que tocava em pontos sensíveis da ruiva: seu pai e sua namorada. Cheryl tinha medo de errar, porque se errasse, o que iriam pensar dela? E como isso iria afetar a sua segurança emocional e a dos demais?
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The president's daughter - choni
RomantikUm paradoxo que alguém possa se sentir solitária apesar de ter uma vida cheia de atividades, destinos e tarefas. Infelizmente, essa é a realidade para muitas pessoas, inclusive para Cheryl Blossom. Sendo a filha do presidente dos Estados Unidos da A...